Brasil depende das importações de trigo, principal ingrediente para a produção do pão francêspvproductions - Freepik - Creative Commons
Publicado 17/08/2023 11:08
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As recentes variações do preço do trigo no mercado externo têm gerado flutuações no valor do pão francês, item tradicional no café da manhã dos brasileiros. Atualmente, as cotações do grão são influenciadas pelo desenrolar dos eventos no Leste Europeu, principalmente porque a Rússia e a Ucrânia são os maiores produtores da commodity para o mercado global.
O histórico do preço do trigo no país tem sofrido com oscilações desde o início do conflito na Europa. No fim de 2022, o Brasil registrou uma redução nos valores, após aumento significativo de mais de 30% no ano anterior. A elevação havia sido impulsionada pelas instabilidades nas cotações do trigo no mercado internacional, principalmente após a invasão russa na Ucrânia.
Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em assessoria para o comércio exterior, os valores do grão continuarão variando por pressão do mercado externo, pois “após eventos como os atuais encerramentos de acordos no Mar Negro, registramos aumento no preço do trigo internacionalmente. Porém, existem outros fatores que auxiliam a equilibrar o preço de produtos variados no grão, como é o caso da valorização do real frente ao dólar e o preço dos combustíveis”, explicou.
A suspensão do acordo entre essas nações gerou preocupações quanto à oferta global do produto. No entanto, Pizzamiglio destaca que "houve certa adaptação do mercado externo e as condições atuais de oferta e demanda, aliadas ao aumento da produção de trigo no Brasil, contribuíram para limitar o impacto no preço do pão francês. Porém, os valores ainda podem sofrer alterações em 2023".
Nesse aspecto, outros países têm investido fortemente na produção da commodity para o mercado externo. Esse é o caso do trigo da Argentina, um dos principais fornecedores do Brasil, que está em ascensão. Além disso, a produção doméstica também bateu recordes após o início do conflito militar europeu, fato que auxilia a equilibrar os preços.
E o mais recente país a se juntar aos exportadores é asiático. A Índia, uma das grandes produtoras mundiais de trigo e arroz, procura estabilizar os preços desses alimentos essenciais. Recentemente, o governo do país fez a promessa de fornecer milhões de toneladas métricas de trigo e arroz para grandes consumidores, deste modo o país busca mitigar possíveis lacunas na oferta global.
“Ainda precisamos estar atentos aos dados e informações da guerra, mas é essencial que o Brasil continue aumentando a produção do trigo não apenas para o mercado interno, mas como forma de ampliar a participação neste mercado global que está com a demanda aquecida”, afirmou o executivo.
E a produção no Brasil está em crescimento, com uma estimativa de 10,8 milhões de toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representando um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior. Porém as oscilações nos preços do trigo, tanto em âmbito nacional quanto internacional, têm gerado um ambiente de cautela entre os compradores. “Atualmente, temos observado, também, que os compradores aguardam a entrada de novas safras no mercado, pensando de forma estratégica para aumentar os estoques do produto”, explica Pizzamiglio.
No contexto da Bolsa de Mercadorias de Chicago, uma queda acentuada nas cotações do trigo foi observada. No cenário da guerra, a oferta generosa vinda da Rússia para os países aliados internacionalmente, concomitantemente aos preços mais acessíveis da sua mercadoria, exerce pressão sobre os valores. A preferência do Egito pelo trigo russo em licitações de importação reforça essa narrativa.
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