Publicado 18/08/2023 13:58
Austrália - O suíço Gianni Infantino estava sorridente durante a abertura do Segundo Congresso de Futebol Feminino, uma série de debates promovidos pela Fifa, no Centro Internacional de Convenções de Sydney, entre os dias 17 e 18 de agosto, na véspera da final da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023, que será jogada entre Espanha e Inglaterra no Estádio Olímpico de Sydney.
Segundo ele, o balanço da Copa do Mundo de 2023 é bastante positivo. "Só há boas notícias. Muitos criticavam o evento dizendo que o Mundial de Futebol Feminino foi realizado em dois países nos quais o futebol não é o esporte mais popular", disse Infantino. "Mas, foi um êxito."
Para ele, os críticos erraram quando questionaram o aumento de 24 seleções de futebol feminino, que jogaram a Copa do Mundo da França, em 2019, para 32 na atual edição. "Muitas pessoas falaram que acrescentar oito seleções não renderia um bom nível técnico à competição, mas aconteceu exatamente o oposto."
De acordo com Infantino, não apenas não houve desequilíbrio gritante entre as seleções, mesmo com oito delas disputando um Mundial pela primeira vez, como foi uma das Copa do Mundo mais equilibradas dos últimos tempos. "Pela primeira vez em uma competição organizada pela Fifa, times das seis confederações venceram pelo menos um jogo e houve seleções de cinco delas nas oitavas de final", disse ele.
Segundo o presidente, houve surpresas, como a Jamaica, a 43ª colocada no ranking da Fifa, eliminando o Brasil, oitavo colocado, o Marrocos tirando a Alemanha, segunda colocada, e a África do Sul, 54ª, tirando a Itália e a Argentina, seleções tradicionais no futebol feminino.
Na opinião de Infantino isso aconteceu porque mulheres nesses países trabalharam duro. "No próximo mundial, essas e outras seleções tradicionais terão de trabalhar mais e melhor. Uma novidade importante foi a decisão da Fifa em pagar prêmios maiores para as jogadoras. Cada uma das 736 jogadoras envolvidas na competição, recebeu ao menos 30 mil dólares de premiação.
"Essa Copa do Mundo na Austrália e na Nova Zelândia foi transformadora e quebrou recordes", disse Infantino. Houve, segundo ele, 1,9 milhão de pessoas nos estádios (a previsão era de 1,5 milhão antes do Mundial começar) e cerca de 2 bilhões de espectadores assistiram os jogos pela TV ao redor do mundo.
Em alguns momentos, no entanto, o público nem sempre esteve presente. Em algumas partidas na Nova Zelândia, como Suíça vs Filipinas, em Dundin, a taxa de ocupação era de 45,7%. As arquibancadas neozelandesas só não estavam ainda mais vazias porque os organizadoras apelaram para a distribuição gratuita de entradas, como aconteceu em partidas em Wellington, Dunedin e Hamilton.
Para minimizar a situação – e atrair mais público para os estádios – os organizadores contaram com a ajuda da empresa de auditoria Xero, uma das patrocinadoras do Mundial de 2023, que topou comprar 5 mil ingressos e distribuí-los de graça em um jogo nas três cidades e, também, em Auckland, a capital do país. Mas, depois, o interesse pela primeira Copa do Mundo de Futebol feminina deslanchou.
Os estádios tiveram bom público e mais gente passou a assistir aos jogos pela televisão. Segundo a emissora de TV australiana Seven, a partida entre Austrália e Inglaterra, pela semifinal, quebrou o recorde de audiência no país: 11,1 milhões de pessoas assistiram a partida. Pelos números da Fifa, cerca de 650 mil pessoas viram as partidas nas Fan-Fests organizadas nas nove cidades que receberam os jogos do Mundial.
"O Mundial de 2023 mudou a percepção de como as pessoas veem o futebol feminino", disse ao Estadão a americana Jill Ellis, treinadora que dirigiu a seleção dos Estados Unidos ao bicampeonato mundial em 2015 e 2019 e que atualmente trabalha na divulgação do futebol feminino para a Federação de seu país. "As pessoas viram jogos interessantes e isso terá impacto nos clubes, na audiência de partidas e no patrocínio. Será um período de mudanças positivas".
Segundo ela, jogadoras de futebol de países como Colômbia, Marrocos, Portugal, Nigéria e Jamaica, entre outros países que fizeram boas campanhas pela primeira vez em sua história, acabaram por atrair mais público para o futebol feminino. "Esta Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia mostrou como o futebol pode impactar a vida das pessoas", disse a senegalesa Fatma Samoura, secretária-geral da Fifa. "O sucesso deste evento é só o começo para o futebol feminino ao redor do mundo".
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