Para 2023, a meta é de inflação a 3,25% ao anoFreepik
Publicado 04/05/2023 10:35 | Atualizado 04/05/2023 12:43
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) decidiu na quarta-feira, 3, manter a taxa básica de juros da economia em 13,75%, patamar em que se encontra desde agosto do ano passado.
Em seu comunicado, o Copom afirmou que permanecem fatores de risco para a inflação, e citou três:
  • uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
  • uma incerteza sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional;
  • uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.
Na prática, o que falta para o Banco Central reduzir a Selic, assim como vem pressionando o governo?

Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, o principal fator para a queda dos juros segue sendo a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
"Obviamente existem um conjunto de fatores que dão base para as decisões do comitê, mas é bem verdade que o IPCA segue sendo o principal indicador. Os dois números bons dos últimos dados de inflação trouxeram ânimo para o mercado, mas nesse momento eles ainda são insuficientes para que a gente possa fazer qualquer tipo de afirmação em termos de afrouxamento monetário", avalia o especialista.

Quando o Copom cita a inflação, porém, o comitê pensa também nas projeções de mercado e na meta a ser perseguida, e não apenas dos índices oficiais. Para 2023, a meta é de inflação a 3,25% ao ano, taxa que é considerada cumprida se ficar dentro de uma margem de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,75% ao ano e 4,75% ao ano.
De acordo com o boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC , o mercado espera que o Brasil feche o ano com inflação a 6,05% ao ano, valor que ultrapassa a meta. Essa expectativa já foi elevada cinco vezes seguidas.

"Este corte [na taxa de juros] dificilmente virá já na próxima reunião, já que dificilmente as expectativas de inflação estarão ancoradas nas metas até lá, como deseja o BC", avalia Adriana Dupita, economista-chefe para Brasil e Argentina na Bloomberg Economics.

A economista avalia, porém, que o comunicado do Copom deu "pelo menos dois sinais de que um corte de juros está no horizonte: o reconhecimento de que a nova regra fiscal mitigou parcialmente os riscos fiscais, e a projeção de uma inflação abaixo da meta em 2024 caso os juros sigam no nível atual até lá".
André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, afirma que é importante se atentar também ao fato do Copom ter enfatizado que não existe relação mecânica entre o novo arcabouço fiscal e a convergência da inflação, como já havia afirmando anteriormente o presidente do BC, Roberto Campos Neto. 
"Ou seja, a publicação do arcabouço sem queda nas expectativas de inflação não deve ser suficiente para reduzir a taxa Selic de maneira sustentável", avalia o especialista.

Para o mercado, as expectativas são de que a próxima reunião do Copom, que acontece em junho, mantenha a taxa em 13,75% ao ano. O início dos cortes devem acontecer apenas a partir de setembro. De acordo com o boletim Focus, a Selic deve fechar 2023 em 12,5% ao ano.
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