Rio de Janeiro 19/11/2019 - Marcao, pai e empresario do jogador Gerson. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agência O Dia
Por Venê Casagrande
Publicado 21/05/2021 16:29 | Atualizado 21/05/2021 17:29
A negociação entre Flamengo, Olympique de Marselha e Gerson ganhou mais um personagem, a "G7 Football Investments", empresa de agenciamento de jogadores de futebol que tem o agente Tiago Guadagno como proprietário. Nesta sexta-feira, o nome de Tiago apareceu no sistema oficial da CBF como o intermediário oficial do volante rubro-negro, mesmo com Marcão, pai do atleta, afirmando que o seu filho não tem mais nenhum representante a não ser ele.
Inclusive, segundo uma fonte ouvida pela reportagem, Tiago Guadagno já comunicou tanto ao Flamengo quanto ao representante do Olympique de Marselha nas tratativas, o ex-jogador Tulio de Mello, que ele também precisa participar das negociações, pois é o representante oficial de Gerson.
Consulta feita ao site da CBF mostra Tiago como intermediário oficial de Gerson - Reprodução
Consulta feita ao site da CBF mostra Tiago como intermediário oficial de GersonReprodução
ENTENDA O CASO:
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Mas o imbróglio entre Marcão e G7 Football começou em 2020, quando Gerson, representado pelo seu pai, buscou uma rescisão do contrato de representação com a "P&P Sport Management", do empresário Federico Pastorello, quem inclusive intermediou a ida do jogador ao Flamengo.
Então, Marcão e Gerson assinaram contrato com a G7 Football, e o vínculo ficaria em vigor assim que a rescisão com a P&P Sport Management fosse sacramentada. Marcão entrou com uma ação na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF e conseguiu se desvincular da P&P e, em seguida, teria que cumprir as obrigações com a G7, o que nunca aconteceu. Pelo menos é o que Tiago Guadagno alega na Justiça.
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A reportagem teve acesso ao processo de Tiago Guadagno, da G7 Football, e da empresa "CM SPORTS
AGENCIAMENTO E REPRESENTAÇÃO LTDA" contra Marcão e Gerson, alegando que tanto o pai quanto o filho assinaram o contrato de representação, mas nunca cumpriram o acordo.
"Conforme a “Cláusula Primeira” do referido compromisso, o RÉU tem a obrigação de firmar contrato com os AUTORES para os mesmos gerenciarem a sua carreira desportiva, no prazo de até 24 (vinte e quatro) horas contados da anulação do contrato de representação celebrado com a P&P Sport Management Sam, ou da obtenção de liminar para prosseguir com a rescisão do mesmo."
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"Tal cláusula especificou o termo condicional desta forma pois, naquele momento, na esfera jurisdicional desportiva, o RÉU buscava junto aos órgãos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) declarar nulo/anulável o contrato de representação então vigente, inclusive com expectativa de obter o deferimento de um pedido liminar neste sentido."
"Durante a vigência dos termos do compromisso cível fixado entre as partes, especificamente no dia 18 de agosto de 2020, houve o deferimento de um pedido liminar feito pelo RÉU no âmbito jurisdicional desportivo, o qual condicionou um cenário favorável para o mesmo desvincular-se do seu antigo representante e, assim, cumprir o compromisso pactuado com os AUTORES: assinar um contrato de representação exclusivo com prazo de validade de 03 (três) anos. Ocorre que, infelizmente, o RÉU nunca cumpriu com a sua obrigação"
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"Após várias tentativas de contato para solucionar tal impasse, os AUTORES viram-se obrigados a notificar extrajudicialmente o RÉU, o qual tomou ciência dos seguintes termos em 16 de dezembro de 2020 (documento integral está anexado aos autos para análise)"
Documento anexado ao processo de Tiago contra MarcãoReprodução
"Após tomar ciência da notificação, o RÉU manifestou-se, por meio de contranotificação extrajudicial data de 05 de janeiro de 2021 (documento anexo aos autos), quando seu advogado expôs que irá comprovar em Juízo a nulidade absoluta do referido contrato. Passadas duas semanas desde tal manifestação, e não havendo qualquer ato praticado pelo RÉU visando pôr fim ao litígio, cabe aos AUTORES tomarem as medidas judiciais cabíveis para fazer valer o negócio jurídico pactuados entre as partes."
Diante disso, a G7 Football requereu no processo o seguinte:
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 A) seja determinada a citação do RÉU, por meio do patrono com poderes para receber citações e intimações (procuração em anexo) ou, em alternativa, por meio do endereço indicado na qualificação;
B) seja deferida tutela de urgência no sentido de OBRIGAR o RÉU a assinar o contrato de representação, no prazo de 24h, respeitando todos os termos pré-acordados no “Instrumento Particular de Compromisso de Representação”;
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C) caso seja deferida a tutela de urgência e o RÉU de fato assinar o contrato de representação, visto a natureza exaustiva da obrigação, seja confirmada a liminar e, em seguida, declarada cumprida a obrigação de fazer prevista no “Instrumento Particular de Compromisso de Representação”;
D) SUBSIDIARIAMENTE, caso Vossa Excelência indefira o pedido principal, seja declarada a quebra unilateral do “Instrumento Particular de Compromisso de Representação”, com base no disposto na cláusula sexta ("6.1") do mesmo, condenando o RÉU a pagar a multa de R$8.000.000,00 (oito milhões de reais), face o não cumprimento da obrigação disposta na cláusula primeira (“1.1”) do referido documento;
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E) seja o RÉU condenado a arcar com todos os custos e demais ônus sucumbenciais,
incluindo honorários advocatícios de sucumbência
A pergunta: "como querer 'obrigar' o atleta a assinar? Se o contrato consta no sistema da CBF é porque assinou, né?". A reposta é não. Era o acordo que se tinha por questão de prazos e estratégias das partes. Uma fonte garantiu à reportagem que a G7 possui os dois contratos assinados com Marcão e Gerson desde 18 de junho de 2020.
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Por outro lado, Marcão e Gerson tiveram dois ganhos de causa na Justiça contra a G7 Football, que mantém a postura de cobrar pai e jogador no âmbito jurídico.
O QUE OS ENVOLVIDOS FALAM?
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O Jornal O Dia entrou em contato com a empresa responsável pela assessoria de Marcão e Gerson, mas a resposta foi que, neste momento, não irão se manifestar sobre o assunto. A postura foi a mesma da assessoria da G7 Football. Bruno Spindel, diretor executivo do Flamengo, também foi procurado, mas não retornou a mensagem. Federico Pastorello, da P & P,  apenas garantiu que não está envolvido na possível venda do volante ao Olympique de Marselha.
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