Economia criativa promove a união entre inovação, tecnologia, cultura, criatividade e sustentabilidadeReprodução: redes sociais
Publicado 25/09/2023 05:00
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Rio - Hoje em dia, quando se pensa em novos modelos de desenvolvimento, aqueles que não tenham como destaque somente o crescimento econômico, a indústria criativa assume papel de destaque. Ela engloba a concepção, produção e distribuição de produtos e serviços pautados na criatividade. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais de 91,5 mil são voltadas para o setor no Estado. Desse total, 52,3 mil são MEI, 33,4 mil microempresas e 5,7 mil empresas de pequeno porte.
Considerado um conceito relativamente novo, como o próprio nome diz, a indústria une a economia à criatividade, possuindo como matéria-prima o capital intelectual. O setor promove o encontro entre inovação, tecnologia, cultura, criatividade e sustentabilidade. 
Hoke a economia criativa ganha cada vez mais espaço nos mundo nos negócios, gerando novas oportunidades no mercado de trabalho. O Brasil conta com 7,4 milhões de trabalhadores no setor, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Até 2030, esse número pode subir para 8,4 milhões — com um milhão de novos empregos que serão gerados ao longos dos anos, segundo indica o levantamento feito pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), núcleo de inteligência e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Ampliação do conceito
Para o gerente-executivo do Observatório, Márcio Guerra, o conceito de economia criativa começa a se ampliar um pouco mais, uma vez que é preciso olhar também a necessidade de inovação e criatividade na produção de conteúdos digitais.

"A gente estima que as profissões que estão relacionadas à economia criativa vão ter um crescimento significativo. A cultura digital deve impulsionar essa demanda de forma significativa, nos próximos anos", aponta.
Guerra destaca que o aumento do número de empregos projetado para a economia criativa ocorrerá tanto no mercado formal, com carteira assinada, como no informal. "Isso pode ser percebido quando você olha a média salarial. São funções dentro do mercado formal de trabalho que já são valorizadas hoje e tendem a ganhar mais relevância nos próximos anos", explica. 
De acordo com o Mapeamento da Indústria Criativa de 2022 realizado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), um profissional criativo recebe salário médio de R$ 6.926 — bem acima do registrado em nível nacional, que é de R$ 2.924. Ou seja, junto com o mercado de trabalho, a média salarial dos profissionais setor também acompanha o movimento de expansão.
Ainda segundo o estudo da Firjan, São Paulo e Rio de Janeiro possuem o maior número de profissionais no mercado criativo, com 380,3 mil e 95,7 mil trabalhadores, respectivamente. Na área de tecnologia, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais respondem por quase 62% dos empregos. Já no setor de Consumo, grande parte está concentrada na Região Sul.
O que é a economia criativa?
Entende-se por economia criativa os ramos da indústria relacionados a expressões culturais. As profissões estão espalhadas por diversos setores, como empreendedorismo, indústria, serviços e setor tecnológico. Sendo divididas em quatro eixos principais:

- Patrimônio: locais com foco na cultura e expressões culturais tradicionais;
- Artes: envolve artes visuais e artes dramáticas;
- Mídia: compreende publicidade em mídia impressa e audiovisual;
- Criações Visuais: conta com novas mídias, serviços criativos e design.
Os setores tradicionais da economia, como a indústria, o comércio e a agricultura, geram renda por meio de bens de consumo palpáveis. Diferente deles, a economia criativa atua com produtos de conhecimento artístico, cultural e tecnológico. Rudney Pereira Junior, especialista em RH e carreira da consultoria BR Talent, explica que a grande diferença está na perspectiva de futuro da profissão.
"Quanto mais tradicional for a empresa, mais chances dela se tornar obsoleta em curto prazo. As companhias que já estão ou estão migrando para a economia criativa têm a tendência de sempre inovar e se reinventar, o que faz com que os trabalhos também sejam mutáveis e muito mais adaptativos", afirma.
Ouvir uma música no rádio ou qpedir comida por aplicativo só é possível porque houve a participação da economia criativa — seja pela contribuição dos artistas envolvidos no primeiro exemplo; seja pela capacidade dos desenvolvedores de sistemas, no segundo.  
Pererira Junior chama a atenção para a importância da quaificação dos profissionais para atender às novas demandas do mercado de trabalho.
"É um movimento que tende a crescer muito com todos os avanços tecnológicos pelos quais o mundo passa. Basta pensarmos em como eram as linhas de produção há 30 ou 50 anos e como são agora. Tudo muito automatizado, robotizado e extremamente eficaz. Isso reflete a necessidade de termos profissionais cada vez mais qualificados e prontos para ocupar essas vagas. Hoje, não basta, por exemplo, um profissional apertar um parafuso numa linha de produção, mas sim saber operar máquinas supermodernas", 
Crescimento do setor no Estado
Quando se fala em negócios voltados para o setor no Rio de Janeiro, o crescimento também se dá de forma exponencial. De acordo com o levantamento feito pelo Sebrae a pedido de O Dia, mais de 91,5 mil empresas são voltadas para a economia criativa no Estado. Desse total, 52,3 mil são MEI, 33,4 mil microempresas e 5,7 mil empresas de pequeno porte.
As cinco cidades fluminenses com maior número de empreendedores da economia criativa são: Rio de Janeiro (62,13%), Niterói (5,82%), São Gonçalo (2,67%), Duque de Caxias (2,32%) e Nova Iguaçu (2,24%).
Ano Pequenos negócios
2018 40,6 mil
2019 47,6 mil
2020 55,6 mil
2021 68,6 mil
2022 82,2 mil
Fonte: Sebrae
Entre as principais atividades do setor desenvolvidas no estado, estão a produção fotográfica (10,94%); comércio varejista de suvenires, bijuterias e artesanato (8,88%); atividades de pós-produção cinematográficas e produção de programas para TV (8,80%); produção musical (7,50%); ensino de arte e cultura (7,48%).
Empresas criativas do Rio geram mais de R$ 32 bilhões
A economia criativa da cultura representa 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, de acordo com o levantamento do Itaú Cultural. Isso mostra que o setor de cultura e tecnologia produz riqueza para país. O índice supera o de países como Itália e Espanha, por exemplo. E, nesse cenário, o estado fluminense se destaca nacionalmente.
Segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), as empresas criativas do Rio produzem o equivalente a R$ 32 bilhões — 4,62% de toda a riqueza gerada no Estado. Essa é a maior participação dentre as 27 unidades federativas.
O setor público tem papel importante no apoio e desenvolvimento do setor. Segundo a Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, de janeiro de 2020 a setembro deste ano, mais de R$ 650 milhões foram investidos na área. "A evolução passa pela modernização dos processos de fomento, ampliação da oferta de ações culturais e um olhar mais humano para o setor", destaca, por meio de nota, a secretaria.
Durante o período, cerca de 9 mil projetos receberam patrocínio por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura ou via editais. "Essas duas políticas de fomento alavancaram a produção cultural em território fluminense, ampliando a geração de emprego e renda entre os profissionais da área", frisa a pasta.
Perfil dos profissionais da indústria criativa
Apesar de geralmente se relacionar economia criativa às áreas das artes e da comunicação, qualquer trabalhador que tenha produção intelectual integra o ecossistema econômico. São exemplos aqueles que atuam nos segmentos de arquitetura e moda.

