Comprar em atacarejos pode ser mais barato, mas especialistas alertam para cuidados com desperdíciosDivulgação
Publicado 14/07/2024 05:00
Rio - Comprar nos atacarejos — mercados que vendem tanto na modalidade a varejo quanto no atacado — é 8% mais barato do que em super ou hipermercados. A conclusão faz parte da pesquisa da consultoria NIQ Categorias Scantrack, que a avaliou a competitividade desse tipo de loja. O levantamento levou em consideração o período de janeiro a maio.
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A babá Simone Leal Alves, que tem três filhos, corrobora com o resultado da pesquisa, já que afirma que começou a comprar nesse tipo de mercado por conta dos preços mais baixos.
"O preço é absurdamente diferente dos demais mercados. No atacarejo, eu consigo uma economia considerável, sendo que lá também é possível comprar alimentos de melhor qualidade, alguns de marcas famosas, que aqui fora em outros mercados eu pagaria o mesmo preço em marcas bem inferiores", comenta.
Simone Leal Alves, mãe de três filhos, começou a comprar nesse tipo de mercado pelos preços mais baixos - Arquivo pessoal
Simone Leal Alves, mãe de três filhos, começou a comprar nesse tipo de mercado pelos preços mais baixosArquivo pessoal
O analista de Marketing Digital, Bruno Zenith, pai de dois filhos, também cita as facilidades que o estabelecimento apresenta com um ponto alto para comprar neles.
"Além de encontrar produtos de qualidade e bons descontos por conta da quantidade de produtos adquiridos, gosto de ir neste tipo de rede por conta do espaço da alimentação. Quando vamos no mercado fazer compra do mês e vai ser demorado, aproveitamos para tomar café da manhã ou lanchar. Fazemos tudo em um lugar só", diz ao falar da vantagens. Zenith também acredita que economiza cerca de 20% ao comprar neste tipo de estabelecimento.
Redes em expansão
De acordo com o economista Alessandro Azzoni, o atacarejo passou por uma consolidação durante a pandemia, com alta de 12% em abril de 2022 em comparação ao mesmo período pré-covid, devido a uma mudança de hábito de compras do consumidor.
"Os consumidores passaram a fazer compras em maior quantidade, porém menos vezes, o que se adequa melhor ao modelo de atacarejo", explica.
Além disso, Azzoni cita a busca por preços mais baixos devido à inflação e à perda de renda durante a crise econômica como mais um ingrediente que ajudou esse tipo de rede a se expandir.
"Os atacarejos conseguem oferecer produtos a preços mais competitivos do que os supermercados tradicionais, pois compram em grandes volumes diretamente dos fornecedores e têm uma estrutura de custos mais enxuta", enfatiza.
'Atacarejo se consolidou devido a mudança de hábito de compra do consumidor', diz economista AzzoniDivulgação
A previsão é que as redes mantenham o ritmo de expansão. Dados da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviços (Abaas) e da consultoria Nielsen IQ mostram que, no ano passado, o atacarejo domina 40% da venda de alimentos no Brasil, com mais de 2 mil lojas ativas. A expectativa é de que o setor continue ganhando participação, chegando a 50% das vendas nos próximos anos.
Cuidado com desperdícios
Comprar nos atacarejos pode ser bastante vantajoso, mas especialistas em finanças alertam para alguns cuidados que os consumidores devem ter para evitar cair em pegadinhas. Para a diretora-executiva do Procon Carioca, Renata Ruback, antes de realizar uma compra, é necessário sempre fazer uma pesquisa de preços.
A diretora-executiva do Procon Carioca, Renata RubackDivulgação/Fabio Motta
"Antes de sair para as compras, preparar uma lista do que precisa é importante. É uma iniciativa simples mas que irá auxiliar o consumidor a não adquirir produtos por impulso e acabar comprando itens supérfluos que podem onerar muito o orçamento da família. Apesar do valor mais atrativo, o atacarejo pode se transformar em uma armadilha, caso o consumidor acabe comprando além do necessário", recomenda.
O especialista em finanças Hulisses Dias destaca que, apesar das vantagens econômicas, comprar em atacarejos pode não ser a melhor opção para todos os consumidores.
"Famílias menores ou pessoas que moram sozinhas podem não ter necessidade de grandes quantidades de produtos, e o armazenamento pode ser um problema. Portanto, é essencial que os consumidores avaliem suas necessidades e hábitos de consumo antes de escolher onde fazer suas compras, evitando desperdícios".
Considerar as marcas próprias dos supermercados — que geralmente são mais baratas e de boa qualidade — e utilizar aplicativos e programas de fidelidade que oferecem descontos e cashback são outras medidas citadas por Dias para reduzir ainda mais os gastos.
Principais redes de atacarejo presentes no Rio

Assaí: 20 lojas na cidade do Rio e 19 em outros municípios do Estado, totalizando 39 unidades;

Atacadão: 26 lojas no Estado;

Mega Box: duas filiais no Rio (Olaria e Recreio);

Dom Atacadista: 19 lojas no Estado;

Adonai: 10 lojas na Zona Oeste carioca;

SK Atacarejo: uma loja em Belford Roxo;

Mineirão Atacarejo: uma loja em Itaperuna, no Noroeste Fluminense;
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