Publicado 27/09/2022 19:08
Rio - Com a aproximação das eleições gerais intensificam-se os questionamentos de grupos políticos às pesquisas de intenções de votos. Entre os eleitores, também aparece a desconfiança: "Nunca me entrevistaram, será que dá para acreditar?"
É necessário ter alguns aspectos em mente para entender uma pesquisa eleitoral. Um deles é que a pesquisa de intenção de votos registra o momento específico da campanha eleitoral em que as entrevistas foram feitas. Aquilo que foi captado, não determina o resultado final das eleições. Fenômenos e incidentes podem levar o eleitorado a mudar a intenção de voto ao longo do tempo, o que só será colhido na pesquisa subsequente.
Outro ponto importante é que as entrevistas são feitas em uma amostra com cotas de diferentes perfis pré-selecionados. O objetivo é reproduzir em um pequeno grupo diferentes segmentos da população brasileira: idade, sexo, faixa de renda, escolaridade, distribuição regional, entre outras características.
É necessário ter alguns aspectos em mente para entender uma pesquisa eleitoral. Um deles é que a pesquisa de intenção de votos registra o momento específico da campanha eleitoral em que as entrevistas foram feitas. Aquilo que foi captado, não determina o resultado final das eleições. Fenômenos e incidentes podem levar o eleitorado a mudar a intenção de voto ao longo do tempo, o que só será colhido na pesquisa subsequente.
Outro ponto importante é que as entrevistas são feitas em uma amostra com cotas de diferentes perfis pré-selecionados. O objetivo é reproduzir em um pequeno grupo diferentes segmentos da população brasileira: idade, sexo, faixa de renda, escolaridade, distribuição regional, entre outras características.
Portanto, para captar as intenções de voto, não basta fazer perguntas aleatoriamente em um ponto da cidade ou do país. A pesquisa eleitoral é feita com rigor estatístico, representando uma amostra cientificamente calculada da população.
"Não adianta parar em um ponto e entrevistar os transeuntes. A pesquisa inclui o trabalho do amostrista, que é um especialista", ressalta o cientista político Paulo D’Ávila, professor do Instituto de Ciências Sociais da UERJ (ICS- PPCIS).
D’Ávila explica que um levantamento com 2.600 entrevistados, por exemplo, pode ser suficiente para uma pesquisa com alto índice de confiança. Esse número representa apenas 0,001% do eleitorado brasileiro, formado por cerca de 156 milhões de pessoas.
Não é estranho, portanto, que o leitor não tenha sido entrevistado, já que a amostragem necessária para uma boa pesquisa é muito baixa em relação ao universo de eleitores brasileiros.
As amostras nacionais do Datafolha têm entre 2.000 e 2.500 entrevistas. O instituto explica que não há tamanho mínimo ou ideal para uma amostra eleitoral. O mais importante é a sua representatividade, ou seja, como são selecionados os entrevistados.
Em ano eleitoral, empresas e entidades que realizam pesquisas de opinião pública são obrigadas a registrá-las em até cinco dias antes da sua divulgação. Esse registro é feito no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), que é público.
Registro no TSE não atesta credibilidade
Apesar do registro na Justiça Eleitoral ser obrigatório, o TSE não controla o resultado das pesquisas. O registro da pesquisa não atesta que o método e o resultado sejam confiáveis.
O diretor-presidente do Conselho Científico do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), Antonio Lavareda, aponta que um bom indicador é se o instituto responsável realizou pesquisas que se aproximaram do resultado eleitoral nas últimas eleições.
"Tem que verificar se esse instituto fez pesquisa na eleição passada e qual foi o resultado. Se tiver sido muito diferente ou se sequer realizou pesquisa no último pleito, o eleitor já deve ficar de orelha em pé com o conteúdo", recomenda.
O cientista político Paulo D’Ávila, que ministra um curso de acompanhamento eleitoral no Instituto de Ciências Sociais da Uerj (ICS- PPCIS), também dá algumas dicas para verificar se uma pesquisa tem credibilidade.
"É importante observar quem financia a pesquisa. É um dos participantes do pleito? Há institutos que fazem pesquisa para participantes do jogo, o que representa certo conflito. É interessante verificar pesquisas cujos contratantes não têm interesse direto no jogo. Os veículos de comunicação, por exemplo, pedem pesquisas porque querem comentar de forma confiável a corrida eleitoral”, indica.
Pesquisas falsas
O diretor do Ipespe Antonio Lavareda alerta para o uso de pesquisas tendenciosas para espalhar desinformação. "Registro no TSE é um procedimento normal, burocrático. Não significa carimbo de autenticidade. O receio que a sociedade deve ter é de pesquisas de boca de urna serem divulgadas com o objetivo de contestar o resultado final da eleição", destaca Lavareda.
