Publicado 08/11/2022 11:12
São Paulo - Agremiação de Jair Bolsonaro, o Partido Liberal (PL) vai reafirmar lealdade ao presidente derrotado no segundo turno e se posicionar formalmente na oposição ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com parlamentares da sigla, o anúncio será feito na tarde desta terça-feira, 8, em Brasília, pelo presidente do partido, o ex-deputado Valdemar Costa Neto. Será a primeira entrevista coletiva do dirigente, ex-aliado do PT que chegou a ser preso como um dos ícones do escândalo do mensalão, em dez anos.
Impulsionado pelo desempenho do bolsonarismo no primeiro turno das eleições, o PL conquistou as maiores bancadas do Congresso Nacional, com 99 deputados e 14 senadores (6 escolhidos em 2022) Segundo parlamentares da legenda e líderes bolsonaristas, o movimento da sigla faz parte de uma estratégia para tentar frear o assédio de petistas à bancada da sigla na Câmara no momento em que Lula se aproxima do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que já planeja sua campanha à reeleição à frente da Câmara.
O PL estabeleceu como meta eleger o próximo presidente do Senado e vai tentar um acordo com o PP para emplacar Carlos Portinho (PL-RJ), um nome considerado moderado. Em troca, a legenda pode apoiar Lira, que, assim, ficaria menos dependente de um acordo com o PT.
Apontados como nomes fortes para presidir o Senado caso Bolsonaro vencesse no segundo turno, os também liberais Flávio Bolsonaro (RJ) e Rogério Marinho (RN) perderam força por serem muito identificados com o presidente.
Punição
Ainda há divergências nas bancadas eleitas do PL sobre como serão tratados os parlamentares que não seguirem a orientação da executiva e apoiarem pautas do novo governo. A ala mais ligada ao bolsonarismo defende punição aos parlamentares que não respeitarem as decisões da executiva, que terá Bolsonaro como presidente de honra a partir de 2023.
A expectativa entre políticos governistas é de que a ala pragmática das bancadas do PL vai aderir gradualmente à agenda do Palácio do Planalto a partir da mudança de governo. "O poder de atração do Executivo é muito grande. Não tenho dúvida de que o bolsonarismo será minoritário no Congresso. A tendência é o PL ficar isolado", afirmou o cientista político Carlos Melo, professor do Insper.
De acordo com Melo, após a vitória de Lula nomes sem experiência política eleitos na onda do bolsonarismo, como os ex-ministros Marcos Pontes (PL-SP), Sérgio Moro (União Brasil-PR) e Damares Alves (Republicanos-DF), tendem a ficar isolados das comissões mais importantes do Senado e distantes das articulações políticas. "Eles são relevantes no bolsonarismo, mas não no debate público nacional", disse o professor.
Pelas contas de políticos da federação que engloba PT, PCdoB e PV, a base de Lula no Senado pode chegar a 51 senadores caso o presidente eleito feche acordo com outros partidos, incluindo siglas do Centrão.
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