Publicado 22/06/2023 08:27
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros da economia em 13,75%, sem indicar uma queda futura. O presidente afirmou que o nível da Selic é "irracional" e que a direção do Banco Central (BC) joga contra os interesses do país.
"É irracional o que está acontecendo no Brasil, uma taxa de 13,75% e inflação de 5%", afirmou, sem citar Roberto Campos Neto, presidente do BC.
Lula concedeu entrevista coletiva antes de decolar da Itália para a França. O chefe do Executivo argumentou que a Selic acaba por aumentar o juro real, quando há queda da inflação, e que ninguém no Brasil está tomando crédito porque a sociedade não consegue pagar.
O presidente afirmou ainda que o questionamento ao BC, vocalizado por ele desde o início do mandato, não é apenas do governo federal, mas da sociedade como um todo, inclusive dos industriais.
"O problema com o BC não é do governo, é da sociedade", afirmou Lula. "Não é o governo que está brigando com o BC, quem está brigando com o Branco Central é a sociedade brasileira, a Confederação Nacional da Indústria está brigando, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a maior do Brasil, está brigando com taxa de juros, os maiores varejistas estão brigando com taxa de juros."
Segundo Lula, os senadores que autorizaram a indicação de Campos Neto ao BC durante o governo passado agora devem tomar providências.
"Foram os senadores que colocaram o cidadão lá, tem que verificar se ele está cumprindo com o que tem de cumprir. Ele tem que ser cobrado", disse. "Acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Ele não tem explicação, não existe explicação aceitável por que a taxa de juros está em 13,75%. Não temos inflação de demanda.
O presidente disse que passou a cobrar os senadores para pressionar a diretoria do Banco Central. Integrantes do governo falaram em "declaração de guerra" e "boicote" por parte do presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado no governo Jair Bolsonaro. Lula evitou os termos. Ele tem mandato de quatro anos no cargo e já disse que não pretende encurtar sua gestão, prevista para terminar no ano que vem.
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