Diego AlvesMarcelo Cortes/ Flamengo
Publicado 19/05/2022 19:38
A crise está instaurada no Ninho do Urubu e promete fazer ainda mais estrago no dia a dia do Flamengo. O estopim foi a declaração de Paulo Sousa sobre Diego Alves, que escancarou uma série de problemas que já eram notórios aos que frequentam o CT do clube: a falta de comando do Departamento de Futebol.
Tudo começou na terça-feira, após a vitória do Flamengo sobre a Católica, na coletiva de imprensa, quando Paulo Sousa deu a entender que Diego Alves havia pedido para jogar mesmo sem treinar há dez dias por conta de dores no púbis. A declaração caiu como uma "bomba" na cabeça do goleiro e também na de outros atletas do elenco, os considerados líderes, como Diego Ribas, Arão, Everton Ribeiro e David Luiz.
Na quarta-feira, como foi folga para o elenco (Diego Alves compareceu ao CT para fazer tratamento), os envolvidos na história não se encontraram, mas trocaram indiretas nas redes sociais. Paulo Grilo postou frase "Somos todos, menos alguns", e o goleiro respondeu com uma imagem de Adriano, ídolo do Flamengo, com a camisa "Deus perdoe essas pessoas ruins".
Esse foi o "esquenta" para o que viria nesta quinta-feira. Diego Alves, revoltado com a postura de Paulo Sousa, considerando, inclusive, que o treinador mentiu, pediu para conversar com o técnico e Bruno Spindel, diretor executivo do clube, mas com uma condição: na presença de outros companheiros, como Diego Ribas, Arão e David Luís.
Marcos Braz não havia comparecido ao CT até a publicação desta matéria. Ou seja, o VP de Futebol do clube não participou do encontro, que aconteceu a portas fechadas no Ninho e se estendeu até o período da noite. Enquanto isso, na Gávea, membros da diretoria se queixavam entre eles e também em grupos de Whatsapp o fato de o Departamento de Futebol não está conseguindo lidar com mais uma crise interna e tendo jogadores, considerados caros e poucos utilizados, como pivôs.
Na reunião, Paulo Sousa disse que não foi interpretado da maneira correta, e Diego Alves exigiu, não só do treinador, mas também de Bruno Spindel, uma retratação publicamente, o que dificilmente vai acontecer, pois a visão do treinador (e também do seu estafe) é que está sofrendo um processo de "fritura".
Nas redes sociais, a assessoria pessoal de Paulo Sousa emitiu um comunicado para desmentir a notícia do Grupo Globo de que o treinador havia "encomendado" a pergunta na coletiva sobre Diego Alves.
Apesar desse entendimento de que está sofrendo "fritura", Paulo Sousa não pensa em pedir demissão e deixou claro em reunião que teve com Marcos Braz, na última quarta-feira, no Restaurante Fratelli, considerado refúgio do dirigente, que não vai largar o cargo, pois "virou a vida de cabeça para baixo" para vir ao Brasil e irá até o limite no comando do cargo, a não ser que seja demitido, é claro.
Outro ponto abordado por Paulo Sousa no encontro é que ele não abrirá mão das suas convicções, não irá escalar jogador por pressão e manterá Diego Alves como terceira opção no gol do Flamengo (Santos, lesionado, e Hugo estão na frente do experiente).
Paulo Grillo e Diego Alves durante treinamento - Gilvan de Souza/Flamengo
Paulo Grillo e Diego Alves durante treinamentoGilvan de Souza/Flamengo
AMBIENTE NO NINHO:
Enquanto isso, no Ninho do Urubu, muitos funcionários não escondem a insatisfação no dia a dia. E por vários motivos. O que mais incomoda a muitos é a parte financeira, pois, na visão deles, não são valorizados da maneira que deveriam, ganham menos do que poderiam ganhar em clubes inferiores no cenário nacional (e até mesmo internacional) e não conseguem ter um projeto de carreira.
Internamente, há quem diga que só o fato de o colaborador já estar trabalhando no Flamengo tem que ser considerado como "algo muito bom".
Inclusive, o assunto virou pauta entre funcionários sobretudo após o jogo contra o Botafogo, quando souberam que o Alvinegro, além de estar pagando "bicho", ainda pagaram o dobro pela vitória sobre o Flamengo. Já no lado rubro-negro, a premiação foi cortada pela diretoria.
O clima no Ninho é tão ruim que há funcionários que já deixaram o clube e que brincam, em "resenhas" e encontros que acontecem eventualmente, que não desejam voltar a trabalhar no Flamengo.
POSTURA DE DIEGO RIBAS INCOMODA
Recentemente, Diego Ribas constrangeu um jornalista (esse que vos escreve) dentro da sala de imprensa do Ninho do Urubu, ao filmar o profissional e o chamá-lo de "meias verdades" quando se preparava para entrevistar Thiago Maia.
Na ocasião, Diego Ribas, que não gosta do jornalista, reclamou com Marcos Braz o fato de o profissional estar dentro do CT para entrevistar um jogador. E, inclusive, nas internas, o camisa 10 do Fla pegou no pé de Thiago Maia, brincando pelo fato de ele ter topado a entrevista. O volante respondeu que apenas cumpriu ordens da direção.
Outros funcionários consideraram a postura de Diego Ribas uma falta de respeito não só com o jornalista, mas também com a classe, porém entenderam nos bastidores que o caso evidenciou ainda mais a falta de comando da diretoria e o quanto alguns jogadores tentam controlar o dia a dia do clube.
Na Gávea, outros membros da atual gestão do Flamengo, entenderam que Diego Ribas passou dos limites e mostrou que consegue "mandar e desmandar" no CT, segundo relatos de dirigentes à reportagem do Jornal O Dia.
É nesse clima que o Flamengo se prepara para pegar o Goiás no sábado, às 16h30, no Maracanã, pela sétima rodada do Brasileirão. O Rubro-Negro terá a chance de iniciar uma melhora na competição, pois está na 16ª colocação e, só não terminou a sexta rodada na zona de rebaixamento, por ter saldo de gols melhor que o Juventude.
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