Publicado 16/09/2022 08:35
Oito anos depois de apoiar Aécio Neves (PSDB) no 2° turno da campanha presidencial, a ex-ministra Marina Silva, que disputa uma vaga de deputada federal em São Paulo pela Rede, anunciou, na segunda-feira, que se engajaria na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Marina já fazia campanha colada em Fernando Haddad (PT), candidato ao governo. A ideia é ajudar a reduzir o antipetismo em parte da classe média, especialmente no interior, e também entre evangélicos. Ao Estadão, Marina disse que relevou os ataques do PT e que as pesquisas mostram que o eleitorado de Lula hoje é muito maior que a esquerda ou direita.
Em 2014, a sra. foi muito atacada pela campanha da presidente Dilma e o PT. A sra. Relevou?
O tema relevar é o gesto que aconteceu na segunda-feira. Após uma conversa de duas horas em caráter individual houve um compromisso público e transparente em cima de um documento que está sendo reconhecido no mundo inteiro como uma agenda estratégica para tirar o Brasil da condição de pária ambiental. Isso é olhar de baixo pra cima para ver o que está acima de nós. É isso que importa. Quando a banalização do mal ameaça o tecido social, homens e mulheres precisam defender a democracia e depois tratar de suas diferenças. Existem coisas acima de nós. Acima de mim está a democracia, a proteção da Amazônia e a pobreza.
Como a sra., que é evangélica, explica a resistência dos evangélicos a Lula e apoio a Bolsonaro?
Silas Malafaia já esteve com o presidente Lula e com José Serra. Comigo ele nunca esteve. Lideranças como Marcos Feliciano, Magno Malta, Renê Terranova e Bispo Manoel Ferreira já estiveram com Lula e Dilma. Esse papo de que Lula vai fechar igrejas não é verdade. Sou cristã evangélica da Assembleia de Deus e nunca instrumentalizei a fé nem as igrejas em minhas campanhas.
Esse é o momento de defender o voto útil para tentar evitar que tenha 2° turno?
Esse é o momento de mobilizar a sociedade para derrotar Bolsonaro. Temos que nos dirigir aos cidadãos donos de seu voto. Nesse momento difícil da história do Brasil a gente percebe o que Hannah Arendt chama de banalização do mal, contaminando e degradando o tecido social brasileiro. Os homens e mulheres que defendem a democracia têm que se juntar para preservá-la. Fiz o gesto de uma recomposição política e programática. Acredito que o presidente Lula é quem reúne as melhores condições de ajudar o Brasil a derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, que é a banalização do mal.
Em 2018 a sra. foi vítima do voto útil. Neste ano avalia que é necessário?
Em 2018, de fato, isso aconteceu, mas foi uma decisão das pessoas. Não vi um movimento. Por isso eu insisto: vamos dialogar com as pessoas.
Como explica o fato de Bolsonaro levar tanta gente na rua e a dificuldade do campo de apoio a Lula em mobilizar como no passado?
A pontuação do Lula nas pesquisas é muito maior que o recorte de esquerda e direita. São muito mais os brasileiros que não querem a continuidade do Bolsonaro. Não sei fazer a comparação entre as métricas das ruas. O importante é que a métrica da ética, democracia, liberdade de expressão e direitos humanos vai prevalecer em legítima defesa do Brasil.
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