Publicado 07/12/2023 08:00
Rio - Outrora favorito ao título do Brasileirão e com ampla vantagem, o Botafogo acabou se perdendo pelo caminho do segundo turno, foi ultrapassado e terminou a temporada de 2023 de forma trágica, sem o tão sonhado troféu nacional em 28 anos de jejum e amargando um fracasso inimaginável. Entre questionamentos e pressão já para o próximo ano, fica o cenário de "página virada".
Este foi o segundo ano de projeto da SAF comandada pelo estadunidense John Textor, que apontou a ida à Libertadores como objetivo - a equipe, no entanto, precisará passar por duas fases eliminatórias nas primeira semanas de 2024. Frustrante a maneira como veio a classificação, mas, para alguns botafoguenses, apesar de 2023 deixar traumas, há como mudar a história. Essa é a visão do ator Marcelo Adnet, torcedor declarado do clube da estrela solitária e carnavalesco da escola de samba Botafogo Samba Clube, que desfila na Série Prata do Carnaval.
"Cenário traumático, doído, cheio de fatalidades e incredibilidades. Porém, somos os mais resilientes, os mais resistentes, os mais insistentes. Resistiremos. No fim das contas, melhor disputar em cima que embaixo. Portanto, claro que é reversível (a desconfiança)", disse, em entrevista ao O Dia.
Para a próxima temporada, já esperando um investimento maior, fica, ao menos, o pensamento de um Botafogo que retorna ao protagonismo - ainda que com reflexos de anos difíceis. A pressão em um possível novo elenco já bate na porta com a necessidade de mostrar serviço e tentar apagar a mancha que foi o último Campeonato Brasileiro para os apaixonados pelo clube.
"A torcida está enlouquecida, com toda razão. Tenho amigos e familiares que estão calmos, outros que estão muito tristes, outros que beiram a insanidade. Não dá pra cobrar. Só respeitar o tempo de cada botafoguense. Vai passar! Fica meu abraço carinhoso a todos os alvinegros", destacou Marcelo Adnet.
Em um período de busca dos motivos que fizeram a equipe desabar no segundo turno do torneio, há os que entendem bem o que é viver o Botafogo de Futebol e Regatas e cravam tudo que aconteceu. Lateral-esquerdo na última conquista do Glorioso, em 1995, André Silva apontou os possíveis fatos que contribuíram com a derrocada alvinegra.
"Faltou liderança ao time. Tinha Luís Castro, que era respeitado. Onde joguei e fui campeão, a presença de um treinador é super importante, a pessoa que você olha e admira pelo trabalho. Se não sentirem firmeza, os jogadores vão deitar e rolar. E acho que foi isso que aconteceu quando pediram o Lucio Flavio. A gente sentia que os jogadores, mesmo mal, se escalavam. Nunca vi um líder nesse time do Botafogo. Em 1995 nós tínhamos vários dentro de campo: Gottardo, Sérgio Manoel, Gonçalves, Túlio. Não faltava referência", contou o ex-jogador.
Uma vantagem que chegou a ser de 14 pontos foi pulverizada na 34ª rodada, quando o Botafogo empatou com o Red Bull Bragantino e viu o Palmeiras assumir a ponta. No Nilton Santos, desde as boas apresentações, o clima era da festa nas arquibancadas e muito otimismo. Isso, para André Silva, não foi assimilado pelos jogadores, que acabaram embarcando na festança.
"A nossa torcida é fantástica, maravilhosa. Fizemos festas lindas, com bandeirões, lotando todos os jogos. Isso eu acho que não foi bem assimilado pelo elenco. O torcedor estava comemorando o título antes da conquista devido ao primeiro turno, a grande vantagem. Os jogadores não focaram em nenhum momento pelo título quando o clima subiu e isso prejudicou. O efeito foi contrário."
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