Presidente do Banco Central, Roberto Campos NetoPedro França/Agência Senado
Publicado 17/05/2023 12:01
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 17, que o aperto dos juros, que levou a Selic a território significativamente contracionista, começa a dar resultados. "A inflação no Brasil começou a diminuir relativamente mais cedo em comparação a outros países em desenvolvimento", comentou, na abertura da conferência anual do BC.
"No segundo semestre de 2022, o principal fator da redução da inflação foram os cortes de impostos implementados sobre combustíveis, eletricidade e serviços de telecomunicações, mas a diminuição da inflação também se deve ao ciclo de aperto da política monetária", acrescentou, citando a desaceleração dos índices de preços no período.

Segundo ele, o processo de desinflação deve continuar, porém não de forma linear, já que os núcleos de inflação estão mais resilientes devido à difusão da inflação entre setores e pressões de componentes mais rígidos, como serviços.

Assim, frisou, o BC segue com o desafio de consolidar a desinflação no Brasil, dificultado pela desancoragem das expectativas.

Regime de metas de inflação

O presidente do Banco Central voltou a fazer nesta quarta-feira uma defesa do regime de metas de inflação, que, frisou, tem contribuído para ancorar as expectativas ao comportamento dos preços. Em meio ao debate sobre mudança nas metas de inflação, como forma de abrir espaço para a queda de juros, Campos Neto sustentou que a credibilidade do regime de metas está justamente em sua estabilidade, assim como no fato de que ele não se altera em função da conjuntura econômica ou do ciclo de política monetária.

"O regime de metas em nosso País tem sido bem-sucedido. O regime tem se mostrado um arcabouço estável e sólido, que atende as diferentes fases da conjuntura econômica e contribui para a ancoragem das expectativas de inflação", declarou o presidente do BC.

Campos Neto observou que a desancoragem das expectativas está em parte relacionada aos questionamentos sobre a mudança nas metas, além de incertezas da política econômica no Brasil, em especial no quadro fiscal.

Segundo o presidente do BC, decisões que elevem a confiança nas metas de inflação contribuem para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso. Sobre o novo arcabouço fiscal, disse que as novas regras para as contas públicas podem "eventualmente" ajudar a reancorar as expectativas, assim como evitam cenários mais extremos à trajetória da dívida pública.

No entanto, Campos Neto reiterou não haver relação mecânica entre política monetária e a apresentação do arcabouço fiscal.

Também destacou que a velocidade de desinflação tende a ser mais lenta nesse momento, sendo que o combate à inflação continua sendo um grande desafio para os bancos centrais.
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