As pesquisas fakes, explica o diretor do Ipespe, são pseudo levantamentos: pesquisas propositalmente mal-feitas ou que sequer foram realizadas. Todas com objetivo de espalhar desinformação. "Essas pesquisas fake podem ser difundidas nas redes sociais no fim da tarde do domingo (2) para provocar confusão e contestar os resultados oficiais", afirma o cientista político.
Lavareda cita sinais que devem ligar o alerta dos eleitores para essas 'fake pesquisas': "São, em geral, autofinanciadas, sem nenhum cliente ou demandante. Caem de paraquedas e destoam dos resultados de institutos abalizados", comenta.
As informações elencadas pelo professor podem ser verificadas no registro das pesquisas na Justiça Eleitoral. Todos os institutos devem apresentar quem contratou e quem pagou a pesquisa, com os respectivos Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) ou Cadastros Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJs). Também devem ser informados o valor e origem dos recursos, a metodologia usada e o período de realização do levantamento.
O cientista político Paulo D’Ávila recomenda observar se o instituto realiza pesquisas como atividade principal, inclusive fora do período eleitoral. "Há institutos que vivem de fazer boas pesquisas. Para estes, é importante acertar", explica. "Toda pesquisa pode ter problemas, mas os bons institutos criam mecanismos para corrigi-los. Você só sabe quando a pesquisa está certa com o resultado da eleição", pondera D’Ávila. A margem de confiança praticada pelos principais institutos de pesquisa eleitoral é de 95%.
"Não adianta parar em um ponto e entrevistar os transeuntes. A pesquisa inclui o trabalho do amostrista, que é um especialista", ressalta o cientista político Paulo D’Ávila, professor do Instituto de Ciências Sociais da UERJ (ICS- PPCIS).
D’Ávila explica que um levantamento com 2.600 entrevistados, por exemplo, pode ser suficiente para uma pesquisa com alto índice de confiança. Esse número representa apenas 0,001% do eleitorado brasileiro, formado por cerca de 156 milhões de pessoas.
Não é estranho, portanto, que o leitor não tenha sido entrevistado, já que a amostragem necessária para uma boa pesquisa é muito baixa em relação ao universo de eleitores brasileiros.
As amostras nacionais do Datafolha têm entre 2.000 e 2.500 entrevistas. O instituto explica que não há tamanho mínimo ou ideal para uma amostra eleitoral. O mais importante é a sua representatividade, ou seja, como são selecionados os entrevistados.
Em ano eleitoral, empresas e entidades que realizam pesquisas de opinião pública são obrigadas a registrá-las em até cinco dias antes da sua divulgação. Esse registro é feito no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), que é público.
Registro no TSE não atesta credibilidade
Apesar do registro na Justiça Eleitoral ser obrigatório, o TSE não controla o resultado das pesquisas. O registro da pesquisa não atesta que o método e o resultado sejam confiáveis.
O diretor-presidente do Conselho Científico do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), Antonio Lavareda, aponta que um bom indicador é se o instituto responsável realizou pesquisas que se aproximaram do resultado eleitoral nas últimas eleições.
"Tem que verificar se esse instituto fez pesquisa na eleição passada e qual foi o resultado. Se tiver sido muito diferente ou se sequer realizou pesquisa no último pleito, o eleitor já deve ficar de orelha em pé com o conteúdo", recomenda.
O cientista político Paulo D’Ávila, que ministra um curso de acompanhamento eleitoral no Instituto de Ciências Sociais da Uerj (ICS- PPCIS), também dá algumas dicas para verificar se uma pesquisa tem credibilidade.
"É importante observar quem financia a pesquisa. É um dos participantes do pleito? Há institutos que fazem pesquisa para participantes do jogo, o que representa certo conflito. É interessante verificar pesquisas cujos contratantes não têm interesse direto no jogo. Os veículos de comunicação, por exemplo, pedem pesquisas porque querem comentar de forma confiável a corrida eleitoral”, indica.
Pesquisas falsas
O diretor do Ipespe Antonio Lavareda alerta para o uso de pesquisas tendenciosas para espalhar desinformação. "Registro no TSE é um procedimento normal, burocrático. Não significa carimbo de autenticidade. O receio que a sociedade deve ter é de pesquisas de boca de urna serem divulgadas com o objetivo de contestar o resultado final da eleição", destaca Lavareda.
