Publicado 22/07/2022 15:07 | Atualizado 22/07/2022 15:32
Rio- Cerca de 500 moradores das comunidades da Muzema, Morro do Banco, Itanhangá, Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Oeste e Norte da cidade, ganharam ingressos para assistir ao espetáculo Cura, da coreógrafa Deborah Colker, nesta quinta-feira (21), que aconteceu no Teatro João Caetano, no Centro do Rio.
A iniciativa promovida pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, por meio da Funarj, significou para muitos a primeira oportunidade de não só prestigiar uma apresentação como pisar pela primeira vez em um teatro.
Esse é o caso do professor de jiu-jitsu Alexandre Santos Rocha, de 36 anos, morador da comunidade Pedra. Com ele, estavam mais 22 crianças e dois adultos. "O meu sonho era mostrar para as crianças o teatro. Eu também nunca tinha entrado em um na minha vida. Dou aula de jiu-jitsu na comunidade e minha vizinha sempre falou de teatro, mas para pagar ficaria difícil. A agente comunitária do Governo do Estado conseguiu os ingressos e nós viemos", explicou Alexandre, que não conseguia disfarçar a alegria.
A dona Lindinalva Pereira Costa também estava cheia de expectativas. Em 73 anos, a aposentada nunca teve a chance de assistir a um espetáculo. Na última quinta, na companhia de duas amigas, tudo mudou: "eu trabalhava, agora parei, faço ginástica e resolvi curtir um pouquinho. Uma produção dessas faz muito bem para nossa alma, a gente aprende muito, conhece coisas novas. Adorei", afirmou a senhora, sem tirar os olhos do palco.
O mesmo aconteceu com Mariela Liliana Sambrano Perales, de 42 anos. Moradora do Morro Branco, no Itanhangá, Mariela é médica e venezuelana. Veio para o Brasil em novembro do ano passado. Foi acompanhada da filha Cristal, de 17 anos, que as duas assistiram ao seu primeiro espetáculo no país. "Na Venezuela é muito caro assistir produções desse porte. A minha filha estava justamente me dizendo que é uma alegria. Ela disse: ‘mãe, primeira vez e grátis’", contou a médica, aos risos, e completou: "é uma oportunidade também para pessoas que não têm possibilidade de vir, é uma maneira de sair da sua rotina e arejar a mente".
A coreógrafa Deborah Colker fez a abertura do evento e destacou a importância de abrir as portas do teatro, oferecendo oportunidades a quem não tem acesso à cultura. Deborah pontuou também como o apreço por arte e cultura é algo que deve ser estimulado. "Eu acredito tanto na arte, na cultura e no poder transformador da dança. Então a gente tem que fazer isso, tem que abrir as portas, falar para as pessoas, se aproximar, escutar, ver o que as pessoas acham. A cultura, a arte é algo que a gente educa. A gente aprende a gostar de ler, estudar, ir ao teatro, aprende o que é bom e a ter olhar crítico. Para termos cidadãos e pessoas mais bacanas, a gente tem que fazer isso. Não conheço outra maneira se não abrir as portas e abrir, principalmente, o coração e a cabeça", defendeu a coreógrafa.
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