Matemáticos e estatísticos passaram a atuar em conjunto com outros setoresArte: Kiko
Por Bernardo Costa
Publicado 10/06/2018 03:00 | Atualizado 11/06/2018 14:27

Os dados disponíveis na internet, somados à análise feita por matemáticos e estatísticos, equivale ao surgimento de novas oportunidades no mercado de trabalho para esses profissionais. Nesse cenário, eles passaram a atuar em conjunto com os departamentos de marketing e gestão das empresas de todos os setores da economia, em busca de maior eficiência. Em alguns casos, eles são capazes até mesmo de prever o futuro.

Na mineradora Vale, a necessidade de matemáticos e estatísticos para integrar o núcleo de Advanced Analytics, criado há três anos, é uma novidade. Na empresa, eles desenvolvem fórmulas que, aplicadas a grandes conjuntos de dados, podem prever acontecimentos e basear decisões da empresa em todos os setores. Do RH à comunicação.

Rafael Lychowski, líder do setor de Advanced Analytics da Vale, cita um projeto desenvolvido pela equipe recentemente. O modelo está sendo aplicado na manutenção da Estrada de Ferro Carajás, que tem 892 quilômetros de extensão. "Chegamos a uma equação matemática capaz de apontar, com base em dados históricos e inúmeras outras variáveis, a probabilidade de haver dano em determinado trecho da ferrovia com 30 dias de antecedência", explica Lychowski.

No marketing, esses profissionais também estão sendo recrutados para, a partir da análise de dados, auxiliar na formulação de campanhas mais eficazes. Segundo André Lopes, que atua na área de inteligência de mercado da agência IDTBWA, eles são responsáveis por interpretar grandes quantidades de dados para identificar padrões que possam orientar os publicitários. "Esse processo é composto por muitas etapas, que vão desde a coleta dos dados de diversas fontes, passando pelo tratamento e padronização deles e pela manutenção de um banco de dados, até chegar à análise propriamente dita, quando são aplicados os modelos estatísticos para obtenção de insights e recomendações de ações a serem tomadas nas campanhas", diz André Lopes.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Para especialistas em análise de dados, a nova atividade para profissionais de matemática e estatística é hoje uma tendência no mercado. Segundo Rafael Pinho, coordenador do MBA em Big Data da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a demanda por esses profissionais nas empresas cresce cerca de 40% ao ano. "Isso porque todas estão passando pela transformação digital. E um dos aspectos envolvidos nessa mudança é a utilização de dados para melhorar o processo decisório das empresas", explica Pinho.

Segundo André Miceli, coordenador de MBA em Marketing Digital da FGV, as empresas que ainda não criaram o seus setores de análise de dados irão desenvolvê-los nos próximos anos. Expectativa de novas vagas no mercado de trabalho.

NEUROCIÊNCIAS AJUDA NAS VENDAS

Os mais diversos tipos de dados hoje estão disponíveis em um número ilimitado de fontes. Segundo André Miceli, que coordena o MBA em Marketing Digital da FGV, eles estão dentro e fora da empresas. E a primeira atividade do matemático ou estatístico é saber onde buscá-los. "Reunindo dados históricos num site sobre clima, por exemplo, e os confrontando com dados de uma empresa, podemos concluir que certo tipo de produto vende mais se não chover. Isso pode orientar uma série de ações", ilustra.

Embora de forma mais tímida, os neurocientistas também estão ocupando cargos nos times de ciências de dados das empresas. Na Social Miner, plataforma de engajamento que ajuda e-commerces a vender mais, a neurocientista Bianca Almeida é analista de performance e desenvolve projeto para entender o envolvimento emocional dos internautas nas ações da empresa. "Poderemos ver, através de leitura ocular (tamanho da pupila, caminho percorrido na tela etc,) como as pessoas se engajam em nossas comunicações", explica.

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