Publicado 06/10/2024 15:32
Rio - Cariocas foram às urnas, neste domingo (6), em todas as regiões da cidade, para votar pelo primeiro turno das eleições de 2024. No pleito deste ano, a população escolhe o prefeito que vai governar o Rio de Janeiro nos próximos quatro anos e também um vereador, cargo responsável por elaborar as leis municipais e fiscalizar a atuação do Executivo.
PublicidadeNa decisão pelo parlamentar que vai ocupar uma cadeira na Câmara Municipal do Rio, a partir de janeiro de 2025, os eleitores afirmam que precisam escolher com consciência e pensando nos interesses da população, nas melhorias para os bairros e comunidades, assim como na defesa de pautas sociais, como os direitos das mulheres, proteção de pessoas LGBTQIA+ e até a causa animal.
Dona de uma pensão na comunidade da Vila Canoas, em São Conrado, Maria das Dores Farias, de 56 anos, disse que repetiu o voto da última eleição municipal, já que viu seu candidato trabalhando por melhorias para a região onde mora e trabalha. A comerciante esteve no Gávea Golf Clube, na Zona Sul, para votar e afirmou que a proximidade do político com a população foi um dos principais critérios para seu voto.
"Para vereador eu escolhi aquele que faz alguma coisa pela comunidade, eu acho importante. Acho que os vereadores têm que olhar pras comunidades e não ajudar só na hora que eles precisam de voto. Para eu votar, tem que ser um vereador que esteja sempre interagindo com a gente, então eu analisei bem, vi que estava mais presente. Votei no mesmo candidato da última eleição, porque eu acompanhei nesses quatro anos e ele sempre está presente. Vi resultado e dei mais um voto de confiança", declarou Maria das Dores.
A maquiadora Regina Flôr, 40, que votou no mesmo local, mas mora atualmente em Rio das Pedras, na Zona Oeste, também aponta a atuação dos candidatos nos bairros como um fator importante de escolha. "Normalmente, eu escolho vereadores que fazem parte da minha região, pelos trabalhos que eles fazem no local (...) Eu não costumo votar em branco, eu gosto sempre de acompanhar, de ver quem faz o que, quem não faz. Vou votar no mesmo vereador da última eleição, porque ele continuou fazendo trabalhos na minha comunidade. Se o trabalho está bom, a comunidade está andando e ele está lá de frente, ganha meu voto".
Aos 85 anos, o aposentado Manoel de Oliveira também votou neste domingo no Gávea Golf Club. Apesar da dificuldade de mobilidade, o idoso diz que nunca deixa de votar. "Eu não preciso mais votar, mas eu faço questão, enquanto eu estiver vivo, eu vou votar. Toda vida eu votei, eu gosto de votar". Ao lado da esposa, a também aposentada Francisca Nesci, 71, eles optaram por um candidato atuante onde vivem. "Estamos votando num bom vereador, que está fazendo lá em Rio das Pedras uma obra para asfaltar a rua. A gente escolheu um candidato que está fazendo melhorias no nosso bairro".
Moradora de São Conrado, a estudante de psicologia Jasmine Souza, de 27 anos, conta que priorizou candidatas mulheres e mudou seu voto das últimas eleições por não defender as mesmas pautas de seu então vereador. "Para os critérios são: ser mulher, ter pautas ligadas à defesa da mulher e sustentabilidade. Não vou votar no mesmo candidato que votei na última eleição, porque eu acompanho pelas redes sociais o que estão fazendo, o que precisa mudar, e hoje decidi por votar em outra candidata", contou.
Coerência no voto
Na Zona Eleitoral localizada no Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria, no Catete, Zona Sul, os eleitores apontaram que é necessário ser coerente na decisão pelo prefeito e vereador, para que a cidade seja governada com mais facilidade e menos disputas políticas. Moradoras de Laranjeiras, na mesma região, as amigas Patrícia Santos Silva, 55, e Marli Alves da Costa, 66, relataram que sempre seguem a própria ideologia política, mas consideram a aliança entre os governantes como quesito importante para o voto.
"Eu costumo acompanhar o trabalho dos vereadores e votar na bancada que eu acredito, para que tenha força, junto à prefeitura, porque é da base que a gente vai conseguindo montar uma aliança forte. Eu tenho uma ideologia e votei em um prefeito que não é a vertente que eu sigo, mas acho que precisava votar em um vereador na linha que eu penso, que é para poder ter essa força na prefeitura", afirmou Patrícia, que é gerente comercial.
"Eu escolhi a minha vereadora também pensando em dar força, porque não adianta um prefeito fraco sem a Câmara de Vereadores. Não dá para escolher um de uma vertente, depois votar em outra vertente e nada 'bate', é preciso ser coerente com seu voto, desde lá de baixo até os cargos mais altos, para poder ter um governo que consiga governar", completou a aposentada Marli.
