Publicado 11/08/2022 21:48
O governo Jair Bolsonaro buscarou minimizar os atos em defesa da democracia realizados ontem pelo País. Bolsonaro, ministros e coordenadores de campanha traçaram a estratégia de colar a iniciativa à oposição e trataram o ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) como algo menor.
"Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente nas redes sociais, após meses de alta nos combustíveis, que elevaram a inflação. "A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual", disse Bolsonaro.
À noite, durante live semanal, Bolsonaro exibiu um exemplar da Constituição Federal de 1988 e indagou: "Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia?" O presidente ainda chamou os manifestos lidos ontem de "pedaço de papel qualquer" e afirmou que o PT deu voto contrário ao texto da Carta Magna brasileira.
Desconforto
Nos bastidores, ministros do Palácio do Planalto admitiram desconforto com os atos e já vinham reclamando que todos se identificavam como democratas e nenhuma ruptura seria positiva para o País. A iniciativa apoiada pelo empresariado, com a entrada da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na articulação de uma carta com 107 adesões, foi a que mais incomodou o Planalto.
Apesar da presença de atores políticos e sociais de todo o espectro ideológico, a avaliação interna do comitê bolsonarista foi a de que as manifestações não vão afetar a decisão de voto em outubro e devem ser tratadas como protesto restrito a opositores e, de forma disfarçada, em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Planalto. Os gritos de "fora, Bolsonaro", em São Paulo, deram munição à resposta governista.
Também com ironia, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) adotaram a mesma linha e disseram que a verdadeira carta da democracia brasileira é a Constituição Federal. "Essa é a carta que o povo brasileiro exige de um presidente da República", disse o filho mais velho do presidente, divulgando a queda no preço da gasolina e do diesel.
"Carta ao Povo Brasileiro: estamos escrevendo a Carta que muda o Brasil para melhor. Combustível mais barato, redução do preço do diesel! Deflação, aumento do emprego! Economia forte, Democracia forte! Parabéns, democrata Jair Bolsonaro!", registrou o titular da Casa Civil.
Poderes
Alvo de Bolsonaro e prestes a passar o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o ministro Alexandre de Moraes, o presidente da Corte, Edson Fachin, divulgou ontem uma carta sobre os manifestos pró-democracia. Em tom contundente, o ministro escreveu que a defesa da ordem democrática "impõe a rejeição categórica do flertar com o retrocesso".
Sem citar o presidente, Fachin disse que a sociedade não pode adiar "a coibição de práticas desinformativas que pretendem, com perfumaria retórica e pretextos inventados, justificar a injustificável rejeição do julgamento popular". Moraes também elogiou os atos. "A Faculdade de Direito da USP foi palco de importantes atos, reforçando o orgulho da solidez e fortaleza da democracia e em nosso sistema eleitoral", postou Moraes.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse que o Congresso não aceita "retrocesso" e "sempre será o guardião da democracia". "A solução para os problemas do País passa pela presença do estado de direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas e ao processo eleitoral."
Aliado do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), destacou a importância da Casa na representação popular. "A Câmara dos Deputados é o coração e a síntese da democracia. Democracia, uma conquista de todos."
"Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente nas redes sociais, após meses de alta nos combustíveis, que elevaram a inflação. "A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual", disse Bolsonaro.
À noite, durante live semanal, Bolsonaro exibiu um exemplar da Constituição Federal de 1988 e indagou: "Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia?" O presidente ainda chamou os manifestos lidos ontem de "pedaço de papel qualquer" e afirmou que o PT deu voto contrário ao texto da Carta Magna brasileira.
Desconforto
Nos bastidores, ministros do Palácio do Planalto admitiram desconforto com os atos e já vinham reclamando que todos se identificavam como democratas e nenhuma ruptura seria positiva para o País. A iniciativa apoiada pelo empresariado, com a entrada da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na articulação de uma carta com 107 adesões, foi a que mais incomodou o Planalto.
Apesar da presença de atores políticos e sociais de todo o espectro ideológico, a avaliação interna do comitê bolsonarista foi a de que as manifestações não vão afetar a decisão de voto em outubro e devem ser tratadas como protesto restrito a opositores e, de forma disfarçada, em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Planalto. Os gritos de "fora, Bolsonaro", em São Paulo, deram munição à resposta governista.
Também com ironia, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) adotaram a mesma linha e disseram que a verdadeira carta da democracia brasileira é a Constituição Federal. "Essa é a carta que o povo brasileiro exige de um presidente da República", disse o filho mais velho do presidente, divulgando a queda no preço da gasolina e do diesel.
"Carta ao Povo Brasileiro: estamos escrevendo a Carta que muda o Brasil para melhor. Combustível mais barato, redução do preço do diesel! Deflação, aumento do emprego! Economia forte, Democracia forte! Parabéns, democrata Jair Bolsonaro!", registrou o titular da Casa Civil.
Poderes
Alvo de Bolsonaro e prestes a passar o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o ministro Alexandre de Moraes, o presidente da Corte, Edson Fachin, divulgou ontem uma carta sobre os manifestos pró-democracia. Em tom contundente, o ministro escreveu que a defesa da ordem democrática "impõe a rejeição categórica do flertar com o retrocesso".
Sem citar o presidente, Fachin disse que a sociedade não pode adiar "a coibição de práticas desinformativas que pretendem, com perfumaria retórica e pretextos inventados, justificar a injustificável rejeição do julgamento popular". Moraes também elogiou os atos. "A Faculdade de Direito da USP foi palco de importantes atos, reforçando o orgulho da solidez e fortaleza da democracia e em nosso sistema eleitoral", postou Moraes.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse que o Congresso não aceita "retrocesso" e "sempre será o guardião da democracia". "A solução para os problemas do País passa pela presença do estado de direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas e ao processo eleitoral."
Aliado do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), destacou a importância da Casa na representação popular. "A Câmara dos Deputados é o coração e a síntese da democracia. Democracia, uma conquista de todos."
Por Felipe Frazão, Iander Porcella, Izael Pereira, Weslley Galzo e Bruno Luiz
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.