Lula e Bolsonaro se enfrentam em 2º turno no dia 30 de outubroFoto: Montagem AFP / Pedro Ivo - Agência O Dia
Publicado 04/10/2022 19:29
O PSDB anunciou nesta terça-feira, 4, que decidiu liberar os diretórios estaduais e filiados no 2° turno das eleições presidenciais. A decisão faz com que integrantes do partido possam escolher livremente entre os dois candidatos que disputam o segundo turno presidencial. Integrantes da Executiva do partido se reuniram virtualmente nesta tarde para discutir a decisão que tomariam sobre a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Palácio do Planalto.

A sigla estava dividida. Nomes como José Serra (PSDB-SP) e José Aníbal (PSDB-SP), que apoiaram Tebet no primeiro turno, agora são procurados para estarem com Lula. Como mostrou o Estadão, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) é a mais recente adesão tucana à campanha do petista. O ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB-SP) foi o primeiro a puxar a fila e declarou voto no ex-presidente logo no primeiro turno.

Nesta terça, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), candidata a vice-presidente na chapa com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), declarou que votará em branco no 2º turno da corrida ao Palácio do Planalto e não optará nem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Desafeto do PT, Gabrilli publicou uma mensagem em sua rede social, na qual afirma que será uma "oposição sensata".

"Não dou meu voto para nenhum dos dois. Fico ao lado dos brasileiros e apoiarei o governo que defender meus ideais de país: inclusão, ciência, combate à corrupção, à fome e desigualdade", escreveu. "Serei sempre construção."

A chapa das duas senadoras obteve 4,9 milhões de votos (4,6$ do total) no 1º turno e ficou em terceiro lugar. Na noite de domingo, após a apuração dos votos, Simone Tebet disse, ao lado de Gabrilli, que não vai ficar neutra nesta fase da eleição.

"Eu sou uma política que respeita o processo partidário, o processo eleitoral, mas, no máximo, em 48 horas, vocês decidam porque eu vou me pronunciar", disse ela ao fazer seu primeiro pronunciamento após o resultado do primeiro turno. Em entrevista ao G1 em junho, Tebet já disse que estaria "no palanque que defende a democracia" caso não fosse ao segundo turno.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) foi ao Aeroporto de Congonhas na tarde desta terça, para se encontrar com Bolsonaro e anunciar seu "apoio incondicional" à reeleição do atual chefe do Executivo. O encontro ocorreu após negociações para também celebrar a adesão do tucano à campanha do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que saiu à frente nas urnas no primeiro turno.

O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) também anunciou voto em Bolsonaro. O parlamentar foi reeleito com 98 mil votos.

"Sendo coerente com a minha trajetória, meus valores e com a minha luta histórica contra a corrupção, o retrocesso e as mentiras do PT, eu declaro apoio formal e voto para o atual presidente Jair Bolsonaro e para o candidato ao governo do Estado de São Paulo, Tarcísio Freitas", escreveu em uma rede social.
Aloysio Nunes: Apoio de Garcia a Bolsonaro é uma vergonha e me constrange
Quadro histórico do PSDB e apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde o 1° turno, o ex-chanceler e ex-senador Aloysio Nunes criticou duramente a decisão do governador Rodrigo Garcia (PSDB) de apoiar "incondicionalmente" o presidente Jair Bolsonaro (PL) no 2° turno da disputa pelo Palácio do Planalto e a neutralidade da direção nacional tucana.

"É uma vergonha, é o fim do mundo. Esse apoio do Rodrigo ao Bolsonaro me constrange. Nem sei se constrange mais o PSDB. É um absurdo o partido ficar indiferente a essa ameaça à democracia que se avizinha", disse Aloysio ao Estadão.

Derrotado no 1° turno, Garcia anunciou apoio ao presidente no momento em que o PT e Lula tentavam abrir canais de diálogo para ter o apoio formal do PSDB.

Outros quadros da velha guarda do PSDB como Tasso Jereissati (CE) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendem o apoio a Lula, mas a maioria da pequena bancada eleita do partido tem um perfil mais conservador e à direita.

O ex-deputado Roberto Freire, presidente do Cidadania, que está em uma federação com o PSDB, também defendeu o apoio a Lula, o que aprofundou o racha no que sobrou do PSDB.

Aloysio classificou como "masoquismo" um possível apoio do PSDB paulista à candidatura do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo.

Na disputa presidencial de 2014, quando o PSDB registrou seu melhor resultado desde os governos FHC, Aloysio foi o candidato a vice de Aécio Neves.
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