Susana NaspoliniDivulgação/TVGlobo
Publicado 26/10/2022 10:24 | Atualizado 26/10/2022 12:14
Rio - Figura emblemática do jornalismo brasileiro e do Rio de Janeiro, Susana Naspolini recebeu homenagens do mundo do futebol, após a sua morte na última terça-feira. O Flamengo, o Vasco, o Fluminense e Botafogo utilizaram suas redes sociais com mensagens de pesar em relação a repórter, de 49 anos, que morreu em São Paulo, vítima de um câncer nos ossos da bacia.
Nascida em Criciúma, Santa Catarina, Susana também recebeu homenagens do seu clube do coração nas redes sociais. Antes do começo da partida entre Flamengo e Santos, no Maracanã, na última terça-feira, o telão do estádio exibiu uma homenagem a jornalista.
Identificada com o Rio de Janeiro, a repórter declarou em 2018, em participação no "Cafezinho do Escobar", do Globo Esporte, que além do Criciúma, passou a adotar uma outra paixão esportiva na cidade que o acolheu. "Além de ser Criciúma, o Tigre, eu sou vascaína. O Vasco está indo, aos pouquinhos ele vai, vai pedalando, devagarinho", afirmou.
Relembre a carreira da jornalista
Susana Dal Farra Naspolini Torres, mais conhecida como Susana Naspolini, nasceu no dia 20 de dezembro de 1972, em Criciúma, Santa Catarina. Filha da professora Maria Dal Farra Naspolini e de Fúlvio Naspolini, sócio de uma transportadora de cargas, Susana sempre sonhou em ser repórter.
Ficou conhecida no jornalismo carioca por denunciar, de forma irreverente, os problemas e o descaso do poder-público nas áreas carentes. Aos 19 anos, começou a trabalhar como repórter do SBT. Em 1994, foi convidada pela RBS para apresentar o 'Bom Dia Santa Catarina' em Criciúma, onde a afiliada da Globo abria uma nova sede. Três anos depois, foi transferida para Joinville, onde se tornou editora-chefe e apresentadora do jornal local. Foram dois anos até se tornar repórter da TV Vanguarda, afiliada da Globo em São José dos Campos, onde passou apenas dez meses. Em 2001, a jornalista conheceu o narrador esportivo Maurício Torres e, no ano seguinte, decidiu se mudar para o Rio para se casar com ele. Os dois têm uma filha, Julia, que atualmente tem 16 anos.
Susana estava no Grupo Globo desde 2002, quando se tornou repórter temporária da GloboNews. Ela também passou pelo Canal Futura, pela produção da Editoria Rio, da TV Globo, e pela equipe de reportagem dos telejornais 'Bom Dia Rio' e 'RJTV'.
Em 2008, em sistema de rodízio com outros repórteres, começou a apresentar o quadro 'RJ Móvel', parte do 'RJ1', o que mudaria completamente sua carreira. Com um calendário de cobrança em mãos, Susana se colocava no lugar dos entrevistados para sentir na pele as suas queixas.
Susana Naspolini se afastou do 'RJ Móvel' em 2009, 2016 e 2020 para fazer tratamento de câncer, em São Paulo. Em maio de 2014, perdeu o marido Maurício Torres. O narrador e apresentador esportivo morreu de falência múltipla de órgãos decorrente de quadro infeccioso. Em junho de 2019, Susana Naspolini lançou o livro 'Eu Escolho Ser Feliz', uma autobiografia que enfatiza sua luta contra o câncer e o otimismo que diz ser seu motor de superação para seguir em frente.
Entre as coberturas de maior destaque em sua trajetória profissional, estão as chuvas no Rio de Janeiro, em abril de 2010 – quando foi enviada para investigar a situação no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, região central da cidade; e abril de 2019 – ocasião em que mostrou de perto a situação dos deslizamentos na Avenida Niemeyer, que liga a Zona Sul à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Participou ativamente da cobertura da ocupação policial na Vila Cruzeiro, em 2011, que rendeu ao Jornalismo da Globo o Prêmio Emmy Internacional. E, de forma bem diferente, da cobertura do Rock in Rio, em 2013, quando ficou pendurada por um cinto em um guindaste, podendo ver o evento e a cidade do alto, “que nem um passarinho”.
Susana também atuava nas coberturas anuais de carnaval, nas arquibancadas, cobrindo a reação popular aos desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. No réveillon, Susana costumava ser escalada para acompanhar o trabalho realizado por profissionais nas areias da Praia de Copacabana, na manhã e tarde do dia 31 de dezembro.
A jornalista tinha apenas 18 anos quando descobriu que estava com um câncer nas células do sistema linfático. Fez o tratamento da doença em São Paulo. Era a primeira de cinco batalhas contra o câncer que teria pela frente. Dezenove anos depois, aos 37, foi diagnosticada com um tumor maligno na mama e, logo em seguida, com um câncer na tireoide. Em 2016, enfrentou mais uma vez outro câncer de mama, que em 2020 evoluiu para uma metástase nos ossos. Em 23 de março deste ano, a jornalista revelou estar com câncer pela quinta vez, agora no osso da bacia. Na época, ela anunciou que a doença não estava regredindo com o tratamento via oral e que precisaria fazer uma quimioterapia venosa.
 
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