Publicado 10/09/2023 05:00
Mesmo com todos os avanços tecnológicos nos meios de pagamento, o taxista Jonathas Gonçalves pouco movimenta sua conta bancária e prefere andar com dinheiro vivo no bolso. Seu cartão de débito e crédito fica reservado para consertos do táxi e despesas mais caras esporádicas. "O que eu puder pagar em dinheiro eu pago", diz ele, que opta por essa forma de pagamento pela praticidade, controle dos gastos e por segurança. "Eu uso dinheiro para evitar dor de cabeça. Hoje em dia é muito comum a clonagem de cartão. Com o dinheiro é mais prático e seguro", acrescenta o taxista, de 45 anos.
Assim como Gonçalves, muitos brasileiros mantêm uma relação íntima com o dinheiro em espécie e rejeitam as novas formas de pagamento. Isso se repete com diversos dos passageiros do taxista. "O pessoal mais idoso prefere o dinheiro. Alguns têm dificuldade com o cartão. Com o Pix, então, nem se fala", conta.
De acordo com o relatório "Global Payments Report", 26% das transações financeiras que ocorrem quando um cliente realiza uma compra ou efetua um pagamento em um estabelecimento comercial no momento da compra foram feitas com dinheiro vivo no Brasil em 2022. O percentual representa uma queda brusca em relação aos 52% de 2018, antes da entrada em vigor do Pix, mas ainda indica que uma em cada quatro compras é feita em papel moeda no país.
Para Rogério Albuquerque, head de marketing e produtos da Card, empresa de distribuição de serviços digitais e maquininha de cartão de crédito, o percentual de pessoas que ainda usa dinheiro vivo mostra que uma parcela importante da população ainda não aderiu ao uso de bancos digitais e movimentações financeiras realizadas pela internet, mesmo diante dos avanços tecnológicos registrados nos últimos anos.
"Se por um lado grande parte da população aderiu ao uso de bancos digitais e movimentações financeiras realizadas pela internet, existe uma outra parcela da população que possui dificuldade para esse acesso", diz Albuquerque. "Além do Pix, outras tecnologias como o Real Digital estarão em circulação em breve no país. Mas, antes de se apresentar uma completa mudança na cultura de pagamentos do brasileiro, é necessário entender as peculiaridades e diferenças que uma nação de tamanho continental, como o Brasil, apresenta", destaca Albuquerque.
A grande novidade do setor no Brasil foi o Pix, modalidade de pagamentos instantânea desenvolvida pelo Banco Central e lançada em 2020. Sua principal característica é a velocidade das transferências e pagamentos, que acontecem em questão de segundos, 24 horas por dia, incluindo fins de semana e feriados. Mesmo assim, o volume de cédulas e moedas em circulação tem apresentado aumento nos últimos anos no país.
Segundo o Banco Central, em 2020 houve um crescimento atípico do volume de dinheiro em circulação. Isso se explica, em parte, pelos efeitos da pandemia de Covid-19, quando o governo federal criou um auxílio mensal para ajudar as pessoas mais vulneráveis durante a crise sanitária. Atualmente, a quantidade de cédulas e moedas em circulação se encontra ainda acima do valor que alcançaria caso houvesse mantido o mesmo crescimento médio observado no período anterior à pandemia, segundo o BC.
O dinheiro em circulação aumentou em R$ 3,3 bilhões em 2022, variando de R$ 339 bilhões para R$ 342,3 bilhões. Mesmo com o crescimento, o Banco Central destaca que é prematuro fazer projeções de longo prazo. "Apesar do surgimento de novos meios de pagamento, como o Pix, apresentar impactos sobre os hábitos de uso dos meios de pagamento anteriormente existentes, será necessário algum tempo para que a evolução desses impactos possa ser claramente mapeada", afirma a autoridade monetária por meio de nota.
Para o estudante universitário Jean Henrique, de 19 anos, usar dinheiro em espécie é uma preferência por questões de segurança e de controle financeiro. "É um hábito que me dá uma sensação de segurança e me ajuda a controlar as minhas finanças", diz. No entanto, apesar das vantagens de manter dinheiro em espécie, um dos desafios é a questão do troco. "Principalmente com motoristas de aplicativos, que muitas das vezes não andam com cédulas e moedas no carro", diz..
Mudanças no comércio
Assim como Gonçalves, muitos brasileiros mantêm uma relação íntima com o dinheiro em espécie e rejeitam as novas formas de pagamento. Isso se repete com diversos dos passageiros do taxista. "O pessoal mais idoso prefere o dinheiro. Alguns têm dificuldade com o cartão. Com o Pix, então, nem se fala", conta.
De acordo com o relatório "Global Payments Report", 26% das transações financeiras que ocorrem quando um cliente realiza uma compra ou efetua um pagamento em um estabelecimento comercial no momento da compra foram feitas com dinheiro vivo no Brasil em 2022. O percentual representa uma queda brusca em relação aos 52% de 2018, antes da entrada em vigor do Pix, mas ainda indica que uma em cada quatro compras é feita em papel moeda no país.
Para Rogério Albuquerque, head de marketing e produtos da Card, empresa de distribuição de serviços digitais e maquininha de cartão de crédito, o percentual de pessoas que ainda usa dinheiro vivo mostra que uma parcela importante da população ainda não aderiu ao uso de bancos digitais e movimentações financeiras realizadas pela internet, mesmo diante dos avanços tecnológicos registrados nos últimos anos.
