Publicado 09/09/2023 08:23
Afastado dos holofotes desde que saiu da Petrobras, o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, um dos responsáveis pela exploração do pré-sal no Brasil, abandonou o setor de petróleo. Como consultor técnico, trabalha na construção de um megaparque de energia renovável no interior na Bahia, com direito a cinco parques eólicos que vão somar 14 gigawatts para produzir querosene de aviação renovável (SAF), diesel e gasolina sustentáveis e hidrogênio verde por eletrólise
Ao Broadcast(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Gabrielli informa que no momento estão sendo definidas as partes técnicas e econômicas, mas a expectativa é de que o projeto entre em operação entre 2027 e 2028, com produção em larga escala de SAF, "que vai dobrar a produção do país." A ideia também é produzir etanol com sequestro de hidrogênio para fazer metanol, e do metanol fazer o SAF, explica.
"Estou apostando no hidrogênio verde e os combustíveis sintéticos (sem petróleo) na rota por eletrólise do etanol ou na área de biogás, que são rotas de produção dos combustíveis que podem substituir os combustíveis fósseis", afirma.
Mas a mudança não significa que ele aposte no fim do petróleo. Muito pelo contrário, Gabrielli ainda vê uma vida longa para a commodity, com queda relativa da demanda, mas com crescimento em termos absolutos. Para ele, isso coloca o Brasil em destaque no mundo por causa dos gigantescos reservatórios do pré-sal, descoberto durante a sua gestão e hoje considerado absolutamente estratégico, mesmo com a transição energética.
Brasil
"Se não fosse o pré-sal, eu nem sei o que seria do Brasil hoje. Atualmente, mais de 70% da produção brasileira vem do pré-sal, somos exportadores. Se nós não tivéssemos a maluquice de fazer aquele primeiro poço de US$ 240 milhões, não sei o que seria hoje", diz, referindo-se ao primeiro poço de Tupi, na bacia de Santos, batizado com o nome de Lula, mas que voltou a se chamar Tupi por decisão judicial, relembra.
Ele destaca que para o sucesso da exploração da então nova fronteira foram fundamentais três decisões da companhia. A primeira foi insistir na expansão da exploração, mesmo com a dificuldade na época de se encontrar sondas de perfuração no mercado para águas ultraprofundas.
Ao Broadcast(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Gabrielli informa que no momento estão sendo definidas as partes técnicas e econômicas, mas a expectativa é de que o projeto entre em operação entre 2027 e 2028, com produção em larga escala de SAF, "que vai dobrar a produção do país." A ideia também é produzir etanol com sequestro de hidrogênio para fazer metanol, e do metanol fazer o SAF, explica.
"Estou apostando no hidrogênio verde e os combustíveis sintéticos (sem petróleo) na rota por eletrólise do etanol ou na área de biogás, que são rotas de produção dos combustíveis que podem substituir os combustíveis fósseis", afirma.
Mas a mudança não significa que ele aposte no fim do petróleo. Muito pelo contrário, Gabrielli ainda vê uma vida longa para a commodity, com queda relativa da demanda, mas com crescimento em termos absolutos. Para ele, isso coloca o Brasil em destaque no mundo por causa dos gigantescos reservatórios do pré-sal, descoberto durante a sua gestão e hoje considerado absolutamente estratégico, mesmo com a transição energética.
Brasil
"Se não fosse o pré-sal, eu nem sei o que seria do Brasil hoje. Atualmente, mais de 70% da produção brasileira vem do pré-sal, somos exportadores. Se nós não tivéssemos a maluquice de fazer aquele primeiro poço de US$ 240 milhões, não sei o que seria hoje", diz, referindo-se ao primeiro poço de Tupi, na bacia de Santos, batizado com o nome de Lula, mas que voltou a se chamar Tupi por decisão judicial, relembra.
Ele destaca que para o sucesso da exploração da então nova fronteira foram fundamentais três decisões da companhia. A primeira foi insistir na expansão da exploração, mesmo com a dificuldade na época de se encontrar sondas de perfuração no mercado para águas ultraprofundas.
A segunda foi crescer em pesquisa e desenvolvimento (P&D), expandindo o Centro de Pesquisa da empresa (Cenpes). A terceira foi a montagem de redes temáticas de P&D com 70 universidades brasileiras.
"Nós já tínhamos a hipótese de que teria pré-sal, mas não havia ainda instrumentos de sísmica que fossem capazes de atravessar o sal, porque o sinal sísmico é um sinal de som que reverbera na rocha e você consegue ver o que está na rocha. Só que o quando ele passa pelo sal, ele perde o rumo", recorda, informando que a continuidade dos estudos foi possível com o esforço de jovens matemáticos e físicos da Petrobras que desenvolveram algoritmos matemáticos que conseguiram filtrar os sinais e possibilitaram uma melhor visualização através do sal.