Um ponto em comum une os profissionais da indústria criativa: a possibilidade de empreender e aplicar os conceitos nas rotinas da empresa já consolidada ou em uma startup. Dessa forma, é possível ter maior chance de ascensão da profissão, criar novas alternativas e se tornar referência no mercado.
"O profissional que quer entrar no nicho da economia criativa precisa entender que precisa estar sempre atualizado ao tema. Criatividade, tecnologia, preocupação com sustentabilidade são assuntos que precisam estar na mente e no dia a dia. Isso vai ser essencial para conseguir uma boa posição", explica o especialista em RH e carreira da consultoria BR Talent, Rudney Pereira Junior.
"Estar antenado nesses assuntos vai ajudar na hora da procura de um novo emprego, porque as atenções estarão voltadas às empresas que já estão nesse novo nicho", acrescenta.
O consultor aponta quem explora competências voltadas para as áreas de novas tecnologias e sustentabilidade estará na frente na corrida por uma oportunidade,: "É importante ressaltar que muitas oportunidades estão sendo e serão criadas em um futuro próximo. E, sem dúvida, aquelas que demandam mais especialização do profissional têm chances de também pagar uma remuneração melhor. Por exemplo, um engenheiro de produção especializado em novas tecnologias e com uma visão de produção sustentável terá uma oferta maior de oportunidades."
Pensando nas oportunidades, Guilherme Freitas, de 32 anos, conta que sempre sonhou em trabalhar com algo que envolvesse criatividade e inovação. Quando um amigo fez o curso de engenheiro de software, Freitas resolveu conhecer a área e se descobriu na profissão.
"Hoje eu trabalho para uma empresa do setor imobiliário, que disponibiliza um aplicativo para serviços de aluguel de imóveis para os clientes. É algo que me estimula muito, porque antigamente, quando você queria alugar um local, tinha que marcar hora e se deslocar para conhecer o espaço. A pessoa acaba perdendo muito tempo, porque às vezes vive até em outra cidade. Com a tecnologia, você pode ver fotos de todos os cômodos e da rua que o imóvel está localizado", explica. "Ou seja, você não precisa sair de casa e ainda pode ver diferentes opções na palma da sua mão", acrescenta.
Principais graduações que ajudam a trabalhar com economia criativa

- Administração: atuação na gestão de empresas e desenvolvimento de equipe;
- Engenharia de Software ou Gestão de TI: como parte da economia criativa está no desenvolvimento de novas tecnologias e aplicativos;
- Gestão de negócios e inovação: parte essencial da gestão e da tecnologia, além de ter ligação direta com a criatividade;
- Marketing: além de produzir, comunica as ações e inovações criadas dentro da empresa, usando a criatividade.
Dicas para quem quer atuar na área
- Trace um objetivo: defina de que forma um produto ou serviço criado impactar a vida das pessoas e se realmente terá relevância, pois o aspecto financeiro deve vir em segundo plano.

- Tire as ideias do papel: depois de definir metas, é hora de partir para o planejamento. Nesse caso, pesquise, planeje e programe as suas ideias.

- Elabore protótipos: a internet trouxe com ela a facilidade de não precisar lançar efetivamente um produto para medir sua relevância no mercado. Crie protótipos, verifique a aceitação do público e, depois, faça os aperfeiçoamentos e modificações que julgar necessários.

- Mensure os resultados: analise os resultados do impacto do seu produto ou serviço no mercado. Isso o ajudará no momento de apresentar uma ideia a possíveis investidores, oque poderão se basear em números e outras informações importantes.

- Busque a capacitação: para quem atua na indústria criativa e quer empreender, é essencial ter noções de gestão e administração.


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