Publicado 18/02/2022 00:00
"Das poucas palavras que ele consegue pronunciar é que a primeira cena, quando a água subiu rápido, foi a das crianças se afogando. Em seguida, as mulheres sendo arrastadas. Ele tentou de tudo, mas a correnteza era mais forte."
O relato é feito por Laíne Cristina da Silva Izidro, enteada do motorista de ônibus Moisés de Freitas Coelho, um dos sobreviventes de Petrópolis, que estava nas imagens impactantes dos dois ônibus sendo levados pela enxurrada.
Ela, distante, em São Gonçalo, acompanhou por telefone o drama da mãe, que por horas não teve notícias de Moisés.
"Ele e minha mãe moram em Itaipava há três anos. Fiquei desesperada, preocupada com os dois, ainda mais vendo as cenas."
Moisés contou para a esposa que bateu forte com a cabeça numa pedra. Em seguida, bateu com as costas e foi quando ele teve o instinto de se agarrar. Dali, ele não viu mais ninguém.
Esperou ajuda e o socorro de quem via as cenas de terror de longe. Moisés não consegue dormir, se recusa a ir ao hospital. Tem marcas pelo corpo, mas a maior ferida com certeza nunca vai se curar.
O motorista de ônibus experiente já estava acostumado a transportar crianças voltando da escola.
A enteada conta que Moisés é um misto de silêncio e ataques de choro. É algo que ele jamais vai esquecer!
Com a volta da chuva, ela ainda relata que qualquer barulho causa pânico nele.
Moisés é um desses sobreviventes marcados pela tragédia, mas é também um herói. Tentou de todas as formas, mesmo sem saber nadar, livrar crianças e mulheres da morte, ao contrário daqueles que poderiam sim terem evitado a tragédia, mas nada fizeram.
TÁ HIPÓCRITA!
A chuva ridícula de políticos cariocas, deputados, subindo a serra de botas, somente pra gerar conteúdo nas redes sociais é de embrulhar o estômago.
Começou a campanha! Esquerda, direita… Onde eles estavam todo esse tempo que não cobraram o poder público os investimentos necessários naquelas regiões?
Eles não fizeram e não vão fazer!
Meu amigo e colega Rafael Souza publicou um vídeo superinteressante e esclarecedor sobre como os políticos locais e duas dinastias dominam as áreas e se alimentam desses crescimentos desordenados nas ladeiras.
Ele cita o Morro da Oficina:
"Houve o incentivo público para esse crescimento desfavorável. Uma contribuição de nomes da política que ocupam funções técnicas por indicações. Qual é o político que nunca subiu aquele morro em carreata, abraçando as pessoas?", questiona Rafael.
Aquela lama toda não é só a força da natureza. Ela esconde também a ausência da política pública e de onde os currais eleitorais se perpetuam, diante da vida em risco e triste do pobre.
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