Mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu de 4% para 4,05%Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Publicado 22/07/2024 10:18 | Atualizado 22/07/2024 10:19
As projeções dos analistas para a inflação de 2024 e para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiram nesta semana, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 22, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
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A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu de 4% para 4,05%, cerca de um ponto percentual acima do centro da meta, de 3%. A mediana para 2025, horizonte relevante da política monetária, continuou em 3,90%, interrompendo uma sequência de 11 altas seguidas. Um mês antes, ela era de 3,85%.

Considerando as 105 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o IPCA de 2024 passou de 4,04% para 4,07%. A estimativa intermediária para a inflação de 2025 subiu de 3,88% para 3,96%, tomando como base as 105 projeções atualizadas no período.

A partir do ano que vem, a meta de inflação passa a ser contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima do teto ou abaixo do piso por seis meses consecutivos, vai se considerar que o alvo foi perdido.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que o centro da meta continuará em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O alvo e a banda poderão ser alterados pelo colegiado, com base em uma proposta do ministro da Fazenda e antecedência mínima de 36 meses para sua aplicação.

Nos horizontes mais longos, a mediana do Focus para o IPCA de 2026 continuou em 3,60% pela sétima semana consecutiva. A estimativa intermediária para 2027 ficou em 3,50% pela 55ª semana seguida.

As projeções mais recentes do Banco Central indicam IPCA de 4% este ano, 3,4% em 2025 e 3,2% em 2026, considerando o cenário de referência - com dólar em R$ 5,30, evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC), e a trajetória de juros extraída do próprio Focus.

Em um cenário alternativo, no qual a taxa Selic permanece em 10,5% até o fim de 2025, o BC calculou que a inflação seria de 4% este ano e 3,1% no próximo, apenas 0,1 ponto porcentual acima do centro da meta.

Projeção suavizada

A mediana do relatório Focus para a inflação suavizada dos próximos 12 meses subiu de 3,68% para 3,74%. Um mês atrás, ela era de 3,58%. Essa medida deve ganhar importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta de inflação contínua, que valerá a partir de 2025.

O novo regime prevê que o cumprimento da meta seja apurado com base na inflação acumulada em 12 meses. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, será considerado que o Banco Central descumpriu o alvo.

A meta segue tendo como centro 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ela pode ser alterada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por iniciativa do ministro da Fazenda, mas é necessário aguardar um prazo de 36 meses para que uma mudança tenha efeito.

Curto prazo

A mediana do relatório Focus para o IPCA de julho, próxima leitura de inflação a ser divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou de 0,23% para 0,28%. Um mês atrás, era de 0,15%. A estimativa intermediária para o IPCA de agosto avançou de 0,11% para 0,15%, contra 0,10% quatro semanas antes. A mediana para o IPCA de setembro foi de 0,19% para 0,20%. Um mês antes, a taxa era de 0,19%.

O Banco Central estimava IPCA de 0,12% em julho, 0,07% em agosto e 0,21% em setembro, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 subiu de 2,11% para 2,15%, a terceira alta seguida. Um mês atrás, estava em 2,09%. Considerando as 68 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 2,12% para 2,19%.

A estimativa intermediária para o PIB de 2025 caiu de 1,97% para 1,93%, contra 2% um mês antes. Levando em conta apenas as 65 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,89% para 1,92%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2%, como já estavam há 50 semanas e 52 semanas, respectivamente

O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 2,5% em 2024, conforme o mais recente boletim macrofiscal, divulgado na última quinta-feira, dia 18. O ministro Fernando Haddad, que chefia a pasta, disse que há informações suficientes para sustentar uma mudança na estimativa, mas que pediu "parcimônia" nas revisões.
Déficit primário em relação ao PIB
Economistas do mercado financeiro não mudaram as suas expectativas para a política fiscal após o governo ter anunciado, na semana passada, um congelamento de R$ 15 bilhões em despesas este ano. A mediana do relatório Focus para o déficit primário de 2024 continuou em 0,70% do PIB, como já estava havia um mês. Mesmo considerando apenas as 27 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a projeção também se manteve em 0,70% do PIB.

O anúncio da contenção foi feito na última quinta-feira, 18, e o Focus divulgado hoje leva em conta projeções inseridas no sistema do Banco Central até sexta-feira. Hoje, o governo divulgará o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, com projeções para o resultado do ano.

A meta de 2024 é atingir um déficit zero, com tolerância de até 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos.

A mediana para o déficit primário de 2025 passou de 0,66% para 0,67% do PIB, contra 0,60% uma mês atrás. O alvo do ano que vem também é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto para cima ou para baixo.

Nominal

A mediana do Focus sugere déficit nominal de 7,20% do PIB este ano, contra 7,25% há uma semana. Um mês atrás, a projeção era de 7,20%. A estimativa intermediária para 2025 sugere déficit nominal de 6,50% do PIB, o mesmo nível de uma semana atrás, contra 6,48% há um mês.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 continuou em 63,70%, contra 63,68% um mês antes. A estimativa intermediária para 2025 ficou em 66%, o mesmo nível da semana anterior. Um mês antes, era de 66,50%.
Selic
A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 10,5% pela quinta semana consecutiva. Considerando apenas as 84 respostas dos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária também se manteve em 10,5%.

Na decisão mais recente, de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve os juros em 10,5%, por unanimidade, e comunicou a "interrupção" do ciclo de cortes. O colegiado volta a se reunir nos dias 30 e 31, quarta e quinta-feira da próxima semana.

A mediana do Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 9,5% pela quinta semana consecutiva. Considerando as 84 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária também é de 9,5%.

Para 2026, a projeção seguiu em 9%, como já estava também há dez semanas. Para 2027, a estimativa também foi mantida em 9%, como já está há nove semanas.
Dólar
A mediana do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2024 subiu de R$ 5,22 para R$ 5,30, contra R$ 5,05 um mês antes. A estimativa intermediária para o fim de 2025 avançou de R$ 5,20 para R$ 5,23, contra R$ 5,15 quatro semanas antes.

Os economistas do mercado também ajustaram as estimativas para a taxa de câmbio de prazos mais longos. A mediana para o dólar no fim de 2026 avançou de R$ 5,20 para R$ 5,23, contra R$ 5,15 um mês antes. A estimativa para 2027 se manteve em R$ 5,21, contra R$ 5,18 quatro semanas atrás.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
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