Publicado 24/10/2022 14:50
Após o anúncio da prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) na noite deste domingo (23) , o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem tentado desvincular a sua imagem à do ex-parlamentar. Em postagem nas redes sociais, o chefe do Executivo se referiu a Jefferson como "bandido" e prestou solidariedade aos policiais que ficaram feridos durante a troca de tiros com o presidente afastado do PTB .
O chefe do Planalto chegou a dizer que "não existe qualquer ligação" entre ele e o ex-parlamentar e que não há "foto" dos dois - entretanto, há registros que mostram a existência de uma relação entre eles nos últimos anos.
Durante uma reunião no Palácio do Planalto em setembro de 2020, o ex-deputado convidou o presidente para se filiar ao PTB para concorrer às eleições. Registros do encontro foram compartilhados no perfil oficial do partido no Facebook.
Em uma publicação de 14 de abril de 2021 feita no Instagram de Jefferson, o ex-deputado aparece ao lado do chefe do Executivo e escreveu: "Meu presidente encarna todos os meus credos. Prometo defendê-lo enquanto pólvora tiver."
Em maio de 2021, de Graciela Nienov, que viria a ser a presidente do PTB, compartilhou outro encontro entre Jefferson e Bolsonaro. "Discutimos ações partidárias integradas e com participação do PTB Mulher. Grandes novidades pela frente. O PTB está junto com nosso Presidente Bolsonaro pro que der e vier. Vamos juntos defender a família brasileira. #FechadoComBolsonaro" , escreveu.
A prisão preventiva de Jefferson foi decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes em agosto de 2021, após o ex-deputado fazer ataques aos ministros do Supremo e às instituições.
Jefferson também tentava, na ocasião, atrair nomes bolsonaristas ao seu partido, o PTB: houve convites a Daniel Silveira, à época no PSL, assim como ao ex-ministro Ernesto Araújo e a Mayra Pinheiro, que foi secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, conhecida como “Capitã Cloroquina”. Mais tarde, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, se filiaria ao partido em meio a elogios a Jefferson .
Bolsonaro criticou prisão de Roberto Jefferson e Daniel Silveira
Em agosto de 2021, quando Roberto Jefferson e Daniel Silveira foram presos, Bolsonaro se manifestou de maneira crítica a Moraes - o presidente disse que as prisões não poderiam ser aceitas "passivamente".
Na época, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltava a negociar a filiação do pai ao PTB, que seguia comandado por Jefferson remotamente, já que ele estava em prisão domiciliar.
As tentativas de aproximar o PTB a Jair Bolsonaro foram muitas, mas diminuíram quando causaram uma briga interna no partido, já que uma ala da sigla não concordava a associação do PTB ao bolsonarismo.
A relação entre os dois se estremeceu em outubro do ano passado, quando Bolsonaro tentava se aproximar de figuras do Centrão como Valdemar da Costa Neto (PL) e Ciro Nogueira (PP).
Na época, Jefferson escreveu carta de dentro do complexo penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio, com críticas ao presidente e a seu filho Flávio, dizendo que estavam tomados pelo "vício nas facilidades do dinheiro público". O presidente do PTB chegou a cogitar o convite para o vice-presidente Hamilton Mourão, à época no PRTB, para concorrer pela sigla petebista.
'Longa história com Jefferson'
Em janeiro deste ano, Bolsonaro voltou a se reunir com Nienov, que reafirmou o apoio do PTB à reeleição do presidente. Na ocasião, o chefe do Planalto disse ter "uma longa história com o Roberto Jefferson".
"Estou recebendo a Graciela aqui, ela é presidente do PTB. Tem uma longa história com Roberto Jefferson também. Já fui do PTB. E obviamente o partido nos apoia e estará junto conosco... Ou melhor, continuará junto conosco ao longo deste ano e nos outros anos também", disse Bolsonaro, no início do ano, antes de mandar um "abraço" ao ex-deputado.
Pouco depois de Bolsonaro dar o perdão presidencial à condenação de Silveira, em abril deste ano , a ex-deputada federal Cristiane Brasil, filha de Jefferson, afirmou que, se fosse preciso, poderia pedir ajuda ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para dar o indulto a seu pai. O desejo, àquela época, teve o reforço de Marcus Vinícius Neskau, atual presidente petebista.
"Se lá na frente precisarmos pedir isso ao presidente, se ele puder, com certeza vai nos ajudar", disse Cristiane, na ocasião.
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