Publicado 18/08/2022 18:48 | Atualizado 18/08/2022 20:04
No último final de semana, o elenco Sub-12 do Flamengo fez sua estreia na Taça Rio da categoria contra o Campo Grande, fora de casa, pela Série Ouro, e venceu pelo placar de 2 a 0. Um dos destaques da partida e da equipe rubro-negra foi o meia Davi, camisa 10 goleador e habilidoso que, com apenas 12 anos de idade, já pode dizer que trilhou uma história de superação para chegar aonde está hoje.
Davi é natural de Ibicaraí, cidade no interior da Bahia com pouco mais de 20 mil habitantes. Ele começou a jogar futebol com os amigos quando tinha ainda quatro anos, mas aos cinco, no final de 2014, entrou para uma escolinha chamada Futuro Craque, local onde teve a chance de mostrar o seu potencial no esporte.
Quando tinha oito anos, seu pai, Fagner, o levou para realizar testes em uma bateria do Corinthians que abriu em uma cidade vizinha. Dos 84 meninos na disputa, apenas Davi e mais três foram aprovados. Em seguida, o garoto passou a ser monitorado pelo clube alvinegro, indo trimestralmente para São Paulo realizar uma semana de avaliações no time.
Entretanto, Davi e sua família tinham dificuldades para fazer as viagens para SP durante o período de monitoramento. O Corinthians não os ajudava com os gastos das passagens e Fagner tirava do próprio bolso o dinheiro para bancar as idas a São Paulo, todas de ônibus. Na cidade paulista, eles ficavam hospedados na casa da prima da esposa de Fagner, no Capão Redondo, e precisavam se deslocar diariamente para ir até o Parque São Jorge, no Tatuapé, atravessando 25 estações de metrô para ir e para voltar.
“Esse foi um dos momentos mais difíceis para o Davi nesse período. Era muito desgastante para a gente, e andar de metrô em São Paulo é só para quem sabe. Mas considero que isso foi um divisor de águas, porque foi quando ele mostrou realmente que tinha o objetivo de se tornar jogador profissional de futebol”, afirmou Fagner.No dia de seu último treino no Corinthians, Davi estava hospedado na casa de uma tia sua no Itaim Paulista, por ser uma região mais próxima do Tatuapé, mas passou mal no caminho e vomitou no metrô. Mesmo assim, participou das atividades, marcou dois gols e foi um dos destaques do dia. Contudo, o dinheiro de sua família acabou e o clube não conseguiu oferecer um contrato a ele por questões administrativas. Dessa forma, o menino teve que voltar para a Bahia em definitivo após um ano e quatro meses de monitoramento no Timão.
“Tive que trabalhar a cabeça do Davi nesse período. Disse que a gente tinha assinado e que o Corinthians iria ligar para que ele continuasse sendo monitorado. Eu sabia que não iriam ligar, mas eu não poderia falar isso para ele. Foi bem complicado, mas não me arrependo de nada do que fiz. A caminhada dele nunca foi fácil e eu sei que não vai ser, isso é só o início. Por isso agradeço a Deus todos os dias por ele estar onde está hoje e conseguir seguir com sua carreira”, destacou Fagner.
Pouto tempo depois, Davi teve a oportunidade de participar de um teste para o Flamengo realizado próximo a Ibicaraí. Ele jogou por apenas 10 minutos e conseguiu chamar a atenção, recebendo um convite para ser monitorado em Curitiba (PR) no Trieste, núcleo de captação e desenvolvimento do Rubro-Negro. Depois de três monitoramentos, o garoto foi chamado para morar na cidade paranaense.
Porém, a família de Davi não tinha condições financeiras para viver plenamente em Curitiba. Com isso, o menino e sua mãe, Geane, foram morar na região, enquanto Fagner ficou na Bahia a trabalho e visitava a esposa e o filho quando podia. Já na capital paranaense, Davi e Geane habitavam uma casa compartilhada, dormiam em um colchão no chão e eram auxiliados por uma igreja local.Após um ano e dois meses em Curitiba, Davi foi chamado pelo Flamengo em dezembro de 2020 para morar no Rio de Janeiro, onde está até hoje. Fagner também conseguiu se estabelecer no Rio e vive com o filho para continuar acompanhando de perto os passos do menino.
Davi chegou ao Flamengo integrando a categoria Sub-11, depois de ser o único aprovado entre os demais candidatos na última avaliação para entrar no clube. Atualmente no Sub-12, o garoto foi um dos destaques na disputa da Taça Guanabara deste ano, sendo o vice-artilheiro com 10 gols na campanha que resultou no título da equipe rubro-negra. Agora, o meia espera manter o embalo para ajudar o time a conquistar o troféu da Taça Rio.
“Estou muito animado porque sinto que consegui ajudar bastante a equipe na Taça Guanabara com os gols que fiz. Sempre que entro em campo eu penso em balançar as redes nas oportunidades que tiver e ajudar meus companheiros nas jogadas de ataque. Espero continuar contribuindo com a equipe no restante do Campeonato Carioca”, comentou Davi.
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