"Se por um lado grande parte da população aderiu ao uso de bancos digitais e movimentações financeiras realizadas pela internet, existe uma outra parcela da população que possui dificuldade para esse acesso", diz Albuquerque. "Além do Pix, outras tecnologias como o Real Digital estarão em circulação em breve no país. Mas, antes de se apresentar uma completa mudança na cultura de pagamentos do brasileiro, é necessário entender as peculiaridades e diferenças que uma nação de tamanho continental, como o Brasil, apresenta", destaca Albuquerque.
A grande novidade do setor no Brasil foi o Pix, modalidade de pagamentos instantânea desenvolvida pelo Banco Central e lançada em 2020. Sua principal característica é a velocidade das transferências e pagamentos, que acontecem em questão de segundos, 24 horas por dia, incluindo fins de semana e feriados. Mesmo assim, o volume de cédulas e moedas em circulação tem apresentado aumento nos últimos anos no país.
Segundo o Banco Central, em 2020 houve um crescimento atípico do volume de dinheiro em circulação. Isso se explica, em parte, pelos efeitos da pandemia de Covid-19, quando o governo federal criou um auxílio mensal para ajudar as pessoas mais vulneráveis durante a crise sanitária. Atualmente, a quantidade de cédulas e moedas em circulação se encontra ainda acima do valor que alcançaria caso houvesse mantido o mesmo crescimento médio observado no período anterior à pandemia, segundo o BC.
O dinheiro em circulação aumentou em R$ 3,3 bilhões em 2022, variando de R$ 339 bilhões para R$ 342,3 bilhões. Mesmo com o crescimento, o Banco Central destaca que é prematuro fazer projeções de longo prazo. "Apesar do surgimento de novos meios de pagamento, como o Pix, apresentar impactos sobre os hábitos de uso dos meios de pagamento anteriormente existentes, será necessário algum tempo para que a evolução desses impactos possa ser claramente mapeada", afirma a autoridade monetária por meio de nota.
Para o estudante universitário Jean Henrique, de 19 anos, usar dinheiro em espécie é uma preferência por questões de segurança e de controle financeiro. "É um hábito que me dá uma sensação de segurança e me ajuda a controlar as minhas finanças", diz. No entanto, apesar das vantagens de manter dinheiro em espécie, um dos desafios é a questão do troco. "Principalmente com motoristas de aplicativos, que muitas das vezes não andam com cédulas e moedas no carro", diz..
Mudanças no comércio
No comércio, o cenário de meios de pagamento passa por mudanças significativas. Segundo Aldo Gonçalves, presidente do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio), os meios de pagamento eletrônicos estão em ascensão — o Pix se destaca, representando já cerca de 30% das transações. Segundo ele, a tendência de crescimento é evidente, mas enfrenta desafios devido à parcela significativa da população que ainda não tem acesso a serviços bancários e não possui conta em banco.
"A utilização do Pix como forma de pagamento está ganhando força e popularidade no Brasil. Tanto o Pix quanto o cartão são os principais protagonistas nas compras no comércio atualmente", destaca Gonçalves. Ele observa que a tendência é que essa preferência cresça ainda mais, pois o Pix oferece agilidade e segurança tanto para quem efetua o pagamento quanto para quem recebe. "O comércio está satisfeito com essa evolução, pois, quanto mais facilidade nos meios de pagamento, melhor para o comércio, para a sociedade e para a economia como um todo."
"A utilização do Pix como forma de pagamento está ganhando força e popularidade no Brasil. Tanto o Pix quanto o cartão são os principais protagonistas nas compras no comércio atualmente", destaca Gonçalves. Ele observa que a tendência é que essa preferência cresça ainda mais, pois o Pix oferece agilidade e segurança tanto para quem efetua o pagamento quanto para quem recebe. "O comércio está satisfeito com essa evolução, pois, quanto mais facilidade nos meios de pagamento, melhor para o comércio, para a sociedade e para a economia como um todo."
Supermercados adotam novas formas de pagamento
Os supermercados também têm acompanhado a mudança na forma de pagamento dos consumidores nos últimos anos. Para o GPA, grupo que detém as redes Pão de Açúcar e Extra, a principal forma de pagamento adotada pelos clientes atualmente é o cartão de crédito. Já no e-commerce das marcas, o Pix tem crescido muito.
Os supermercados também têm acompanhado a mudança na forma de pagamento dos consumidores nos últimos anos. Para o GPA, grupo que detém as redes Pão de Açúcar e Extra, a principal forma de pagamento adotada pelos clientes atualmente é o cartão de crédito. Já no e-commerce das marcas, o Pix tem crescido muito.
Essa mudança no comportamento dos clientes tornou-se ainda mais evidente nos últimos dois anos, quando a companhia acelerou a implementação dos "self-checkouts", caixas nos quais o próprio cliente passa os seus produtos e realiza o pagamento Por pix, cartões de crédito ou débito e cartões alimentação – entre 30 e 35% das transações das lojas acontecem nesses caixas de autoatendimento. "Entendemos que a diminuição da utilização do dinheiro tem a ver com esse movimento e a companhia vem apostando nessa tecnologia para diminuir as filas e tornar a experiência do cliente mais fluida", aponta a empresa por meio de nota.
* Reportagem da estagiária Júlia Sofia, sob supervisão de Marlucio Luna
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