Publicado 22/11/2022 07:00
Rio - A presença de Lucas Paquetá e Vinícius Júnior na Copa do Mundo deste ano representa a confirmação de uma nova realidade na base do Flamengo. Principais revelações rubro-negras após o processo de reestruturação que mudou o patamar do clube e, consequentemente, de sua base, a dupla chega ao Catar para vestir a camisa da seleção brasileira como unanimidade e brigando por titularidade.
Desde muito novos, Paquetá e Vini eram tratados como verdadeiras joias. Não à toa, mais tarde se tornaram as maiores vendas da história do Flamengo. No entanto, foi necessário um processo para que o clube pudesse se desenvolver a ponto de se tornar um pilar importante na formação da dupla.
"Houve um entendimento lá atrás de que a base não é custo, é investimento. Quando cheguei, o orçamento do clube era uma coisa só no futebol. Conseguimos desmembrar esse orçamento e criamos um específico para a base. A partir daí, passamos a entender as dificuldades e o que a base necessitava mais para que pudéssemos desenvolver esses atletas. Começou na parte de alimentação, passou para estrutura física, parte de campos. Foi um processo de anos", contou ao DIA Carlos Noval, que era diretor da base na época e atualmente exerce o cargo de gerente de transição.
"Praticamos crescemos junto com o Flamengo em toda essa reestruturação. O Vini talvez tenha sido o único jogador de base na minha vida que vi e já tive a certeza de que era diferente. O Paquetá era um menino muito franzino. Tivemos que fazer um trabalho especial. A gente brincava que tinha que colocar ele na incubadora para maturar. O talento já nasce com eles, mas nos estruturamos muito para ajudar esses atletas. Os funcionários fizeram um grande trabalho na lapidação desses meninos. O Vinícius, quando saiu do Flamengo, ainda não estava preparado, mas estava com 80% da sua formação encaminhada", completou.
Técnico da dupla tanto na base quanto no profissional, Zé Ricardo encara o sucesso dos dois jogadores como resultado da soma de dois fatores: o talento de Paquetá e Vinícius e a estrutura que o Flamengo sempre os proporcionou.
"O Flamengo iniciou ainda na gestão da Patrícia Amorim um importante trabalho de maior valorização das suas categorias de base. Esse trabalho teve continuidade com o presidente Bandeira de Mello, que aumentou os investimentos nesse processo. Os frutos iriam certamente aparecer e Vinicius e Paquetá foram expoentes daquele momento. Dois casos, entre tantos outros, que o talento individual se somou a muito trabalho e sacrifício. Foi um prazer e uma satisfação fazer parte disso", disse o treinador ao DIA.
Para Zé, Paquetá e Vinícius chegam prontos para a Copa. Na opinião do treinador, o tempo que a dupla levou para deslanchar em seu começo na Europa é natural. O meia teve dificuldades quando deixou o Flamengo para jogar no Milan-ITA, enquanto o atacante demorou a engrenar no Real Madrid-ESP.
"Tempo de adaptação mais do que natural, principalmente em se tratando de dois grandes centros para os quais eles se transferiram. Espanha e Itália são duas escolas muito desenvolvidas e que iriam exigir muito deles. Eles saíram muito jovens e, principalmente o Vinicius, necessitou terminar o seu "período de formação". Superado esse tempo, fica evidente que o futebol deles está mais amadurecido, utilizando seus talentos para um jogo mais maduro e coletivo", afirmou.
Mais do que os R$ 364 milhões que renderam aos cofres do clube, Vinícius e Paquetá deram ao Flamengo um novo status quando o assunto é categorias de base. Naturalmente, os dois jogadores se colocaram como espelho para os próximos Garotos do Ninho.
"É uma satisfação para todos que trabalham na base. Motivo de orgulho para todos nós, que fizemos parte do processo de formação desses atletas. É fantástico olhar hoje e ver esses meninos representando a seleção brasileira e clubes da Europa. Com certeza são exemplos para vários outros meninos. Damos sempre como exemplo a humildade do Vini, que é um garoto fantástico, e do Paquetá também", relatou Noval.
O Brasil estreia na Copa do Mundo na próxima quinta-feira, às 16h, contra a Sérvia, no Estádio Lusail. O técnico Tite ainda não confirmou qual será o time titular, mas existe a expectativa de que Paquetá e Vinícius Júnior possam iniciar a partida.
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