Publicado 15/03/2022 18:40
Com a chegada do lateral-direito argentino Renzo Saravia ao Botafogo, o Campeonato Brasileiro atingiu a marca de 76 estrangeiros, somando jogadores e técnicos. O número supera em um o ano passado, porém, com uma diferença: na temporada anterior, eram 75 atletas. Se for levado em consideração somente quem entra em campo, a quantidade total em 2022 é de 68, inferior aos últimos seis anos. Em 2020, foram 84. Em 2019, 76. Em 2018, 78. Em 2017, 77. E em 2016, 79. O número é superior a 2015, quando 57 passaram por aqui.
O país que mais fornece mão de obra ao Brasil é a Argentina, que possui 19 representantes na primeira divisão. No ano anterior eram 13 em solo brasileiro. Dos 20 clubes da Série A, metade deles tem ao menos um "hermano" no elenco, sendo o Internacional o clube com a maior quantidade (4), seguido de Atlético-MG (3) e Fortaleza (3), São Paulo (2), Botafogo (2), Juventude (1), Fluminense (1), Santos (1), América-MG (1) e Athletico (1).
Com três estrangeiros no plantel (Juan Ojeda, do Paraguai, Christian Rivas, da Venezuela, e Kelvin Osorio, da Colômbia) o Cuiabá vê a América do Sul como uma boa opção para fortalecer o grupo de atletas, conforme explica o vice-presidente do clube, Cristiano Dresch.
"O mercado sul-americano se tornou uma ótima fonte e alternativa de captação de atletas. Estamos vendo um número cada vez maior de jogadores brasileiros saindo muito cedo do país, com 17, 18 anos, e ter essa possibilidade de encontrar bons jogadores na Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Paraguai é muito bom. Conseguimos encontrar bons valores, de muita qualidade técnica, em condições financeiras interessantes para uma Série A", aponta.
Vale destacar um hiato neste período. Em 2013, ao lado do presidente Fabio Koff, o então diretor executivo do Grêmio, Rui Costa, atualmente no campeão Paulista, São Paulo, foi quem protocolou junto à CBF o pedido para aumento no número de estrangeiros em campo, de três para cinco.
Em fevereiro deste ano, o Tricolor anunciou a chegada do colombiano Andrés Colorado, volante que atua pela seleção do seu país e que veio emprestado pelo Cortuluá-COL, por uma temporada, com opção de compra no fim do contrato, por 1,6 milhão de dólares. O jogador é visto com bom potencial para se destacar com a camisa do time do Morumbi.
"O mercado sul-americano cresceu esportivamente e o Internacional sempre foi um celeiro de atletas vindos de países vizinhos em nossa história. Hoje mesmo temos profissionais de quatro nacionalidades diferentes em nosso grupo e não creio que isso aconteça apenas pela questão financeira ou pelo leque maior de opções que temos na América do Sul, mas muito mais pelo crescimento técnico e o quanto isso pode representar em termos de resultados dentro e fora de campo", opina o presidente Colorado, Alessandro Barcellos.
O advogado especializado Eduardo Carlezzo, sócio do Carlezzo Advogados, escritório que assessorou juridicamente nos últimos meses as transferências de Matias Lacava (Academia Puerto Cabello para Santos), Carlos Palacios (União Espanhola para Internacional), Eduardo Vargas (Tigres para Atlético Mineiro), Cesar Pinares (Universidad Católica para Grêmio) e Benjamin Kuscevic (Universidad Católica para Palmeiras), vê a potencialidade do Campeonato Brasileiro como um atrativo.
"Os jogadores sul-americanos querem jogar no Brasil. Há um interesse claro em disputar essa competição, seja pelo nível de jogos, superior aos demais países do continente, seja pela estrutura dos clubes, dos estádios e, também, pelos salários.
No âmbito do continente americano, o Brasil, tradicionalmente, concorre com os clubes mexicanos na busca pelos melhores talentos da região. Essa concorrência, neste ano, ficou ainda mais forte pois os clubes dos Estados Unidos passaram a abrir os cofres e estão gastando altas quantias no mercado de transferências", explica.
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