Busto do ex-general iraniano Qassem Soleimani foi o motivo do cancelamento da partida entre Al-Ittihad e Sepahan pela Liga dos Campeões da ÁsiaReprodução
Publicado 02/10/2023 14:41
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Rio - Uma tensão diplomática gerou o cancelamento da partida entre Sepahan, do Irã, e Al-Ittihad, da Arábia Saudita, nesta segunda-feira (2), pela Liga dos Campeões da Ásia. O clube saudita se recusou a entrar em campo por conta do busco do ex-general e líder iraniano Qassem Soleimani, na saída do túnel do vestiário do estádio Naghsh-e Jahan, em Isfahan.
Os jogadores do Al-Ittihad não subiram ao gramado para o aquecimento e se retiraram do estádio por conta do busto de Qassem Soleimani. Os atletas sauditas também reclamaram de faixas com mensagens políticas na torcida do Sepahan. A partida estava prevista para começar às 13h (de Brasília), mas o pontapé inicial atrasou e, em seguida, o duelo foi cancelado.
O Al-Ittihad estava disposto a jogar, caso a estátua de Qassem Soleimani fosse retirada do gramado. Os administradores do estádio não aceitaram o pedido, e o clube saudita manteve a decisão de abandonar o local e retornar para casa. Os jogadores da equipe saudita também relataram fortes odores desagradáveis no vestiário. 
Oficialmente, a arbitragem relatou o cancelamento da partida como "violação por parte do clube anfitrião dos requisitos solicitados pela Confederação Asiática de Futebol (AFC)". A administração da confederação asiática decidirá em breve se vai computar três pontos para o Al-Ittihad ou se vão remarcar o duelo. A Fifa proíbe manifestações políticas em partidas e, especialmente, pelos clubes.

Quem foi Qassem Soleimani?

Qassem Soleimani era líder da Guarda Revolucionária Islâmica e morreu em janeiro de 2020, em Bagdá, no Iraque, após um bombardeio aéreo ordenado pelos Estados Unidos. Sua morte gerou muita tensão na região à época. Soleimani era muito próximo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que ocupa o posto há mais de 30 anos.
Sob liderança de Soleimani, o Irã expandiu a presença militar do seu país na Síria onde organizou a ofensiva do governo de Bashar al-Assad contra grupos rebeldes durante a guerra civil. Ele também armou milhares de milicianos xiitas muçulmanos que lutavam ao lado das tropas aliadas de Assad. Já no Iraque, ele apoiou um grupo xiita paramilitar no combate ao Estado Islâmico.

Tensão entre Irã e Arábia Saudita

Irã e Arábia Saudita são vizinhos que disputam o domínio da região há décadas. A tensão entre os países é gerada por diferenças religiosas no islã. O Irã é majoritariamente xiita, enquanto a Arábia Saudita se vê como sunita e líder do mundo muçulmano. A Revolução Islâmica no Irã nasceu em 1979 com o objetivo de exportar o modelo iraniano.
A rivalidade aumentou após o Irã ficar à frente na disputa regional na última década. Os iranianos apoiaram Bashar al-Assad, na Síria, junto com a Rússia, enquanto a Arábia Saudita fortaleceu alianças no Golfo com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein. Além disso, Estados Unidos e Israel também ficaram ao lado dos sauditas. Irã e Arábia Saudita não lutam entre si, mas se envolvem em diversos conflitos na região.
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