
Publicado 02/12/2024 19:20
O mercado de juros começou a semana sob volatilidade, tentando corrigir parte das altas consideradas exageradas da semana passada, mas tendo como limitação o cenário de incertezas fiscais, a pressão do câmbio e da deterioração das expectativas de inflação. As taxas curtas, principalmente, estiveram em baixa durante boa parte da sessão, mas reduziram o fôlego no meio da tarde, enquanto a ponta longa tentava permanecer nos níveis dos ajustes anteriores, porém chegava ao fechamento com alta moderada.
PublicidadeA taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 cedeu de 13,96% no ajuste de sexta-feira para 13,88%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 14,08%, de 14,05% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 13,86% (de 13,80).
O DI para janeiro de 2026 foi o destaque da segunda-feira, por mostrar um comportamento mais uniforme, de baixa. Este é o vencimento que capta a percepção dos agentes para as reuniões de política monetária em 2025 e vinha sendo penalizado nas últimas sessões pelo aumento das apostas em um Copom mais agressivo nos próximos meses. A curva chegou a precificar taxa terminal bem próxima a 15%, mas nesta tarde estava em 14,75%.
O economista Victor Beyruti, da DA Economics, afirma que as taxas estavam muito esticadas e o mercado aproveitou para reduzir excessos, apesar da alta do dólar e dos juros dos Treasuries. "Temos um ajuste técnico aparando exageros e o mercado tirando um pouco do radar a possibilidade de alta de 100 pontos-base nas próximas reuniões", disse.
O espaço para correção foi pavimentado ainda na sexta-feira com a sinalização do Congresso de que a discussão sobre o aumento da faixa de isenção da cobrança de imposto de renda para rendimentos até R$ 5 mil ficará para o próximo ano. Além disso, foram bem recebidas as indicações para as diretorias do Banco Central (BC), especialmente a de Nilton David, da tesouraria do Bradesco, para a Política Monetária.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reiterou hoje que a agenda de discussão sobre ampliação da faixa de discussão do IR é algo para 2025. A declaração foi feita em evento da XP Investimentos, em São Paulo, do qual também participou o diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Galípolo reforçou o papel da instituição de reancorar as expectativas de inflação e disse que no descolamento ante as metas há um elemento estrutural, que não responde à ideia de um BC passivo, ainda que exista um movimento conjuntural nas últimas semanas. "Esse é um processo de desancoragem, que já está aí há algum tempo e que nos incomoda há bastante tempo."
Semana a semana as medianas de IPCA vêm se desgarrando dos 3% e, em alguns recortes, dos 4,5% que é o teto da meta de inflação, mesmo com o mercado ajustando também para cima as expectativas de Selic. A mediana para 2024 atingiu 4,71% e a de 2025, 4,40%. As de 2026 e 2027 foram para 3,81% e 3,50%. A projeção de Selic em 2024 manteve-se em 11,75%, mas a de 2025 (12,25% para 12,63%) e de 2026 (10,00% para 10,50%) subiram.
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