Demanda por funcionários temporários aumenta no fim do anoFreepik
Publicado 29/09/2024 05:00
Com a chegada das festas de fim de ano e o aumento da demanda por produtos e serviços, é normal que as empresas procurem trabalhadores para atender esse crescimento. É aí que surgem as famosas oportunidades de emprego temporário.

A boa notícia para quem está sonhando com uma vaga no mercado de trabalho é que 30% dos empresários do setor de comércio e serviços devem abrir vagas nos próximos meses, sendo aproximadamente 110 mil postos — entre  temporários, informais, efetivos ou terceirizados. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

De acordo com o levantamento, serão contratados, em média, dois profissionais por empresa. Do total de contratados, 54% são para o regime temporário.

Entre os empresários que farão contratações para o fim de ano, as principais razões para a abertura de vagas são: suprir a demanda que aumenta nesse período (55%); confiança devido às boas vendas deste ano (28%); expansão da empresa (22%) e investimento na qualidade dos seus serviços (22%). A soma ultrapassa os 100% porque mais de uma opção pôde ser escolhida.

Mais da metade das empresas (51%) deve oferecer algum tipo de benefício ao colaborador, sendo os principais vale ou auxílio transporte (68%), vale alimentação ou refeição (57%) e participações nos lucros/comissões nas vendas (22%). A respeito do formato do trabalho, 93% das vagas em aberto são para trabalho presencial.

Ganha-ganha

O DIA conversou com o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio), Aldo Gonçalves, que entende que o modelo de trabalho temporário é fundamental para o funcionamento do comércio.

"A contratação temporária é fundamental para o funcionamento do comércio, especialmente em períodos de maior demanda, como datas comemorativas. É um modelo que permite ao empresário ajustar sua equipe de forma flexível, enquanto os trabalhadores têm a oportunidade de entrar ou reentrar no mercado, desenvolver habilidades e, em muitos casos, conquistar efetivação. É, sem dúvida, uma situação de 'ganha-ganha'".

Gonçalves também garante o crescimento do número de vagas no período. "Nos últimos anos, a procura por trabalhadores temporários tem sido consistente, com aumentos de até 10% em períodos como o Natal e o Dia das Mães. Em 2023, por exemplo, o comércio no Rio de Janeiro registrou uma demanda de cerca de 15 mil contratações temporárias durante o fim de ano, demonstrando a importância desse tipo de mão de obra. Para este fim de ano, a expectativa é de números similares".

Dicas para ser contratado

Para entender melhor como agem os recrutadores, O DIA convidou um time de especialistas para falar sobre o tema.

Lúcia Madeira, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio de Janeiro (ABRH-RJ), destacou que umas das principais habilidades que a pessoa precisa ter é a capacidade de lidar com o público.

"As vagas temporárias, na maioria, são para atendimento de público. Portanto, as qualidades mais buscadas são cortesia e comprometimento. Nos empregos temporários nem sempre é exigida experiência, mas [as empresas] buscam atitude, iniciativa e interesse em aprender rápido", explica.

Madeira também citou que algumas mudanças no currículo devem ser feitas na hora de fazer aplicações para cada vaga.

"Alguns shoppings, supermercados e farmácias costumam anunciar as vagas nas próprias lojas. Portanto, circule. Como são contratações rápidas, destaque no seu currículo: o contato. O telefone, e-mail ou Whatsapp indicados devem responder na primeira tentativa; o objetivo (cargo ou área pretendida). Não adianta colocar várias funções. Ajuste o currículo para cada vaga; qualificações que sejam verdadeiras e compatíveis com o cargo pretendido", complementa.
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Lúcia Madeira, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ) - Arquivo Pessoal
Lúcia Madeira, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ)Arquivo Pessoal


Já a coordenadora do curso de Psicologia da Anhanguera de Niterói Ana Cristina Rodrigues, ressaltou a importância de se ter flexibilidade na hora de buscar por um desses empregos. Ela lembra o senso de urgência que as empresas vivenciam nesse período.

"A primeira dica que eu daria é sobre flexibilidade. As empresas estão em busca de pessoas que possam se adaptar a horários mais amplos, como fins de semana, feriados e turnos estendidos. Isso é essencial, já que o comércio funciona em horários diferenciados nesse período", ressalta.

A especialista também lembra que "ter experiência anterior em áreas como atendimento ou vendas pode ser um diferencial, mas não é um requisito obrigatório". "Nessa época, o fluxo de clientes é intenso. Saber lidar com diferentes tipos de pessoas e manter a calma, ser gentil, pode fazer toda a diferença na experiência do cliente e, claro, na sua seleção", alerta.

Já Jhenyffer Coutinho, Líder de Experiência da Pessoa Candidata da Gupy, ressaltou as diferenças nas contratações que acontecem ao longo do ano para estas que atendem uma demanda mais imediata.

"A visão da pessoa recrutadora muda quando são abertas vagas de emprego ao longo do ano e no fim do ano. No caso das vagas sazonais, vemos processos mais rápidos, com menos etapas, pois o RH precisa ser prático — o que acaba levando a contratação de pessoas que já tenham alguma experiência prévia na área em questão. Em uma vaga CLT ou PJ para outras épocas, há um olhar para outros pontos. Por exemplo, o alinhamento cultural que a pessoa tem com a empresa e outras habilidades menos técnicas, já que a pessoa terá mais tempo para se desenvolver no dia a dia de trabalho".

Quem passa e quem já passou por isso

Rennan Laurente, de 33 anos, é um jornalista que busca oportunidade de emprego temporário em alguma área para este fim de ano. "Procuro este tipo te trabalho temporário justamente para fazer uma renda extra nessa época do ano. Isso ajuda bastante nas festas, para se presentear e presentear outras pessoas", diz.

Ele, que mora no Colubandê, em São Gonçalo, conta que ocupou uma vaga temporária, mas que já ajudou outras pessoas a conseguirem. Rennan acredita que uma postura disposta pode ser o diferencial para conseguir uma oportunidade.

"Procuro ser pró-ativo sempre, mostrar interesse e vontade. Busco novas janelas no mercado de trabalho para agregar a minha renda", conta.

Já Tássia Helmold, que atualmente mora em Aveiro, Portugal, tem 33 anos e é uma veterana quando o assunto é emprego temporário. Ela conta suas experiências em Niterói, que já têm mais de uma década.

"Em 2008, trabalhei numa loja de roupa infantil no Plazza Shopping, no Centro. E em 2011, trabalhei em Icaraí numa loja de utilidades domésticas. Em ambas, eu conhecia ao menos um funcionário, e pedi para indicarem meu currículo aos chefes, caso abrisse vaga de fim de ano", contou.

"Em 2008 foi a oportunidade para entrar no mercado de trabalho pela primeira vez. Já em 2011, eu buscava apenas algo para aquele período mesmo. Sem dúvida, foram experiências desafiadoras, pois eu era muito jovem. Mas ambas me deram oportunidades de continuar nas equipes e crescer meu currículo", compartilhou.
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