Empréstimos em atraso ocupam o primeiro lugar no ranking de dívidas das famíliasMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Publicado 13/03/2024 12:41
Um levantamento da Recovery, empresa de cobrança de dívidas no Brasil, feito a partir do perfil de 33 milhões de CPFs de brasileiros que possuíam dívidas ativas sob gestão da companhia em 2023, revela que 46% dos inadimplentes do País está na região Sudeste, 25% no Nordeste, 12% no Sul, 8% no Centro-Oeste e 4% no Norte. Além disso, os dados revelam que o número de acordos feitos para quitar dívidas foi 10,3% maior do que em 2022. No ano passado, a empresa registrou mais de 9.5 milhões de acordos, enquanto em 2022 foram mais de 8.6 milhões.
Outro ponto de destaque do estudo é que, entre os menores de 18 anos endividados, houve um crescimento de 141,17% no volume de acordos realizados em 2023, no comparativo com o ano anterior. Na prática, isso representa um total negociado por esta faixa etária de mais de R$80 milhões em 2023, perante um total de R$6.7 bi negociados por todas as faixas etárias.

Quem tem entre 18 e 25 anos também surpreendeu no volume de acordos feitos em 2023, sendo 58% acima do que no ano anterior, totalizando 442 mil acordos e R$239 milhões negociados. “Claro que se mais jovens fizeram acordos, temos mais jovens com dívidas. Porém, esses aumentos também são um sinal de que eles estão engajados em quitar suas inadimplências para evitar que isso atrapalhe o início de suas vidas financeiras”, explica Claudia Andrade, head de Cobrança, Atendimento e Centralidade no Cliente.

Do total dos perfis analisados no levantamento, 36,11% possuem acima de 50 anos, 47,88% têm entre 31 e 49 anos, 10% entre 18 e 30 anos e 0,63% são menores de 18 anos.

Relação entre dívidas e faixa de renda

No recorte por faixa de renda, 26,57% dos perfis analisados ganham até um salário mínimo, 27,96% até dois salários e 6,54% acima de dez salários. Entre os que recebem até um salário mínimo, em 2023, foram efetuados um total de 1.9 milhão de acordos e R$914 milhões negociados. Já os que recebem até dois salários negociaram R$1.6 milhão, referentes a 2 milhões de acordos.

“Ao olharmos o comparativo entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023, a notícia é positiva: o comprometimento da renda das pessoas com dívidas ativas caiu de 7,1% para 6,1% da renda mensal. Ainda é um número relevante, mas a queda mostra que o valor médio das parcelas de um acordo está comprometendo um percentual um pouco menor da renda mensal dos clientes. Vemos essa queda de forma positiva, pois significa que pagar a dívida ficou menos pesado”, diz Claudia.

Tipos de dívidas

O levantamento revela ainda que os tipos de dívidas ativas que mais pesam no bolso dos brasileiros permanecem as mesmas vistas em outros anos: empréstimos aparecem no topo do ranking, sendo o motivo das dívidas de mais de 11 milhões de brasileiros. O cartão de crédito aparece em segundo lugar e foi o que levou mais de 9.9 milhões de CPFs para a dívida. Créditos consignados e financiamento de veículos são outros tipos de inadimplência frequentes também.

Em 2023, o total de acordos referentes a dívidas de empréstimos ultrapassou 3.7 milhões. Em segundo lugar, foram as dívidas com despesas de cartões de créditos que acumularam 3.5 milhões de acordos.

“Vale lembrar que as dívidas que a Recovery tem sob gestão foram cedidas por bancos, financeiras e outras empresas, através do mercado de cessão de crédito. Empréstimo pessoal e cartão de crédito são, hoje, formas muito utilizadas pelo brasileiro para acessar o crédito, por isso esse número reflete diretamente em nossa base. As dívidas fazem parte do ciclo financeiro de muitas pessoas e renegociar é o melhor passo para quem quer recomeçar uma vida financeira. Recomendo, inclusive, que as pessoas aproveitem o início de ano para entrar em contato com as empresas onde têm dívidas e tentar a renegociação”, conclui a especialista.
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