Tarcísio Motta na sabatina do 'Movimento Rio em Frente'Eduardo Uzal / Divulgação / Agência O Dia
Publicado 30/08/2024 17:45 | Atualizado 30/08/2024 17:46
Rio - Dando continuidade ao último dia da 6ª edição do 'Movimento Rio em Frente', o candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Tarcísio Motta, participou da série de entrevistas com os prefeitáveis da capital carioca apresentada pela Fecomércio-RJ no auditório da sua sede, no Flamengo, Zona Sul. A realização do evento é dos jornais O DIA e MEIA HORA, em parceria com o SBT e Veja Rio.
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Motta, que sucedeu ao candidato Cyro Garcia (PSTU), falou sobre algumas de suas propostas para a cidade com a apresentadora Isabele Benito, âncora do SBT Rio. Entre os seus projetos estão zerar o déficit habitacional e aumentar de R$ 400 para R$ 900 o valor do aluguel social para moradores que tiverem as casas derrubadas por fortes chuvas.

Confira abaixo os principais trechos da conversa, que foi transmitida ao vivo pelas plataformas digitais do DIA, como YouTube e Facebook, e também pelo SBT News.


Você diz que, se eleito for, vai zerar a fila das creches até 2028. Somente neste ano, mais de dez mil crianças não conseguiram vagas nas creches existentes no município. Você acredita que construindo mais creches o problema pode ser solucionado?

Tarcísio Motta - A creche é um direito da criança e uma necessidade da mãe trabalhadora. O município precisa garantir que toda criança tenha uma vaga na creche e que ela estude em horário integral. Acreditamos na educação plena, e precisamos olhar para cada bairro onde o déficit de creche está maior para priorizarmos e facilitarmos a logística das mães. Sobretudo na Zona Oeste, no Anil, em Rio das Pedras, Campo Grande. Nosso compromisso de ter creche com todo mundo é compromisso com a criança e com a mãe trabalhadora, palavra de professor. A escola é feita por diversos atores. Luto pelo direito dos profissionais de educação, por salários dignos e, consequentemente, pela educação de qualidade para todos. O professor precisa ter tempo de planejar aula; desenhar estratégias para cada turma. Respeitar e valorizar o profissional tem um reflexo imediato na qualidade da educação. Isso torna a aula do professor melhor, a relação dele com o aluno melhor.


Uma de suas principais propostas de governo é o de tratar o uso abusivo de drogas como uma questão de saúde pública. Quais as suas demais propostas para a Saúde?

Tarcísio Motta - O prefeito é quem responde pela garantia de saúde do cidadão que mora no seu município. Seja da atenção primária, clínica da família, ao saneamento básico, alimentação saudável, merenda escolar de qualidade, que também são promoção de saúde. Cada real investido em saneamento básico são cinco reais a menos a serem investidos na saúde. A fila do Sistema de Regulação (Sisreg) é uma forma de organizar, o problema é que hoje faltam médicos. A prefeitura devolveu 90 mil pessoas da fila do Sisreg para parecer que a fila estava andando. Temos que articular hospitais federais, universitários, municipais. Ampliar o atendimento das policlínicas, para acelerar o atendimento da fila do Sisreg. O problema não vai ser resolvido sem a contratação de mais médicos. A fila cresce porque a demanda cresce e são poucos os médicos especialistas. E tem que organizar a rede. Não dá para cada hospital fazer uma coisa.

A violência tem sido um dos grandes problemas do Rio de Janeiro. Como ajudar o Estado a enfrentar a violência?

Tarcísio Motta - Não podemos naturalizar que a única forma de resolver a questão da segurança pública no Rio de Janeiro é através de operação policial. O problema da segurança não é só de polícia. O Governo Federal e estadual fazem o policiamento ostensivo, que não é atribuição do município. Mas a segurança, sim. O sistema único de segurança estabelece as obrigações do município, de ordenamento e zeladoria urbana. É preciso atacar o bolso das organizações criminosas. Grupos armados se valem da falta de política de habitação para vender casas para a população mais pobre. Quantas moradias populares foram construídas para os moradores da favela no último ano? Enquanto a prefeitura não fizer nada para garantir o direito à habitação, o cidadão armado vai fazer isso. O plano municipal tem que desarticular o mercado ilegal de imóveis, tirar o dinheiro que está entrando no bolso das organizações criminosas diminui o problema da violência urbana, é preciso trabalhar com a prevenção.

Alguns candidatos defendem armar a Guarda Municipal. Você vai no sentido contrário e quer proibir o uso de armas pelos agentes. O que o leva acreditar que o desarmamento é uma solução?

Tarcísio Motta - Sou contrário ao armamento da guarda municipal, hoje restrita à vilã de camelô, artista de rua e motorista de aplicativo. Os agentes podem relatar para o prefeito, subprefeito os problemas de infraestrutura nas praças e demais espaços públicos, agir para ter conhecimento no miúdo da cidade . E a presença dos guardas municipais inibe pequenos furtos, crimes do dia a dia. Ampliar o número de agentes armados no cotidiano vai aumentar os tiroteios, vai fazer dos guardas alvos para quem queira tomar as armas deles, eles vão ser cooptados para fazer parte desses grupos armados, mais corpos negros vão ser vítimas de balas perdidas. O papel da prefeitura é organizar o espaço urbano, é prevenir. E a Guarda Municipal não deve ter papel ostensivo de outra polícia.

Você defende para o setor de transporte que as bicicletas, vans, ônibus, BRT e VLT sejam de graça toda sexta, sábado e domingo no município. O que mais pretende fazer no quesito Transportes?

Tarcísio Motta - O transporte público do Rio de Janeiro é um absurdo, de péssima qualidade. Bilhões de reais saem do bolso do trabalhador e vão para o bolso dos mafiosos das empresas de ônibus. Os contratos foram feitos do jeito que eles queriam e nunca foram cumpridos. Queremos municipalizar o transporte rodoviário, baixar o preço da passagem, chegando até a tarifa zero, o que já é feito em mais de cem cidades do Brasil. Vamos implantar o 'Sextou Carioca', transporte gratuito às sextas, sábados e domingos; e associar isso à entrada gratuita em pontos culturais da cidade.
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