Para o médico e professor universitário Aluísio Junior, 66, é preciso observar o histórico e pautas dos candidatos antes da decisão. "Eu observo primeiro a trajetória do candidato, que tipo de identidade política ele tem, que lutas ele vem professando, qual prática política ele vem fazendo, a experiência dele no assunto que ele tem como tema. Tem temas que eu privilegio, como educação e saúde e, atualmente, tenho preferido votar em mulheres, acho que a gente tem que ocupar mais os cargos eletivos com mulheres", comentou o eleitor.
Ainda de acordo com Aluísio, após o voto, é preciso continuar vigilante com a atuação dos candidatos eleitos. "Como cidadão, meu dever é acompanhar os candidatos que votei e ver o desempenho deles, ver o que deu certo ou não, como conduziram as coisas. É um processo que a gente tem que acompanhar e pedir prestação de contas, não é um cheque em branco que a gente entrega para qualquer candidato".
Para o professor Gustavo Gracio, de 31 anos, e a veterinária, Daiane Gracio, de 32, é preciso acompanhar os trabalhos realizados pelos candidatos não somente durante os meses de campanha eleitoral. O casal votou no colégio no Catete, mas mora no bairro do Anil, na Zona Oeste, e conta que esteve atento ao longo dos últimos dois anos nas ações realizadas pelos vereadores. O engajamento com a comunidade foi o que determinou o voto deste domingo.
"A gente acompanha na região onde a gente mora, as movimentações, as pessoas que estão mais próximas no dia a dia e ajudam nos afazeres do próprio bairro. A gente veio acompanhando nos últimos dois anos quais são os nomes das pessoas que estavam se candidatando e aqueles que de fato estavam se engajando, ou em algum projeto, ou estavam próximos da prefeitura, ou realizando, na região onde a gente mora, algum tipo de atividade", apontou o professor.
"Acompanhar (a campanha) é fundamental, porque tem muitas pessoas que se candidatam e, de fato, não estão ali. Então, quando você está de perto acompanhando, quando você percebe o que eles estão realizando no dia a dia, que são mais ativos, você percebe que são pessoas engajadas no processo político. Até mesmo para poder cobrar, para saber se aquilo está na competência dele como vereador, porque a gente quer melhoria do local onde a gente mora", comentou a veterinária.
Causa animal e meio ambiente preocupam eleitores
A defesa dos animais também influênciou a escolha de muitos cariocas, como a engenheira Fatise Barbosa, de 44 anos. "Eu escolhi um vereador que atua na defesa dos animais, já o acompanho há algum tempo e também escolhi por indicação de protetores de animais. Eu sempre voto para vereador e vou pela pautas que eu defendo. É importante ter atenção nos vereadores, a gente saber o que fazem, acompanhar. Vale à pena votar, são eles que vão fazer as leis, quem vai organizar tudo. Vereador a gente tem que votar, sim, e ficar atento, acompanhar se vão continuar fazendo o trabalho deles".
A pauta também foi o critério do casal Rose Rocha, 37, e Bruno Niccola, 40, que pontuam que, apesar de não ser a prioridade de muitos eleitores, a proteção dos animais impacta toda a população. "A gente levou em consideração os nossos princípios, coisas que são importante para nós, que foi a causa animal. Escolhemos um vereador que fez um projeto de castração gratuita, porque vimos na prática que foi importante para muita gente. Esse projeto acaba contribuindo para toda a população, porque tem muitos animais que acabam se reproduzindo e vira uma questão de saúde pública", disse a professora de francês.
"Atualmente, essa questão dos animais está muito esquecida, principalmente pelos vereadores, prefeitura e governadores e, quando a gente leva em consideração a escolha de um candidato, a gente pensa na gestão dele, as propostas que ele atribui na campanha e, o mais importante, o pós-eleição. Então, a gente acompanha toda a gestão para ver se realmente o que ele propôs está sendo cumprido, dentro das possibilidades. É sempre importante a gente estar observando", completou o analista ambiental.
Irmãs, a psicóloga Fernanda Peres, 26, e a estudante de medicina veterinária, Renata Peres, 21, contam que o debate político é frequente dentro de casa. "A gente sempre teve essa discussão em casa de que a nossa opinião importa, o nosso voto importa, a nossa existência é política", contaram. Apesar de terem ideologias políticas parecidas, a dupla revelou que priorizou razões diferentes para escolherem os vereadores que votariam nas eleições deste ano.
"A minha preocupação é com o lugar das mulheres, com a importância da fala LGBT dentro de qualquer espaço político. Então, foram essas as questões que eu levei em consideração ao escolher a minha vereadora, se era uma mulher que se importava com esse tipo de fala", disse Fernanda. "Sempre foram minhas prioridades os direitos das mulheres e das minorias em geral, só que eu levei muito em consideração vereadores que estavam se importando com pautas climáticas, o que eles podem fazer para ajudar a gente nesse quesito, porque eu acho que agora é uma das maiores coisas que a gente tem que focar, são anos e anos falando o que tem que fazer, mas ninguém fez nada", continuou Renata.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.