Mediana para o IPCA de 2024 subiu pela oitava semana consecutiva, de 4,26% para 4,30%Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Publicado 09/09/2024 09:55
As projeções dos analistas para a inflação de 2024 e para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiram nesta semana, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 9, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
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A mediana para o IPCA de 2024 subiu pela oitava semana consecutiva, de 4,26% para 4,30%, aproximando-se ainda mais do teto da meta, de 4,50%. Parte desse salto para cima pode ser explicado pela projeção de alta dos preços administrados, que subiu de 4,79% para 4,83%.

Esse quadro pode estar relacionado ao anúncio da adoção da bandeira vermelha 2 na noite de 30 de agosto, quando não havia tempo hábil para atualização das estimativas de IPCA no último relatório Focus. Mas, na última quarta-feira, 4, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revisou a bandeira para vermelha 1.

Tudo mais constante, isso poderia resultar em uma diminuição da mediana de IPCA para 2024. Economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast calculavam que a bandeira vermelha 2 poderia adicionar entre 0,43 e 0,52 ponto porcentual à inflação, se mantida até dezembro. O impacto da bandeira vermelha 1 seria significativamente menor, entre 0,24 e 0,28 ponto.

Ainda não é possível saber o quanto as estimativas do Focus já captaram essa mudança, já que os analistas do mercado têm mais incentivos para revisar as suas projeções nas chamadas "datas-críticas", as sextas-feiras que antecedem reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). A próxima delas é no dia 13.

Nos últimos cinco dias úteis, por exemplo, 63 instituições revisaram as estimativas de IPCA, de um universo de 151 respondentes. Nessa base, a mediana passou de 4,26% para 4,37%. As 29 revisões nas estimativas para os preços administrados dos últimos cinco dias úteis fizeram a mediana para o grupo saltar de 4,79% para 5,01%.

2025

A mediana para o IPCA de 2025 se manteve em 3,92%, de 3,97% um mês antes. Considerando apenas as 63 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 3,85% para 4,0%. A estimativa intermediária para os preços administrados passou de 3,85% para 3,81%.

No último ciclo de comunicações, o Copom informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses atinja 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.

O BC espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.

As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta, em 3,60% no caso de 2026 e 3,50% em 2027, pela 14ª e 62ª semana consecutiva, respectivamente.

PIB
A mediana do relatório para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 subiu pela quarta semana consecutiva, de 2,46% para 2,68%. Um mês antes, era de 2,20%. Considerando apenas 42 das projeções atualizadas nos últimos 30 dias úteis, a mediana disparou de 2,47% para 3,0%.

Essa métrica reflete melhor as revisões feitas desde a última terça-feira, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB do segundo trimestre cresceu 1,4%, bem acima das estimativas.

A mediana do Focus para o crescimento do PIB de 2025 cresceu de 1,85% para 1,90%, contra 1,92% quatro semanas antes. Levando em conta apenas as 42 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,85% para 1,88%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,00%, como já estão há 57 semanas e 59 semanas, respectivamente.
Déficit primário em relação ao PIB
A mediana do relatório Focus para o déficit primário de 2024 se manteve em 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 0,69% um mês atrás. Considerando apenas as 13 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 0,59% para 0,70% do PIB.

Os números continuam distantes da meta deste ano, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou para menos. O próprio governo espera obter um déficit primário de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente em linha com o piso do alvo.

A mediana do Focus para o déficit primário de 2025 passou de 0,76% do PIB para 0,75%, fora do intervalo da meta do ano que vem, que também é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto do PIB. Um mês antes, a projeção era de um déficit de 0,70% do PIB.

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 segue a meta do novo arcabouço fiscal de déficit primário zero no ano que vem em proporção do PIB. As tabelas do documento trouxeram um resultado neutro, equivalente a 0% do PIB, que já desconta cerca de R$ 44 bilhões de gastos com precatórios que ficam fora da meta.

Nominal

A estimativa intermediária do Focus para o déficit nominal de 2024 se manteve em 7,40%, contra 7,30% um mês atrás. A estimativa intermediária para 2025 passou de déficit nominal de 6,50% para 6,75% do PIB.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 passou de 63,65% para 63,70%, o mesmo nível de quatro semanas atrás. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 66,45%, contra 66,20% um mês antes.
Selic
A mediana do mercado para a taxa Selic no fim de 2024 disparou 0,75 ponto porcentual no relatório Focus, de 10,50% para 11,25%, interrompendo uma sequência de 11 semanas de estabilidade e acompanhando a onda de revisões nas projeções deflagrada pela subida de tom do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, no início de agosto.

Várias instituições do mercado vinham anunciando revisões isoladamente, mas o ponto intermediário das estimativas do Focus vinha se mantendo intacto, enquanto os analistas do mercado aguardavam por uma bateria de dados que daria o termômetro sobre a eventual necessidade de o BC voltar a aumentar os juros.

Esses números foram divulgados na semana passada. Na terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre, na margem - mais perto do teto (1,6%) do que da mediana (0,9%) da pesquisa Projeções Broadcast.

Na sexta-feira, o relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não deixou claro se o primeiro corte dos juros no país seria de 0,25 ou 0,50 ponto, mas a expectativa de uma baixa menor acabou se estabelecendo como majoritária.

Embora o BC repita que "não há relação mecânica" entre a política monetária brasileira e a americana, analistas do mercado consideravam que um eventual corte maior de juros em setembro poderia permitir que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantivesse a taxa Selic estável por aqui.

Não à toa, a alta da mediana geral da Selic acompanhou o movimento das estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, que também passaram de 10,5% para 11,25%.

A mediana para a taxa Selic no fim de 2025 também subiu, de 10,0% para 10,25%. Levando em conta as projeções atualizadas os últimos cinco dias úteis, passou de 10,0% para 10,50%. As estimativas intermediárias para o fim de 2026 e 2027 se mantiveram em 9,5% e 9,0%, respectivamente.
Dólar
A mediana do relatório Focus para o dólar no fim de 2024 subiu de R$ 5,33 para R$ 5,35, contra R$ 5,30 um mês antes. A estimativa intermediária para o fim de 2025 se manteve em R$ 5,30, mesmo nível de quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central (BC) espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

 
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