Publicado 13/05/2023 21:54
Na noite deste sábado, 13, o portal UOL divulgou trechos dos vídeos das confissões do lateral Moraes e do zagueiro Kevin Lomónaco por envolvimento no esquema de manipulação de apostas no futebol brasileiro. Eles são dois dos quatro jogadores que fizeram acordo como o Ministério Público de Goiás (MP-GO) e atuam como testemunhas no caso.
Cabe destacar que o crime pode dar até seis anos anos de prisão. No entanto, como a confissão fez o MP-GO lhes oferecer um acordo, não haverá persecução penal. Moraes e Kevin Lomónaco não foram processados e, como já dito acima, são testemunhas.
No vídeo, Moraes conta que recebeu R$ 25 mil para tomar cartão amarelo em dois jogos, contra o Palmeiras e contra o Goiás. Ele ainda contou que deveria ganhar mais, mas os criminosos não cumpriram com o prometido.
Moraes também falou sobre uma partida contra o Ceará, a qual recebeu cartão amarelo. Ele, contudo, disse que não aceitou proposta para este jogo. O lateral explicou que viu um depósito de R$ 20 mil na conta da esposa, mas devolveu dias depois.
Já Lomónaco contou que aceitou uma oferta de R$ 70 mil para levar um cartão amarelo no jogo do Red Bull Bragantino contra o América-MG. Os aliciadores chegaram a depositar R$ 30 mil na conta do atleta, mas não cumpriram com o restante do prometido.
Cabe destacar que a dupla está temporariamente afastada dos respectivos clubes. Kevin pertence ao Red Bull Bragantino. Já Moraes tem contrato com o Atlético-GO, mas acabou emprestado ao Aparecidense-GO.
Abaixo, veja trechos divulgados pelo site dos depoimentos de Moraes e de Kevin Lomónaco:
DIÁLOGO COM MOARES
Promotor do MP de Goiás Fernando Cesconetto: No Juventude x Goiás e Juventude x Palmeiras, você confirma que recebeu proposta?
Moraes: Sim.
Promotor: Você aceitou?
Moraes: Contra o Palmeiras, eu aceitei.
Promotor: Quanto você recebeu?
Moraes: Não lembro exatamente, recebi 10, acho, e não recebi o restante.
Promotor: Tinha combinado quanto?
Moraes: Acho que prometeram 50.
Promotor: Não recebeu o restante?
Moraes: Não cobrei porque não era um dinheiro que não ia mudar minha vida. Estava mal no Juventude, fizeram a proposta e estava precisando. Mandaram os 10 antecipado e ficou por isso, nem cobrei mais porque não queria me envolver com isso (posteriormente, Moraes se corrige e diz que recebeu R$ 5 mil).
De acordo com o "Uol", antes, Moraes havia negado participação no esquema. No entanto, após ouvir alguns diálogos de What's App narrados pelo promotor, o lateral confessou.
No fim da conversa, o promotor do caso pergunta se Moraes toparia um eventual acordo para colaborar com as investigações. O jogador aceitou. Dias depois, em 28 de abril, o lateral confessou ter manipulado o jogo do Juventude contra o Goiás.
Moraes: Ele (aliciador) falou comigo: 'Mano, você vai querer fazer? Eu tenho um dinheiro bom, a gente vai pagar R$ 30 mil, vamos pagar R$ 5 mil antes do jogo, e depois manda o restante se der certo'. E aí eu mesmo assim fiquei com medo, estava precisando da grana e acabei topando fazer.
Moraes: Depois do jogo, ele me mandou mensagem falando que tinha dado certo, que precisava de outro jogador para dar certo. Falou comigo que precisava de outro jogador para dar certo. Falou comigo que eram vários ao mesmo tempo e dava certo, e aí pagavam tudo depois. Eu falei: 'Beleza, se der certo me avisa'.
Moraes: Mas não deu, porque um jogador não fez. Eu não cobrei porque fiquei com medo de cobrar e acontecer algo comigo, pois não era de trabalho, eu sabia que era errado e fiquei com medo de cobrar, ai ficou por isso. Fiquei com medo de alguém fazer alguma coisa comigo, com a minha esposa e algum parente meu.
