Publicado 11/05/2023 13:18
Jogadores viraram réus, foram afastados pelos clubes, aparecem em planilhas de pagamentos ou citados em conversas de apostadores e agora são investigados. O futebol brasileiro viu uma bomba estourar nesta semana com o desenrolar da segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga grande esquema de manipulação de jogos através de cartões e pênaltis cometidos.
Sem poder ficar alheios ao que acontece, técnicos e jogadores falaram abertamente sobre o caso, após os jogos de quarta-feira. Entre tristeza e surpresa por companheiros envolvidos, há também pedidos de cautela e de punição. Confira algumas declarações.
Everton Ribeiro lembra que jogadores devem ser exemplo
O Flamengo não teve jogador entre os nomes citados nas investigação que já foram divulgados, mas o capitão rubro-negro acompanha as notícias sobre o caso de manipulação de jogos e espera que o futebol brasileiro cresce após esse furacão.
"É muito triste. A gente luta tanto para chegar nessa posição que estamos hoje. Sonhos de muitas crianças, nós somos exemplos. Não julgo quem faz, mas sei que é errado. Cada um sabe onde aperta o calo. Mas tem que ser punido, investigado. Ser rígido para que não aconteça, porque é um esporte que é muito inclusivo, tem muita responsabilidade e a gente precisa cuidar do nosso futebol. Que a gente possa sair daqui com ensinamentos e ver o caminho certo a se seguir".
Enderson explica escalação de um dos réus
Entre os 16 indiciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e que viraram réus, Igor Cairús foi a campo na quarta-feira e jogou pelo Sport, na vitória por 3 a 2 sobre o Tombense, pela Série B. O técnico Enderson Moreira explicou a opção por escalá-lo.
"Acho que cada um toma a atitude que deve tomar. A questão do Igor... a gente não pode, de maneira alguma, se precipitar e já condenar. Vai ter um julgamento e uma série de coisas. Ele tem sido muito positivo com a gente. É uma coisa do departamento jurídico do clube. A partir do momento em que alguém falar: 'não podemos utilizar' ou que saia alguma punição, é o que a gente vai fazer".
Renato Gaúcho diz que problema é caso de polícia
Citado em uma conversa de apostadores de que receberia R$ 70 mil para tomar um cartão amarelo quando jogava pelo Fluminense (mas não entrou em campo, contra o Fortaleza), Nathan também foi escalado na derrota do Grêmio por 4 a 1 para o Palmeiras. O técnico Renato Gaúcho defendeu o jogador, que não aparece em conversas diretas com integrantes do esquema.
"Quanto ao Nathan, tive uma conversa com ele à tarde, juntamente ao nosso presidente, nosso executivo e vice-presidente. Ele se sentiu bem tranquilo, a gente sentiu dele que não havia problema algum, tanto que pediu para vir para o jogo. Não é problema meu, é da polícia. A gente fica triste com essas notícias, até comprovarem, mas é muito triste para o futebol", disse antes do jogo.
O presidente do Grêmio, Alberto Guerra, também explicou a decisão:
"Analisamos esse assunto Nathan em vários aspectos, sabemos que cada clube tomou sua decisão. A primeira coisa que fizemos foi falar com o atleta, que está muito tranquilo. Disse que foi procurado, mas rechaçou de primeira, que jamais faria isso, e se colocou à disposição de colaborar, entrar nas contas dele, mexer no celular. As mensagens que chegaram não falavam com ele, deixa muito fragilizada essa citação. Confiamos no nosso atleta".
Mancini lembra que caso afeta toda a sociedade
Com três jogadores entre os citados em conversas obtidas pela investigação, o América-MG afastou apenas Nino Paraíba, enquanto Dadá Belmonte e Matheusinho seguiram com o elenco. O técnico Vágner Mancini admitiu que o grupo ficou abalado e pediu pena severa para os que tiverem envolvimento comprovado.
"Isso afeta não só o futebol, mas a sociedade em geral. Nós temos que enxergar dessa forma, algum erro, algum desvio dentro da nossa sociedade. A partir do momento que isso vem à tona, muita gente começa a julgar, porque é natural do ser humano. Temos que ter calma, tentar saber o que realmente aconteceu, para que todos possam ter o direito de se defender. E quem ficar comprovado, aí tem que tomar uma severa pena".
Odair quer punição como exemplo
Primeiro clube a afastar um jogador de seu elenco, o Santos também ficou abalado com o envolvimento de Eduardo Bauermann, que virou um dos 16 réus que serão julgados por participar do esquema de manipulação de jogos. O capitão do time, Alisson, admitiu o clima ruim com a notícia. E Odair pediu punição aos culpados:
"É triste. Triste para todos nós. Precisamos punir os culpados, pegar como exemplo e ir adiante. O que pode ser feito para que isso não aconteça mais, além de uma punição séria e severa no final do julgamento. Só não podemos agora começar a criar ilações. Precisamos dar o passo seguinte, todos juntos. Isso vai fazer diferença para o futebol.
Eu conheço Eduardo desde os 10, 12 anos de idade. É um companheiro, um atleta que vocês também conhecem. Quando for julgado, associado, comprovado, que pague sua pena. Isso é uma parte. A outra parte é que temos de seguir adiante. Somos profissionais e vamos em frente".
Rafael Cabral chama de 'palhaçada' casos de manipulação
Um dos jogadores afastados por ter conversas com apostadores citadas nas investigações, Richard recebeu o apoio dos companheiros de Cruzeiro. Mas o goleiro Rafael Cabral foi duro com quem participa do esquema de manipulação de jogos.
"Em relação ao Richard, a gente não sabe, é muito cedo para falar. Lógico que ficamos tristes por um companheiro de equipe. Mas, tudo isso que está acontecendo, sinceramente, é uma palhaçada. Acaba denegrindo, vamos dizer assim, a imagem da classe de jogadores, e isso é triste", disse.
Já Mateus Vital, admitiu surpresa com o companheiro, mas também pediu punição aos envolvidos:
"Eu não quero entrar muito nesse assunto. A Justiça está tratando, e vai resolver da melhor forma. Se realmente eles fizeram, vão ter que pagar por isso".
Raphael Veiga fala em princípios e Abel Ferreira lamenta
Outro clube que não teve jogadores entre os citados na investigação, o Palmeiras teve conversas entre os jogadores, como Raphael Veiga admitiu.
"Nós, jogadores, conversamos. É uma situação delicada. Tem muitas pessoas para apontar o dedo, brigar, achar algo. Eu, Raphael, pelos meus princípios e valores inegociáveis, eu não curto essas coisas. Mas cada um tem seu jeito de pensar, não sou eu que vou apontar o dedo, mas não estou de acordo", disse.
Já o técnico Abel Ferreira confia nas autoridades para resolver o assunto, mas acredita que o futebol, apesar de abalado, continuará firme.
"O futebol é maior que toda polêmica, já tivemos tantas e ele vai sobreviver. O que posso dizer é que é lamentável. Acredito que as entidades farão o seu trabalho, elas têm um trabalho de excelência e vamos deixar tudo ser apurado".
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