Cincinato prevê um ano de crescimento para o setor de decoração, utilidades domésticas e têxteisABCasa/Divulgação
Publicado 19/02/2024 19:11 | Atualizado 20/02/2024 16:06
Embalada pelo sucesso da última edição de sua feira, a Associação Brasileira de Artigos para Casa (ABCasa) projeta um ano de expansão do setor. O evento — realizado entre os dias 4 e 7, no Expocenter Norte, em São Paulo — bateu recorde de expositores e de visitantes. O otimismo se justifica pelo cenário econômico e pela disposição dos fornecedores em ampliar os negócios com o varejo. De acordo com o presidente da entidade, Eduardo Cincinato, 2024 apresenta as condições necessárias para um salto no faturamento das indústrias dos segmentos de decoração, utilidades domésticas e têxtil.

A 12ª edição da ABCasa Fair reuniu mais de 400 expositores. Os estandes ocuparam um total de 75 mil metros quadrados, com áreas específicas de decoração, utilidades domésticas e têxteis (cama, mesa e banho). Ela é o principal evento do setor, promovendo a aproximação entre indústria e lojistas. Também atua como o espaço de apresentação das tendências do mercado, com o lançamento de produtos.

Para Cincinato, a última edição da ABCasa Fair consolidou a projeção de um novo momento do mercado. Segundo ele, o cenário econômico do País permite à indústria e ao lojista trabalhar com um planejamento realista.

“O que percebemos é um sentimento de entusiasmo em todo o setor. A economia dá sinais robustos de melhora: inflação baixa, juros em queda, câmbio estabilizado, reforma tributária apeovada e elevação do nível de emprego. Todos esses fatores contribuem para que o empresário tenha previsibilidade, algo fundamental para a realização de negócios. Outro elemento importante é a redução dos níveis de inadimplência. O Desenrola restitui o crédito a milhões de pessoas, que voltarão a consumir, fazendo a roda da economia girar”, avalia Cincinato.

Geração de empregos
Estudo realizado pela ABCasa traçou o Raio-X do setor. Com números consolidados até 2022 — os de 2023 ainda estão em fase de apuração —, o levantamento revela que as empresas que comercializam artigos para casa, itens de decoração, utilidades domésticas e produtos para celebrações (aniversários, Natal, Carnaval, Halloween etc) faturaram R$ 96,3 bilhões. Outro dado importante diz respeito ao número de empregos formais gerados: 886 mil pessoas trabalhando com carteira assinada.

Quando se observa os dados referentes à indústria, um outro detalhe chama a atenção. A atividade é predominante marcada pela presença da microempresa: 83,7% dos itens produzidos vêm desse tipo de empreendimento.

“O setor tem uma característica marcante. A comercialização e a produção são feitas predominantemente de microempresas. Isso demonstra a capacidade de geração de emprego e renda para uma faixa expressiva da população. Mesmo sem os números consolidados de 2023, ouso dizer que ultrapassamos a marca das 900 mil pessoas empregadas no varejo desse segmento do mercado. Para 2024, a tendência é a manutenção da tendência de ampliação das contratações. Na indústria, o peso do microempresário também é imenso. Vamos lembrar que são as micro e pequenas empresas que geram a maioria das vagas formais de emprego no Brasil”, ressalta Cincinato.

Ambiente de negócios

O otimismo revelado por Cincinato pode ser comprovado pela percepção dos expositores que participaram da feira. O Grupo Ecoa, empresa carioca especializada em artigos de lazer e utilidades domésticas, aposta em design diferenciado e curadoria de produtos para ampliar a carteira de clientes. Em sua oitava participação na ABCasa Fair, a companhia investiu R$ 300 mil para a montagem de um estande de 130 metros quadrados. Com 60% de sua carteira de clientes concentrada no eixo Rio-São Paulo, a Ecoa busca agora expandir sua presença nas regiões Sul e Nordeste. De acordo com gerente de Marketing do grupo, Pâmela Barreto, as perspectivas positivas do mercado justificam o investimento. “Em um evento B2B [business to business] é possível captar o ânimo do lojista. O mercado está aquecido, o que nos indica um ano de ampliação da nossa base de clientes”, destaca Pâmela.

Proprietário da Grife de Boteco, Joel Forgerini tem seu trabalho focado em um nicho de mercado pouco lembrado quando se fala em itens de decoração. Ele comercializa produtos para áreas externas da casa, como churrasqueira e sala de jogos, tendo o público masculino como seu principal alvo. Sem mencionar o valor investido na montagem do estande de 28 metros quadrados, o empresário de Florianópolis aproveitou a ABCasa Fair para apresentar aos lojistas 12 lançamentos da linha de produtos.

“A maior parte dos meus clientes é de Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal. Mas a ideia é chegar a novos mercados. A meta é ampliar de 10% a 20% a carteira de clientes. Vejo 2024 como um ano promissor em termos de faturamento. O ânimo do lojista é o termômetro para quem fabrica. Neste início de ano, o otimismo do varejo é grande, o que também me anima”, avalia.

Parceria com o poder público

Cincinato explica que a ABCasa também atua no estreitamento de laços com o poder público. Segundo ele, a entidade trabalha para estreitar laços com o poder público. Cincinato elenca uma série de iniciativas da entidade para dar ao setor chances de crescer no Brasil e de buscar espaço no comércio exterior. O presidente da associação cita os contatos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O objetivo é prepara a indústria para atender às exigências dos importadores.

“Existe uma série de normas técnicas e exigências legais que precisam ser atendidas por quem quer se tornar um exportador. A Apex tem o know how e conhece os atalhos para se chegar ao mercado externo. Além disso, a ABCasa busca manter um processo constante de formação de seus associados. Acreditamos que as constantes mudanças do mercado exigem do empreendedor atualização permanente”, explica.

Entre as exigências do mercado, Cincinato cita a mudança do perfil do consumidor., que se tornou mais exigente e impaciente. Ele não depende mais apenas do lojista para ter sugestões de decoração, de produtos ou de estilos. O acesso à informação dá ao cliente novos parâmetros para escolher o que vai comprar. O presidente da ABCasa explica que varejo e indústria precisam suprir as demandas deste novo tipo de cliente. “Ele não quer apenas comprar. Ele quer criar estilo próprio”, frisa.

Desafios

Mas nem tudo são flores para o setor. A indefinição das regras da reforma fiscal preocupam. A alta carga tributária ainda é um gargalo a ser superado. A concorrência — muitas vezes desleal — dos artigos importados também impacta os negócios. O presidente da associação, no entanto, acredita que tais questões podem ser resolvidas, com tributação equilibrada e políticas de apoio ao setor. Cicinato acredita que linhas de crédito específicas, programas de fomento à indústria e estabelecimento de um ambiente de negócios com previsibilidade são elementos capazes de colocar o setor em um patamar ainda mais elevado.

“Nós não queremos privilégios ou vantagens. Buscamos apenas as condições necessárias para empreender, gerar empregos, contribuir para o crescimento da economia. A indústria, nesta etapa de modernização, reúne condições de voltar a ter um papel de protagonismo, como já teve décadas atrás”, avalia.
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