Sandro Mabel (PL)Reprodução/divulgação
Publicado 27/10/2024 18:33 | Atualizado 27/10/2024 22:26
De volta à política nove anos após seu último mandato, o ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil) venceu neste domingo, 27, o adversário Fred Rodrigues (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e se elegeu prefeito de Goiânia. A vitória na capital é um feito para o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que apoiou a candidatura de Mabel. Nunca um candidato apoiado pelo Palácio das Esmeraldas havia vencido em Goiânia.
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Mabel obteve 55,53% dos votos, ante 44,47% para Fred. O triunfo na capital do Estado consolida Caiado como o principal líder da política local, mesmo contra figuras de alcance nacional, como Bolsonaro. Embora do mesmo campo político, o ex-presidente e o governador têm travado uma disputa nos bastidores e às vezes em público relacionada à eleição de 2026. Caiado se apresenta como eventual candidato à Presidência da República, mas Bolsonaro, inelegível, ataca o movimento.

O governador de Goiás apareceu com frequência nas inserções  eleitorais de Mabel e marcou presença em carreatas e outros compromissos de rua. Contudo, o esforço de Caiado para eleger o aliado acabou na mira da Justiça Eleitoral e pode ter repercussão negativa para ambos. A juíza Maria Umbelina Zorzetti considerou que Caiado e Mabel cometeram abuso de poder político ao distribuírem cestas básicas em eventos do governo estadual entre os dias 17 e 20 de outubro.

A distribuição de cestas básicas aconteceu durante duas edições do evento Goiás Social. "O programa social ‘Goiás Social’, ainda que seja pertencente ao governo do Estado de Goiás, foi utilizado de maneira deliberada para promover o candidato à prefeitura de Goiânia Sandro Mabel, desequilibrando o pleito eleitoral, portanto, vedado pela legislação eleitoral", decidiu em caráter liminar a juíza do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).

Caiado e Mabel foram proibidos pela decisão judicial de "realizar atos políticos partidários praticando conduta vedada, em específico a entrega de benefícios eventuais com pedido de voto cumulada com a entrega de material de campanha". Os dois ainda respondem a ações judiciais de investigação eleitoral que podem impor penas mais duras, como a cassação do diploma de Mabel.

'Não há racha'

A vitória de Caiado com Mabel se converteu em uma derrota expressiva para Bolsonaro, que, entre diversos aliados concorrendo no segundo turno, inclusive contra o PT, escolheu acompanhar ontem a apuração ao lado de Fred Rodrigues em Goiânia Em entrevista pela manhã, o ex-presidente afirmou que "não há racha na direita" e disse respeitar o governador de Goiás. "A direita, em grande parte, são pessoas conscientes que sabem o que está em jogo", afirmou.

A despeito da leitura de Bolsonaro, outros políticos da direita fizeram ataques frontais a Caiado. O deputado federal Gustavo Gayer (PL) chegou a publicar ontem um vídeo com ataques ao governador, a quem chamou de "canalha". O parlamentar disse que é "impossível apoiar esse governador, que não tem nada de direita".

Sem apresentar provas, ele acusou o chefe do Executivo estadual de ter envolvimento com a operação da Polícia Federal (PF) que o atingiu na sexta-feira passada, por suspeita de desvios de recursos de cota parlamentar.

Repercussão

O post recebeu diversos comentários de apoio de políticos e apoiadores de direita, inclusive da família Bolsonaro. A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, escreveu em resposta a Gayer que "quem nasceu para ser Caiado, jamais será Bolsonaro". O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o posicionamento de Caiado é "mais do que lamentável... bizarro".

Caiado, por sua vez, disse que só iria falar sobre Bolsonaro e os seus correligionários após o fim do segundo turno.
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