Prestes a completar 30 anos, o Plano Real é um marco na economia brasileira no período pós-ditaduraReprodução/Internet
Publicado 27/12/2023 11:15
Passados quase 30 anos do lançamento do Plano Real, os brasileiros mantêm o apoio ao programa de estabilização de preços, de 1994, consideram que ele foi um sucesso, mas admitem que a inflação ainda é uma preocupação permanente da sociedade. A maioria da população (66%) acredita que os brasileiros “continuam muito preocupados” com a inflação e 79% opinam que a inflação “deve ser uma preocupação permanente da sociedade e do governo”. É o que revela a 15ª edição da pesquisa Observatório Febraban feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a Febraban.
Além disso, 71% dos brasileiros opinam que ele “continua importante, pois lançou as bases para uma economia mais sólida e estável”. Aqueles que avaliam que “com a economia brasileira estável a inflação deixou de ser uma preocupação prioritária” somam apenas 15%.
Realizada entre os dias 3 e 9 de dezembro de 2023, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País, a pesquisa aborda a perspectiva dos brasileiros sobre os 30 anos do Plano Real e a inflação. O levantamento inédito procura investigar o que pensam os brasileiros a respeito do Plano e o que a geração que nasceu nos anos seguintes, e não viveu o Brasil da hiperinflação, sabe do Plano Real. A pesquisa também apura as opiniões específicas em cada uma das cinco regiões brasileiras.
Em uma sociedade que conviveu com níveis altíssimos de inflação — que fechou 1993 em 2.477% —, a escalada de preços ainda está na memória: 70% já ouviram falar em hiperinflação e 64% associam o termo ao passado, indicando que o Brasil já viveu, mas não vive mais, essa realidade.
A memória da hiperinflação, contudo, mostra-se difusa mesmo nas gerações contemporâneas ao Plano Real. Entre os que ouviram falar, 37% lembram o que é hiperinflação e 33% não lembram. Essa lembrança e o conhecimento sobre hiperinflação (“já ouviu falar e lembra o que é”) são maiores nas faixas a partir de 45 anos (45 a 59 anos: 45%; 60 anos ou mais: 46%), e menores entre os mais jovens (18 a 24 anos: 26%; 25 a 44 anos: 33%).
O levantamento mostra que, mesmo com a economia estabilizada, quase metade dos brasileiros (47%) avalia que o Brasil vive atualmente uma inflação alta ou muito alta. Perguntados sobre qual a taxa acumulada da inflação em 2023, um terço dos entrevistados (34%) acham que é maior do que efetivamente é. Um quarto (26%) indica um número entre “3% e 5%”, próximo à projeção do último Boletim Focus para o IPCA (4,51%), divulgada pelo Banco Central.
“A Inflação é um imposto perverso, atinge as famílias, dificulta o cálculo empresarial, eleva o risco da economia, tira a previsibilidade do investimento de longo prazo, reduz o consumo de bens e serviços e, particularmente, penaliza as camadas mais baixas da população. A notícia boa desse levantamento é que, felizmente, o brasileiro compreendeu a importância de combater a inflação e manter os preços estáveis”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban, que alerta: “Mas a inflação é um gato de sete vidas: ela precisa ser controlada, pois volta quando baixamos a guarda.”
“O Plano Real e o Bolsa Família são vistos como as duas principais marcas da economia brasileira na Nova República. O que significa que a estabilidade da moeda juntamente com as políticas sociais são ambas valorizadas como as mais relevantes alavancas do nosso desenvolvimento", avalia o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.
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