Publicado 23/06/2023 14:33 | Atualizado 23/06/2023 14:34
São Paulo e Rio - O ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da AC Pastore & Associados Affonso Celso Pastore fez nesta sexta-feira, 23, uma veemente defesa da autarquia, que, no momento, encontra-se sob forte ataque de membros do governo federal, em especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As críticas ao BC, bem como ao seu presidente, Roberto Campos Neto, têm como justificativa a manutenção da taxa básica de juro, a Selic, no nível de 13,75% ao ano.
Mas, na visão de Pastore, ao centrar críticas ao BC, o governo brasileiro está destruindo uma instituição que, a duras penas, conseguiu, por competência própria, conquistar o respeito internacional.
Para Pastore, "a discussão é de quem quer fazer um downgrade institucional do Banco Central". "Desculpe aqui, mas vou ser mais incisivo. O BC está sob ataque. Ele conseguiu a duras penas, por competência de seus dirigentes, adquirir um respeito e uma credibilidade na economia mundial que são raros", disse.
Ele lembrou o seminário internacional patrocinado pelo BC recentemente contou com as presenças de pessoas de grande reputação, de grande conhecimento, e ressaltou que o evento não foi feito para o presidente da autarquia, Campos Neto, se promover.
"Aquilo foi feito para mostrar qual é a qualidade de uma instituição que se chama Banco Central. Essa instituição está sob ataque. Quando você começa a bater no presidente do BC, chamando ele de 'aquele cidadão que lá está', você está fazendo um ataque à instituição chamada Banco Central. Este governo está desmontando uma instituição. Eu quero deixar isso bem claro", disse Pastore durante participação no IX Seminário Anual de Política Monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
De acordo com Pastore, "economistas precisam ter coragem de darem um grito em defesa de uma instituição que vem fazendo exemplarmente o seu trabalho".
"Temos que denunciar este governo que vem atacando esta instituição. Isto não é conduta que um estadista deveria ter. A meta de inflação é só um pedaço desta história. Eu espero que este Conselho Monetário tenha a decisão racional de manter a meta, de manter o intervalo ainda que faça isso como meta contínua, como o BC já vem fazendo", disse, acrescentando que qualquer desvio em relação a isso caminha muito no sentido do desmonte institucional do BC.
"Espero que parem, espero que parem! Se abrirem uma meta mais alta maior, com intervalo maior, etc., o processo continua e isso será um resultado péssimo para a economia brasileira. Senhor presidente da República e senhores ministros, preservem a instituição. É obrigação de vocês preservarem a instituição chamada Banco Central do Brasil", finalizou Pastore.
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