Publicado 03/04/2023 05:00 | Atualizado 23/07/2024 14:57
O Estado do Rio tem papel de destaque na expansão da Azul Linhas Aéreas. Com a ampliação do número de voos da Ponte Aérea — a nona rota mais movimentada do mundo —, a companhia busca conquistar uma fatia maior do mercado. Com os novos horários disponíveis, são 52 voos diários ligando os aeroportos Santos Dumont e de Jacarepaguá a Congonhas.
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O CEO da Azul, John Rodgerson, explica que as operações nos aeroportos do Rio favorecem um dos pilares da empresa: a conectividade. A partir do Santos Dumont, o passageiro pode viajar para 155 cidades brasileiras e seis do exterior em voos diretos ou com conexões.
“A Ponte Aérea é uma rota com perfil de viagem corporativa. Mas o passageiro que viaja a negócios durante a semana é o mesmo que vai viajar com a família nas férias ou em um feriado prolongado. A ampliação dos voos entre Congonhas e o Santos Dumont nos dá a oportunidade de mostrar a qualidade dos nossos serviços a um número maior de pessoas. O Rio de Janeiro é um dos nossos principais mercados. Queremos ser mais uma opção para o carioca e o turista”, destaca o CEO.
Um dos trunfos da empresa na briga pelo mercado carioca é a rota Jacarepaguá-Congonhas, que atende principalmente os passageiros que moram ou se hospedam na região da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes. Operando desde outubro passado, a ligação entre a Zona Oeste carioca e a capital paulista tem 186 decolagens por mês. Os clientes podem ainda voar de Jacarepaguá para Jundiaí, no interior de São Paulo.
Para Rodgerson, a operação em Jacarepaguá reforça a aposta da companhia no mercado carioca, oferecendo uma nova opção para o passageiro “que ganha conectividade, rapidez nos deslocamentos e agilidade”.
"O cliente que opta por voar para Jacarepaguá é aquele que, por exemplo, não quer perder tempo no deslocamento do Santos Dumont até a Barra. Não é apenas oferecer o voo, mas dar a oportunidade para que o passageiro conheça a qualidade dos nossos serviços, a pontualidade dos voos, o programa de milhagem, o cartão de crédito. É assim que conquistamos e fidelizamos esse cliente”, explica.
Ganho de eficiência
A Azul utiliza em todos os voos da Ponte Aérea o avião E-2, da Embraer. Menor que as usadas pelas companhias concorrentes, a aeronave operada pela empresa tem a vantagem de consumir 26% menos combustível. O presidente da Azul, Abih Shah, acredita que isso garante um ganho operacional. Segundo ele, mesmo com menos assentos, o E-2 permite operação rentável em horários com menor taxa de ocupação.
“Em um horário de pico, pode ser mais interessante dispor de uma aeronave maior. Mas, ao longo do dia, a economia de combustível nos permite manter margens de ganho efetivas, algo que seria inviável com um avião com mais assentos, porém com consumo maior”, explica Shah.
Outra vantagem é a padronização da frota. Tendo apenas aeronaves E-2 na Ponte Aérea, a Azul reduz os gastos e o tempo com manutenção. Rodgerson lembra que detalhes como esse fazem a diferença na hora de contabilizar as despesas. Sobre uma eventual redução nas tarifas dos voos da Ponte Aérea, o CEO da Azul acredita que a oferta maior de voos gera concorrência entre as empresas que operam a rota. Para ele, a queda nos preços das passagens “é fruto da concorrência, mas sem partir para a guerra tarifária”.
Papel de integração
O CEO destaca que cada avião em operação gera, em média, 100 empregos diretos e outros 400 indiretos. Rodgerson lembra que a atividade de uma empresa aérea representa, além da criação de novas vagas, o recolhimento de impostos e a movimentação da economia em vários setores. Ele explica que a Azul conecta cidades da Amazônia que antes dependiam exclusivamente da ligação por barco, com viagens que demoraram dias. São essas rotas, por exemplo, que levaram com rapidez vacinas contra a Covid-19 a áreas remotas do país.
“Não é apenas uma questão comercial. Desempenhamos um papel social que merece ser destacado. A aviação regional, que está no DNA da Azul, desempenha papel de integração econômica e social de várias regiões do país. Se temos a Ponte Aérea ligando as duas maiores metrópoles do país, por outro lado temos voos para cidades que, até pouco tempo atrás, eram praticamente inacessíveis. Isso muda a vida das pessoas que vivem nessas áreas”, explica.
Obstáculos
No entanto, a ampliação da aviação regional esbarra em obstáculos. Rodgerson explica que as companhias aéreas sentem os efeitos do preço do QAV, combustível utilizado pelas aeronaves e que representa cerca de 25% do custo de operação de um voo. O CEO avalia que o país precisa criar um ambiente mais favorável aos negócios do setor. Ele cita como exemplo a manutenção das turbinas.
“Temos a Cema, uma empresa de ponta localizada em Petrópolis, que faz a manutenção de turbinas e motores de aviões. Seria muito mais vantajoso para o setor que a Cema tivesse condições de competir em pé de igualdade com companhias estrangeiras. Mas o custo no Brasil a coloca em desvantagem. Este é um aspecto importante. Outra questão é contar com o apoio do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para a criação de linhas especiais para as companhias aéreas”, sugere o CEO.
Rodgerson acredita que o novo governo vai incentivar a aviação. O CEO cita o programa Voa Brasil — projeto que prevê passagens a R$ 200 em voos com ocupação reduzida — como uma proposta que pode incentivar todo o setor:
“Nós queremos mais gente voando; o governo quer mais gente voando. Eis um ponto de convergência importante. Como esse programa será implementado, esta é uma conversa que estamos tendo com as autoridades. As discussões ainda estão no início, mas creio que podemos chegar a um modelo que seja bom para a Azul e para os passageiros”, diz.
Em 2022, a Azul transportou 3,6 milhões de passageiros em voos partindo ou chegando em aeroportos do Rio de Janeiro. Para o presidente da companhia, a ampliação da oferta de assentos fará com que esse número seja superado este ano. Shah acredita que o mercado fluminense ainda tem potencial para crescer. Ele cita como exemplos os voos para Macaé e Campos, que atendem à demanda do setor de petróleo e de passageiros que buscam rapidez em viagens para o Rio de Janeiro e demais cidades atendidas pela Azul.
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