Agentes da Polícia Federal fizeram uma operação em São João de Meriti para capturar investigados em suposto esquema de disseminar 'fake news' em campanhas eleitoraisFoto: Polícia Federal - Reprodução
Publicado 12/09/2024 20:35
Guapimirim – Quatro suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em criar ‘fake news’ contra políticos foram presos preventivamente na manhã desta quinta-feira (12), em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, durante a Operação Teatro Invisível, deflagrada pela Polícia Federal e cujas investigações contam com o apoio do Ministério Público Eleitoral. O bando tem atuado em pelo menos três eleições municipais – 2016, 2020 e 2024 – em 13 municípios fluminenses, incluindo Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
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Embora os nomes dos suspeitos não tenham sido divulgados pela corporação, os detidos são:
* Bernard Rodrigues Soares: presidente do diretório municipal do União Brasil em São João de Meriti. Também foi secretário Municipal de Comunicação e Eventos na atual gestão do prefeito de São João de Meriti, João Ferreira Neto (PL-RJ).
* Ricardo Henriques Patrício Barbosa: já ocupou cargo na Secretaria Municipal de Cultura de São João de Meriti e também já foi assessor parlamentar do então deputado estadual do Rio de Janeiro Sandro Matos.
* Roberto Pinto dos Santos: ex-secretário municipal de comunicação em Mangaratiba durante a gestão do então prefeito Evandro Capixaba. Em 2016, foi sentenciado a 16 anos de prisão por desvio de dinheiro, fraude em licitações e falsificação de documentos. Ele é de ao menos quatro empresas, entre elas gráfica, comunicação e realização de eventos localizadas em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital fluminense.
* André Luiz Chaves da Silva.
Além das prisões, os agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão. Com os suspeitos foram apreendidos R$ 188,3 mil em espécie, três carros de luxo blindados, aparelhos celulares, dispositivos eletrônicos e mídias de armazenamento, além de documentos. Cada um dos investigados teve R$ 1 milhão bloqueados em bens, conforme decisão do Juízo da 8ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, onde tramitam as investigações.
De acordo com o inquérito policial, o modus operandi da suposta organização criminosa era disseminar notícias falsas acerca de um candidato a prefeito. Os integrantes se misturavam a populares em aglomerações em pontos de ônibus, filas de banco, de mercado de padaria, por exemplo, e criavam boatos sobre determinados políticos, no intuito de que essas narrativas se espalhassem e induzissem os eleitores a mudar o voto. Com isso, o candidato contratante era beneficiado.
“Apurou-se que os atores contratados, propagadores das informações falsas recebiam R$ 2 mil por mês para exercer tal função, e que os coordenadores da empreitada criminosa recebiam dos líderes da organização a quantia mensal de R$ 5 mil, além de serem contratados pela própria Prefeitura Municipal. No ano eleitoral, quando o esquema entrava em vigor, os coordenadores eram exonerados de seus cargos e substituídos por ‘laranjas’ – possíveis funcionários fantasmas –, a fim de manter o ‘direito’ sobre eles”, explicou a Polícia Federal num trecho de nota divulgado.
Integrantes da suposta quadrilha tinham cargo em prefeituras, e quando precisavam ser exonerados para fazer campanha negativa contra adversários políticos, colocavam outras pessoas no lugar para continuarem recebendo os salários. Não se têm informações se os novos nomeados eram ‘fantasmas’ ou não.
Também não há informações, até a publicação desta reportagem, para quais políticos o bando prestava serviços. Ainda segundo as investigações, a suposta quadrilha atuava em pelo menos 13 cidades fluminenses: Araruama, Belford Roxo, Cabo Frio, Carapebus, Guapimirim, Itaguaí, Itatiaia, Mangaratiba, Miguel Pereira, Paracambi, Paraty, São João de Meriti e Saquarema.
Os suspeitos são investigados pelos delitos de organização criminosa, desvio de funcionários públicos para atuação no grupo criminoso, utilização de ‘laranjas’ para burlar incompatibilidades com o exercício da função pública, lavagem de dinheiro, assédio eleitoral com o constrangimento de servidores e difusão de notícias falsas.
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