Publicado 27/08/2024 13:16
O Corinthians intensificou sua crise política na segunda-feira (26), com um pedido de impeachment contra o presidente Augusto Melo, protocolado junto ao Conselho Deliberativo por um grupo de 90 conselheiros do clube. O dirigente ainda não se manifestou sobre a situação e espera a evolução dos trâmites internos para saber se de fato o pedido será acatado.
PublicidadeO próximo passo do processo, conforme detalhado no estatuto do clube, é a análise do documento, que fica a cargo de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo. Ele tem cinco dias para encaminhar o pedido à Comissão de Ética, presidida por Roberson de Medeiros. A partir daí, são mais cinco dias para a Comissão comunicar Augusto de que ele está sendo processado.
O presidente terá 10 dias, assim que receber o aviso, para apresentar sua defesa. Com a versão do denunciado em mãos, a Comissão de Ética tem um novo prazo de dez dias para entregar um parecer a Tuma. Então, é convocada uma reunião do Conselho Deliberativo para decidir sobre o encaminhamento do pedido de destituição.
Caso a solicitação seja aprovada, a sessão concede 30 minutos de palavra para Medeiros sustentar o parecer e o mesmo tempo para Augusto se defender. Depois dessas manifestações, o plenário do Conselho vota, de forma secreta, o pedido de impeachment.
Aprovada a destituição, haverá ainda a convocação de Assembleia Geral, em até cinco dias, para votar a decisão em última instância. Neste cenário, o presidente fica cautelarmente afastado até a proclamação do resultado final.
Quem assume se pedido de impeachment for aprovado
De acordo com o estatuto do Corinthians, quando o cargo de presidente fica vago por morte, renúncia ou cassação de mandato, assume provisoriamente o primeiro vice-presidente ou o segundo vice-presidente da diretoria, cargos que são, atualmente de Omar Stabile e Armando Mendonça, respectivamente.
Em seguida, deve ser convocada uma nova eleição para ter um presidente até o término de mandato, a não ser que reste apenas seis meses para o fim do mandato do destituído.
Entenda a crise política no Corinthians
Nesta segunda-feira, um grupo formado por 90 conselheiros, denominado "Movimento Reconstrução SCCP", protocolou um documento pedindo a abertura do processo de impeachment do presidente Augusto Melo. Um dos líderes do movimento é Mário Gobbi, que presidiu o clube de 2012 a 2015.
O requerimento tem 19 páginas. O principal tema é sobre as possíveis irregularidades no contrato com a VaideBet, patrocinadora que rompeu o acordo com o clube em junho. Os conselheiros citam também a rescisão do vínculo com a Pixbet, que também patrocinou o clube em um passado recente. O documento exige o afastamento de Augusto Melo e seus diretores.
A rescisão com a VaiDeBet ocorreu após os polêmicos pagamentos da Rede Media Social Ltda, intermediária do acordo, à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa "laranja" cujo CNPJ está no nome de Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo.
Investigação da comissão de ética
Antes do pedido de impeachment, Melo e seus aliados já haviam sido encaminhados à Comissão de Ética para prestar esclarecimentos sobre investigações relativas à possíveis irregularidades estatuárias praticadas pela atual gestão, conforme definido em reunião no dia 12 de agosto. Os depoimentos ainda não começaram a ser colhidos.
Na ocasião, o mandatário corintiano disse não se opor à apuração interna e prometeu colaborar. "Faço questão de responder e esclarecer tudo que me for perguntado na Comissão de Ética para deixar tudo às claras e finalizar esse tema. Que todos sejam julgados e que se cumpra o estatuto do clube", disse em posicionamento oficial.
Também vão depor à Comissão de Ética o segundo vice-presidente Armando Mendonça e o diretor administrativo Marcelo Mariano.
Além da dupla, ainda integrante da diretoria, serão ouvidos quatro nomes que deixaram o clube em meio às polêmicas e acusações: o ex-diretor de futebol Rubão, o ex-diretor financeiro Rozallah Santoro, o ex-diretor jurídico Yun-Ki Lee e o ex-adjunto do departamento jurídico Fernando Perino.
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