As pesquisas fakes, explica o diretor do Ipespe, são pseudo levantamentos: pesquisas propositalmente mal-feitas ou que sequer foram realizadas. Todas com objetivo de espalhar desinformação. "Essas pesquisas fake podem ser difundidas nas redes sociais no fim da tarde do domingo (2) para provocar confusão e contestar os resultados oficiais", afirma o cientista político.
Lavareda cita sinais que devem ligar o alerta dos eleitores para essas 'fake pesquisas': "São, em geral, autofinanciadas, sem nenhum cliente ou demandante. Caem de paraquedas e destoam dos resultados de institutos abalizados", comenta.
As informações elencadas pelo professor podem ser verificadas no registro das pesquisas na Justiça Eleitoral. Todos os institutos devem apresentar quem contratou e quem pagou a pesquisa, com os respectivos Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) ou Cadastros Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJs). Também devem ser informados o valor e origem dos recursos, a metodologia usada e o período de realização do levantamento.
O cientista político Paulo D’Ávila recomenda observar se o instituto realiza pesquisas como atividade principal, inclusive fora do período eleitoral. "Há institutos que vivem de fazer boas pesquisas. Para estes, é importante acertar", explica. "Toda pesquisa pode ter problemas, mas os bons institutos criam mecanismos para corrigi-los. Você só sabe quando a pesquisa está certa com o resultado da eleição", pondera D’Ávila. A margem de confiança praticada pelos principais institutos de pesquisa eleitoral é de 95%.
Quanto mais próximas da eleição, mais certeiras
O professor da Uerj acrescenta que, como as pesquisas funcionam como "retratos" de cada período, são mais certeiras quanto mais próximas ao pleito. Portanto, a última delas, conhecida como 'boca de urna', é a que se aproxima mais do resultado final das eleições.
O instituto Datafolha explica em seu site que a pesquisa é a fotografia de um momento específico dentro de um processo dinâmico. Quanto mais demorada a divulgação, maior são as chances do cenário fotografado mudar e os resultados se tornarem defasados. Por isso, o mais adequado é divulgar os resultados tão logo a pesquisa seja finalizada.
Questionado se pode "dar zebra" em uma eleição, o diretor-presidente do Conselho Científico do Ipespe, Antonio Lavareda, lembra que nas últimas oito eleições, os principais institutos de pesquisa, como Ipespe, Datafolha e o antigo Ibope, nunca anunciaram resultados destoantes do resultado eleitoral.
O professor da Uerj acrescenta que, como as pesquisas funcionam como "retratos" de cada período, são mais certeiras quanto mais próximas ao pleito. Portanto, a última delas, conhecida como 'boca de urna', é a que se aproxima mais do resultado final das eleições.
O instituto Datafolha explica em seu site que a pesquisa é a fotografia de um momento específico dentro de um processo dinâmico. Quanto mais demorada a divulgação, maior são as chances do cenário fotografado mudar e os resultados se tornarem defasados. Por isso, o mais adequado é divulgar os resultados tão logo a pesquisa seja finalizada.
Questionado se pode "dar zebra" em uma eleição, o diretor-presidente do Conselho Científico do Ipespe, Antonio Lavareda, lembra que nas últimas oito eleições, os principais institutos de pesquisa, como Ipespe, Datafolha e o antigo Ibope, nunca anunciaram resultados destoantes do resultado eleitoral.
"Os institutos têm acertado a ordem dos mais votados para presidentes e a ocorrência ou não de segundo turno. Como as pesquisas não são prognósticos das eleições, mas fotografias do momento, não se pode exigir precisão dos números", explica Lavareda.
Mesmo em 2018, quando o Estado do Rio elegeu o ex-juiz federal Wilson Witzel, até então desconhecido do eleitorado, a intenção foi captada na pesquisa de boca de urna. Portanto, os institutos não erraram. O que houve foi uma aderência de última hora à candidatura de Witzel por parte do eleitorado.
Mesmo em 2018, quando o Estado do Rio elegeu o ex-juiz federal Wilson Witzel, até então desconhecido do eleitorado, a intenção foi captada na pesquisa de boca de urna. Portanto, os institutos não erraram. O que houve foi uma aderência de última hora à candidatura de Witzel por parte do eleitorado.
"Nas eleições de 2018, muitos resultados surpreenderam. Foi uma onda que varreu alguns estados. A onda bolsonarista trazendo para o topo das pesquisas os candidatos apoiados por Bolsonaro. Mas aquela eleição foi atípica, de outsiders. Esta é uma eleição com candidatos conhecidos", analisa o cientista político do Ipespe.
O DIA verifica conteúdos suspeitos de desinformação no âmbito das Eleições Estaduais no Rio de Janeiro. Envie conteúdo suspeito para o nosso WhatsApp (21) 98762-8248.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.