Publicado 06/08/2024 19:35
Brasília - A comissão técnica montada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para analisar os dados do orçamento secreto - mecanismo revelado pelo Estadão - fechou nesta terça-feira, 6, um cronograma de ações para que seja totalmente cumprida a decisão que derrubou o esquema idealizado no governo Jair Bolsonaro e que perdura no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
PublicidadeA comissão vai apresentar, no próximo dia 21, às 10h, na sala de reuniões da presidência do Supremo, um relatório de mapeamento das informações sobre as emendas de relator e as emendas de comissão. O levantamento é um primeiro passo da centralização dos dados sobre o orçamento secreto. A expectativa é a de que uma primeira versão do painel seja colocada no ar em março do ano que vem.
O levantamento - assim como o painel previsto pelo STF - vai conter informações sobre dois tipos de emendas: as de relator (RP9), que foram usadas para operacionalizar o orçamento secreto; e as emendas de comissão (RP8).
Segundo Dino, as emendas de comissão estão sendo divididas sem publicidade sobre os critérios os critérios de divisão dos recursos e sobre quais parlamentares indicaram as verbas para cada projeto, obra ou município. Por essa falta de controle e transparência, elas são abarcadas pelo comando da Corte máxima, indica o ministro.
A reunião realizada nesta terça, 9, foi marcada durante a audiência de conciliação realizada por Dino na última quinta-feira, 1º. Como mostrou o Estadão, o ministro propôs a centralização das informações sobre a indicação e destinação das emendas parlamentares do orçamento secreto. Durante o encontro, foi constatado que dados não são repassados entre os Poderes, sob o argumento que há "limitações" para a disponibilização dos dados.
O grupo que agora se reúne no STF vai recolher as informações sobre as emendas que compõem o orçamento secreto e estudar como disponibilizar os dados em uma espécie de painel unificado. Segundo Dino, as informações "precisam ser concentradas em um lugar só, de modo acessível para o público, de forma a atender a Constituição"
Logo após a reunião, o ministro do STF fixou critérios para que o Executivo libere valores a título de emendas parlamentares.
Por exemplo, segundo o despacho, o Executivo só vai poder pagar emendas de comissão e restos das emendas de relator (mecanismo inicial do orçamento secreto) "mediante prévia e total transparência e rastreabilidade".
O relatório a ser apresentado pela comissão pretende esclarecer dúvidas suscitadas na audiência de conciliação, além de informar o impacto da decisão de Dino após o encontro.
O documento vai esclarecer:
- Quais dados existem e os que não existem sobre as emendas parlamentares que compõe o orçamento secreto;
- Quais os dados estão disponíveis ao acesso público e em qual endereço;
- Quem são os detentores das informações não publicadas;
- Quais políticas públicas estão prejudicadas com a suspensão das emendas determinada pela decisão de Flávio Dino
- Quais podem continuar por terem atendido exigências da decisão do Tribunal
O estudo será realizado por uma comissão de representantes da Controladoria-Geral da República, do Tribunal de Contas da União, da Secretaria de Relações Institucionais, da Secretaria de Orçamento e Finanças, do Ministério do Planejamento e Orçamento, e da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil.
O grupo é liderado por Guilherme Resende, economista da presidência do STF.
O relatório, no entanto, é apenas o primeiro passo no cronograma montado pela comissão para derrubar de vez o orçamento secreto. A apresentação do relatório, no dia 21, servirá como um marco para a contagem de prazo de outras medidas que a comissão técnica vai desenvolver.
21 de setembro
Após a conclusão do mapeamento, será concedido um prazo de 30 dias para que o Legislativo e o Executivo apresentem à comissão técnica dados que ainda não estejam disponibilizados e, consequentemente, não constarão do mapeamento. O grupo deve sugerir uma padronização da apresentação dos dados.
Fevereiro de 2025
Depois, 180 dias após a apresentação do relatório deverão ser apresentados dados por Estados e municípios que são beneficiários das emendas parlamentares.
Março de 2025
O terceiro passo será a disponibilização, pela CGU, dos dados consolidados das emendas de relator e de comissão. A consolidação consistirá em uma primeira versão do painel do orçamento secreto - plataforma única (portal da transparência, de amplo e fácil acesso público. O prazo para tal item do cronograma é de 20 dias após a apresentação de dados por Estados e municípios.
Setembro de 2025
A quarta fase prevista pela comissão é a alimentação da plataforma já lançada com os dados passados sobre as emendas parlamentares, seguindo os parâmetros que já foram traçados. O prazo para a conclusão de tal medida é de mais 180 dias.
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