Depois de superados inúmeros desafios tecnológicos veio a surpresa. A estimativa de produzir cerca de 10 mil barris de petróleo por poço na nova região foi superada em mais de cinco vezes, com produção de 60 a 70 mil barris por dia, o que reduziu o custo de produção.
"O primeiro poço perfurado foi dificílimo, porque muita gente desistiu. A Chevron desistiu, a Exxon desistiu, a Shell desistiu e a gente prosseguiu, e encontramos o campo de Tupi", informa. "Com o aprendizado e a verificação das condições reais a dificuldade foi diminuindo. Hoje o petróleo do pré-sal compete com várias áreas do Oriente Médio com um custo de US$ 2/US$ 3 por barril", ressalta.
Margem
Por este motivo, Gabrielli defende que a estatal mantenha os planos de explorar a Margem Equatorial, afirmando que o "pré-sal é fundamental, mas não eterno", e que a busca de novas reservas se faz necessária para manter o nível de produção do Brasil. Ele vê nas negativas do Ibama de conceder licenciamento ambiental para a exploração da área pela Petrobras como uma posição que enxerga mais um problema climático do que ambiental.
"Há uma diferença do problema ambiental e climático. O problema ambiental é poluição, vazamento, acidente, destruição de bioma. Isso você tem medidas de remediar, você aumenta controles, a frota de veículos para evitar a expansão do vazamento. Mas existe uma questão que se chama eventos climáticos, que aumenta a temperatura e provoca desastres, e é nesse viés que o Ibama está olhando", avalia.
Para ele, essa visão do Ibama "não tem salvação, é interpretação do que vai ser o futuro", e por isso prevê a judicialização do caso.
"A Petrobras já andou pela Margem, é uma área muito complicada, de correntes muito fortes, com condições ambientais frágeis, mas vários poços já foram perfurados lá. A Petrobras tem um belo histórico em Urucu (AM), de convivência com a mata de maneira fantástica", afirma Gabrielli.
"Nós já tínhamos a hipótese de que teria pré-sal, mas não havia ainda instrumentos de sísmica que fossem capazes de atravessar o sal, porque o sinal sísmico é um sinal de som que reverbera na rocha e você consegue ver o que está na rocha. Só que o quando ele passa pelo sal, ele perde o rumo", recorda, informando que a continuidade dos estudos foi possível com o esforço de jovens matemáticos e físicos da Petrobras que desenvolveram algoritmos matemáticos que conseguiram filtrar os sinais e possibilitaram uma melhor visualização através do sal.
Depois de superados inúmeros desafios tecnológicos veio a surpresa. A estimativa de produzir cerca de 10 mil barris de petróleo por poço na nova região foi superada em mais de cinco vezes, com produção de 60 a 70 mil barris por dia, o que reduziu o custo de produção.
"O primeiro poço perfurado foi dificílimo, porque muita gente desistiu. A Chevron desistiu, a Exxon desistiu, a Shell desistiu e a gente prosseguiu, e encontramos o campo de Tupi", informa. "Com o aprendizado e a verificação das condições reais a dificuldade foi diminuindo. Hoje o petróleo do pré-sal compete com várias áreas do Oriente Médio com um custo de US$ 2/US$ 3 por barril", ressalta.
Margem
Por este motivo, Gabrielli defende que a estatal mantenha os planos de explorar a Margem Equatorial, afirmando que o "pré-sal é fundamental, mas não eterno", e que a busca de novas reservas se faz necessária para manter o nível de produção do Brasil. Ele vê nas negativas do Ibama de conceder licenciamento ambiental para a exploração da área pela Petrobras como uma posição que enxerga mais um problema climático do que ambiental.
"Há uma diferença do problema ambiental e climático. O problema ambiental é poluição, vazamento, acidente, destruição de bioma. Isso você tem medidas de remediar, você aumenta controles, a frota de veículos para evitar a expansão do vazamento. Mas existe uma questão que se chama eventos climáticos, que aumenta a temperatura e provoca desastres, e é nesse viés que o Ibama está olhando", avalia.
Para ele, essa visão do Ibama "não tem salvação, é interpretação do que vai ser o futuro", e por isso prevê a judicialização do caso.
"A Petrobras já andou pela Margem, é uma área muito complicada, de correntes muito fortes, com condições ambientais frágeis, mas vários poços já foram perfurados lá. A Petrobras tem um belo histórico em Urucu (AM), de convivência com a mata de maneira fantástica", afirma Gabrielli.
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