Clientes encararam chuva na Saara atrás de promoçõesReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Publicado 24/11/2023 17:41 | Atualizado 24/11/2023 19:24
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A música sempre cantou que cariocas não gostam de dias nublados. Mesmo assim, a animação e a busca por ofertas na Black Friday desta sexta-feira (24) não impediram os consumidores de irem às compras nas movimentadas ruas da Saara, no centro da cidade, e no Madureira Shopping, na Zona Norte.

Conhecido por ser um dos maiores centros comerciais a céu aberto da cidade, a Saara não registrou grande circulação de pessoas na estreitas ruas. Com guarda-chuvas e capas de proteção, os consumidores que foram ao comércio percorreram as lojas e barracas em busca de promoções.
Mirian Vilela, 50 anos, gerente de uma loja de roupas de cama, mesa e banho na Rua Senhor dos Passos, descreveu esta sexta-feira como um dia lento. Ela atribui a queda no movimento principalmente ao mau tempo. "A chuva, definitivamente, afetou a circulação de clientes hoje", disse. 
Segundo ela, em comparação com o ano anterior, o movimento nesta manhã foi bem menor. A baixa é, inclusive, inferior a um dia normal. "Em qualquer dia comum, a loja teria feito, nesta manhã, cerca de 50 vendas. Até agora, 12h, fizemos somente 20", disse.
Apesar do pouco movimento, a gerente confia que ainda conseguirá melhorar o panorama das vendas. Parte dessa expectativa vem da estratégia da loja de estender as promoções da Black Friday até este sábado. "Nós vamos manter as promoções até amanhã, aí eu espero que o tempo melhore e as pessoas venham às ruas para comprar. Temos que acreditar, né?", contou.
O diretor de comunicação da Saara, Luiz Antonio Bap, também está otimista em um aumento nas vendas. "Como nós somos um shopping a céu aberto, a movimentação não foi dentro do esperado, mesmo com algumas lojas oferecendo até 50% de descontos em produtos. O sábado, apesar de ter um horário de expediente menor, é um dia de maior movimento. Então a expectativa é positiva. Se o tempo ajudar, certeza que os consumidores poderão aproveitar mais", ressaltou.
Consumidores reclamam dos preços
A pedagoga Andreia Xavier, 52 anos, era uma das pessoas que buscavam promoções no Centro da cidade. Moradora de Bangu, Zona Oeste do Rio, ela percorria as ruas da Saara depois de voltar de uma consulta ao dentista em Ipanema, na Zona Sul, e descer na estação Uruguaiana do metrô.
A pedagoga Andreia Xavier, 52 anos, comprou bijuteriasReginaldo Pimenta / Agência O Dia


Apesar de não ter programado nenhuma compra com antecipação, a pedagoga aproveitou a passagem pelo local para olhar preços de sapatos. Após comparar os valores, ela não notou grandes mudanças. "Não vi nenhuma diferença para os outros dias. Eu comprei um sapato a algum tempo atrás por R$ 300 e hoje, mesmo com desconto de 20%, ele seguia com o mesmo valor", relatou.
Outro ponto destacado foi o fato de uma famosa rede popular de calçados oferecer descontos apenas para quem possuía o cartão da loja. "Como eu não tinha, sairia pelo preço normal, então não valia a pena". Apesar de sua intenção inicial ser a busca de calçados, acabou adquirindo bijuterias.
Antes de passar pelo centro da cidade, a pedagoga foi a um shopping em Campo Grande para olhar os preços e um produto chamou a atenção da consumidora pelos preços elevados: o ar-condicionado. "Eu tinha a intenção de adquirir outro aparelho por causa do calorão de semana passada. Mas quando cheguei na loja, um modelo igual ao meu, que comprei a R$ 999 em setembro, estava custando quase R$ 1.500", disse.
Shopping registra movimento maior
No Madureira Shopping, a situação foi mais confortável para os consumidores que buscavam fugir do mal tempo. Com ambiente fechado, o movimento nas lojas estavam um pouco maior. A dona de casa Sara Valente, 30 anos, decidiu antecipar o presente de Natal do filho de 9 anos.
Sara Valente, 30 anos, presenteou o filhoCléber Mendes/Agência O Dia
"Minha intenção inicial era comprar prateleiras, mas o preço da TV me chamou a atenção. Eu já tinha visto aquele modelo antes sendo vendido entre a R$ 1.200. Hoje ela estava saindo a R$ 950, e ainda podia parcelar no cartão", disse. 
O vendedor Caio César, 31 anos, que trabalha no shopping, aproveitou a data para presentear a mãe, mesmo sem o tão sonhado desconto. "Eu já estava de olho em alguns produtos há um tempo, principalmente em um ventilador e um celular mas, para minha desilusão, os preços estavam os mesmos de antes," desabafou. 
Caio César, 31 anos, comprou um ventilador e um celularCléber Mendes/Agência O Dia
Apesar de não ter encontrado os aparelhos em promoção, ele afirmou que algumas lojas estão com preços reduzidos desde o início do mês, o que tem impactado no movimento do shopping. O vendedor acredita que ainda há tempo de faturar.
"Eu acho que na noite desta sexta-feira, e no sábado, teremos um volume maior de pessoas circulando e conseguiremos vender mais. Com o fim do expediente e uma melhora no tempo, o fim de semana deve ser melhor para todo mundo", disse.
Chuva não é a única culpada
Segundo Juedir Texeira, presidente do Conselho Empresarial de Varejo da Associação do Comércio do Rio de Janeiro (ACRJ), o tempo ruim não é o único responsável pela baixa adesão à data simbólica. Outros fatores, como descontos pouco atrativos, e o comércio virtual, também afetam o movimento nos centros comerciais.
"No centro da cidade, o clima, de fato, tem um impacto um pouco maior, mas eu acredito que o comércio popular tem um poder menor de política de preços para competir com as grandes varejistas", disse. Ele credita essa desigualdade à ampliação das campanhas de promoções, que se estendem por todo mês de novembro.
"As gigantes começam a se organizar há mais tempo para aplicar os descontos, tanto em negociação com os fornecedores quanto em organização de estoque. O chamado 'antecipa Black Friday' é o principal resultado disso. Enquanto o consumidor americano faz jus à data, aqui no Brasil essas vendas acabam sendo diluídas por todo o mês e esvaziam um pouco o dia. Além disso, o pequeno comerciante, que não tem capital de giro para acompanhar, acaba não oferecendo oportunidades tão atrativas", explicou.
Outro fator apontado por Juedir, que também é comerciante, é a praticidade da internet. "O maior impacto para as vendas é o e-commerce. Ninguém compra uma televisão, por exemplo, sem antes fazer uma pesquisa virtual. Até pelo tumulto do dia, as pessoas preferem receber em casa", contou. De acordo com ele, algumas empresas devem prolongar os descontos até a próxima semana para acabar com os estoques.
'Esquenta Black Friday' menor
Apesar da ampliação no "período" de Black Friday, o número de pedidos online na primeira quinzena de novembro teve redução comparado a 2022. De acordo com estudo realizado pela Neotrust, empresa de tecnologia para o varejo, foram registrados 16,4 milhões de pedidos, declínio de 13,5%, comparados aos 19 milhões de pedidos do ano passado.
No entanto, essa queda não refletiu nos gastos dos consumidores. O ticket médio - valor gasto por cliente - subiu, quando comparado com 2022. Se no ano passado ele estava em R$ 390, em 2023 o valor registrado passou para R$ 421.
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