Rayssa Leal é esperança do Brasil por medalha no skate street em ParisOdd Andersen / AFP
Publicado 26/07/2024 08:00 | Atualizado 26/07/2024 13:38
Rio - O sucesso do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio inspirou uma geração e aumentou a expectativa do Brasil por uma medalha de ouro inédita na Olimpíada de Paris. Após conquistar três pratas no somatório das modalidades street e park na edição de estreia, a equipe brasileira chega forte e com o número máximo de competidores pela segunda vez consecutiva.
O Brasil terá seis representantes na modalidade street e o mesmo número no park, sendo três homens e três mulheres em cada. É o número máximo permitido para um país. Em entrevista ao DIA, Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk), ressaltou que o sucesso em Tóquio trouxe credibilidade e confiança para desenvolver o trabalho rumo a Paris.
"O grande resultado que tivemos em Tóquio, com as três medalhas, ajudou muito a fortalecer o alto rendimento e, ao mesmo tempo, acredito que isso que também beneficiou o Skateboarding como um todo. Os investimentos, a exposição e o interesse na modalidade aumentaram. Por exemplo, as pistas dos Centros de Treinamento que foram inaugurados no ano passado, em Santos e Curitiba, são um legado para toda a comunidade, incluindo projetos sociais e novos praticantes", disse.
Para Guto Jiménez, jornalista e instrutor de árbitros da CBSk, as mudanças no esporte começaram anos antes das medalhas conquistadas no Japão, no momento em que o esporte foi escolhido para entrar no programa olímpico.
"O impacto começou em 2016, quando o skate foi selecionado como modalidade olímpica. Era um esporte mais conhecido por pessoas que tinham interesse em esportes de ação, mas a entrada nas Olimpíadas trouxe um interesse a nível mundial. As grandes mudanças estruturais não surgiram em 2021, mas sim em 2016. O skate viveu 50 anos de adolescência, mas foi obrigado a amadurecer nos últimos anos. Os governos foram obrigados a dar uma estrutura, construindo mais espaços para o skate. Ampliou uma gama de profissionais envolvidos diretamente com o skate. A mudança foi muito mais estrutural", declarou ao DIA.
Em Paris, a principal esperança de medalha do Brasil é Rayssa Leal, atual número dois do mundo. Após conquistar a prata na Olimpíada de Tóquio, a brasileira foi bicampeã da Street League Skateboarding (SLS). Além dela, os outros dois medalhistas da edição anterior estarão na capital francesa: Kelvin Hoefler, no street, e Pedro Barros, no park.
"O Brasil sempre foi muito forte na cena do Skateboarding. Seja na rua ou no ambiente de competição. Já havíamos conquistado o limite máximo de vagas em Tóquio 2020 e conseguimos repetir esse feito para Paris 2024. As Olimpíadas certamente trouxeram uma grande exposição para a modalidade e para os nomes que protagonizam essa cena. Isso fez com que o Skateboarding rompesse os limites desse universo muito próprio da sua cultura e lifestyle e chegasse ao grande público", afirmou Musa.
Prata em Tóquio, Rayssa Leal quer buscar a medalha de ouro em Paris - Odd Andersen / AFP
Prata em Tóquio, Rayssa Leal quer buscar a medalha de ouro em ParisOdd Andersen / AFP
O Brasil chega a Paris com três campeões mundiais no skate street, como as bicampeãs Rayssa Leal e Pâmela Rosa, detentora dos últimos quatro títulos da Street League Skateboarding (SLS), além de Kevin Hoefler, campeão em 2015. No somatório das modalidades street e park, o país tem sete nomes entre os dez melhores do ranking, sendo quatro deles no park: Raicca Ventura (7º) no feminino e Augusto Akio (3º), Luigi Cini (5º) e Pedro Barros (6º).
"Existe uma expectativa muito grande por tudo que entregamos em Tóquio e por todo o sucesso da estreia da modalidade nas Olimpíadas. O nível técnico subiu muito ao longo desse ciclo para Paris. O público pode esperar um grande espetáculo. Com certeza vai ser bonito de ver. Os próprios skatistas falam isso, destacando que foi ainda mais difícil se classificar dessa vez. Nós também aperfeiçoamos nosso trabalho, mas temos essa percepção de que será ainda mais difícil conquistar medalhas em Paris do que já foi em Tóquio", finalizou o presidente da CBSk.

Embate entre gerações no street e park

Na França, o Brasil contará com uma mescla de gerações em sua equipe de skate. Durante os Jogos, a juventude de nomes como Rayssa Leal, Raicca Ventura, Augusto Akio e Luigi Cini, somada à experiência de Pedro Barros, Kelvin Hoefler e Pâmela Rosa, pode ser importante para o país. Nos Jogos deste ano, os veteranos também chegam com a possibilidade de brigar por medalhas.
"Os skatistas mais jovens estão dominando a cena, mas a gente não pode desconsiderar os mais velhos. Temos o Kelvin Hoefler, medalhista de prata em Tóquio e que está próximo dos 30 anos, mas é extremamente frio nas competições. Parece que nada o abala. No park, tem o Pedro Barros, que é a referência e sete vezes campeão mundial. Já está chegando nos 30 anos, mas é um cara surpreendente, que pode explorar a velocidade para alcançar aéreos com amplitude e altura que só ele consegue fazer", opinou Guto Jiménez.
Medalhista de prata no skate park em Tóquio, Pedro Barros competirá nas Olimpíadas de ParisAFP

Principais adversários

Apesar de ter um time forte no skate, o Brasil terá adversários duros pela frente nas Olimpíadas. Os japoneses, australianos e americanos são os que mais preocupam, tanto no masculino quanto no feminino.
"A australiana Chloe Covell é extremamente técnica e quase não erra, assim como as japonesas que são poderosas. O Japão desenvolveu um trabalho fabuloso, principalmente por ter sido sede (em 2021). Em apenas cinco anos, fez um trabalho muito melhor do que o Brasil em 25 anos. No masculino, o americano Nyjah Houston, que é o grande nome a ser batido no street. No Park, temos o australiano Keegan Palmer, que é de uma geração mais nova, assim como os brasileiros Augusto Akio e Luigi Cini", apostou o jornalista.

Agenda

As competições do skate na Olimpíada de Paris começarão no próximo sábado (27), a partir das 7h (de Brasília). As competições acontecerão no famoso La Concorde, no coração da capital francesa.
Arena La Concorde, onde será a disputa do skate, fica em um parque urbano no coração da capital francesaKirill Kudryavtsev / AFP

Masculino Street: 27 de julho (sábado)

7h - Fases preliminares – La Concorde 3
12h - Finais – La Concorde 3

Feminino Street: 28 de julho (domingo)

7h - Fases preliminares – La Concorde 3
12h - Finais – La Concorde 3

Feminino Park: 6 de agosto (terça-feira)

7h30 - Fases preliminares - La Concorde 4
12h30 - Finais - La Concorde 4

Masculino Park: 7 de agosto (quarta-feira)

7h30 - Fases preliminares - La Concorde 4
12h30 - Finais - La Concorde 4
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