O lateral também contou que chegou a receber mais de R$ 20 mil para manipular o jogo contra o Ceará, mas explicou que recusou e devolveu o dinheiro que recebeu.
Moraes: Entrou em contato de novo, no último jogo do Ceará, mas eu não quis. Mesmo assim, falou para fazer, que se abrisse a banca iam mandar dinheiro, mas no vestiário do Ceará não pegava mais sinal e eu parei de falar com ele.
Moraes: Quando acabou o jogo, vi que ele mandou os R$ 20 mil pra mim e não consegui mandar de volta, pois estava no Ceará. Voltei para minha cidade e mandei os R$ 20 mil de volta, tenho os comprovantes.
Moraes: Devolvi porque desde a primeira vez eu sabia que era errado, que não era o certo. Eu fiquei muito arrependido, mas foi um momento que eu realmente estava precisando, eu e minha esposa. Sabia que era um dinheiro que não era certo. Bateu muito arrependimento, sabia que poderia acontecer alguma coisa.
Segundo o "Uol", o jogador ainda contou que, neste ano, recebeu uma oferta de R$ 200 mil para ser expulso no Campeonato Goiano. No entanto, ele diz que negou e, por medo, apagou as mensagens.
DIÁLOGO COM KEVIN LOMÓNACO
Promotor do MP de Goiás Fernando Cesconetto: Ele entrou em contato de novo com o senhor para fazer o quê?
Kevin: Isso, ele entrou em contato comigo, se apresentando, dando o nome dele e falando para fazer um... para ganhar um dinheiro, para fazer isso. Eu não sabia muito, nunca fiz algo assim de aposta, nada disso. Não entendia muito, mas ele falava que eu ia ganhar muito dinheiro rápido, que somente tinha que pegar cartão amarelo. Ficou falando assim bastante, sozinho, porque eu não respondia mensagem. No começo, eu não respondia a mensagem.
Promotor: Em algum momento, o senhor aceitou a proposta desse Vinícius Ribeiro (mais tarde no depoimento, o jogador se corrige e conta que o nome do aliciador é Luís Felipe).
Kevin: Sim, aceitei. Eu estava na concentração, um dia antes do jogo, acho. Ele seguia insistindo, mandando mensagem, dizendo: 'Vamos fechar, hermano, é dinheiro...' Eu fiquei falando com ele na concentração, e aí sim, ficamos em cartão amarelo. Mas eu fiz sem conhecimento algum que era um crime ou algo assim. Fiz assim normal, não perguntei nada para ninguém.
Promotor: Qual foi jogo esse?
Kevin: Contra o América.
Promotor: Dia 05 de novembro?
Kevin: Sim, Sim.
Promotor: Mas ele ofereceu quanto de dinheiro para esse amarelo?
Kevin: Ele ofereceu R$ 70 mil. E fala que eu mandava uma senha antes do jogo, que era de R$ 30 mil (logo em seguida, o argentino se explica melhor).
Promotor: Mandava um sinal antes?
Kevin: Isso, ele mandava um sinal antes do jogo.
Promotor: E ele mandou R$ 30 mil?
Kevin: Ele mandou. Não lembro se um dia antes ou foi no mesmo dia, mas antes do jogo, né?
Promotor: Ele estava devendo R$ 40 mil, e ele continuou conversando com o senhor?
Kevin: Sim, sim. Ficava querendo fazer já o vermelho, o pênalti, já algo muito mais grande. Não era minha intenção fazer isso. Eu fiz o amarelo somente porque achei que não era algo que prejudicava a equipe. Achei que era algo normal e tampouco pensei que era crime, algo assim. Foi como falei, não perguntei nada a ninguém, fiz assim por fazer. Aí nu momento, foi um dia rápido aí, somente.
Promotor: Tá, mas o senhor reconhece que é errado o senhor receber promessa de 70 mil e receber 30 mil no bolso para tomar um cartão contra seu time. O senhor sabe que isso é errado?
Kevin: Sim, sim, sim.
Promotor: Tanto que o senhor não saiu contando para os seus outros colegas de time que o senhor tinha feito isso?
Kevin: Não falei.
Promotor: Para o seu técnico também não?
Kevin: Não, para ninguém.
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