Inaugurado no ano de 2019, o Projeto Acalantar é um espaço destinado ao acolhimento de crianças vítimas de abuso sexual. Foto/ Banco de Imagens (Freepik)
Publicado 10/05/2023 20:12
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No próximo dia 18 de maio, data dedicada ao enfrentamento do abuso e à exploração sexual infantil, a Prefeitura de Itaguaí-RJ, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, em parceria com o Projeto Acalantar, vai promover ações de conscientização sobre este delicado e importante tema.
A principal ação acontece na Praça Vicente Cicarino, no Centro, das 9h às 13h. Serão divulgadas orientações sobre prevenção ao abuso sexual infantil, além de atividades culturais, como workshop e apresentação de breaking com o b-boy Pedrinho e a b-girl Manoella Aparecida, embaixadora do projeto Acalantar.
Inaugurado no ano de 2019, o Projeto Acalantar é um espaço destinado ao acolhimento de crianças vítimas de abuso sexual. O objetivo é humanizar o depoimento, evitando a revitimização decorrente de ações burocráticas nos lugares que deveriam ser de proteção.
“Desde a inauguração, já atendemos cerca de 300 crianças e adolescentes. A maioria abaixo dos 9 anos. Podemos dizer que esse número é apenas a ponta do iceberg. Muitas situações de violência sexual continuam camufladas", destaca a Dra. Maria Angélica Sanchez, assistente social do projeto.
“Cerca de 250 casos se confirmaram como queixa de abuso sexual. A maioria é de meninas, embora meninos também sofram. O abusador é sempre alguém muito próximo à criança: padrasto, pai e tio, respectivamente. A idade do abusador varia de 17 a 79 anos. Porém, a maior faixa se encontra entre 30 e 49", complementa.
Ainda de acordo com dados do Projeto Acalantar, o bairro de Itaguaí com mais incidência de casos de abuso infantil é o Chaperó, seguido de Brisamar. O projeto está sediado na coordenação de áreas programáticas da Secretaria de Saúde e se desenvolve em parceria com os equipamentos da Assistência Social, Conselho Tutelar, 50ª Delegacia de Polícia, Ministério Público e promotoria da investigação criminal de Itaguaí.
"Apesar de nosso objetivo precípuo ser a acolhida para a realização de uma escuta especializada, entendemos que a prevenção é uma das ações principais, visto que estas crianças demoram muito para contar sobre o abuso; na maioria das vezes, estão sob ameaças do abusador e até se sentem culpadas. Somente quando chegam à adolescência e entendem o que está acontecendo é que tomam coragem para falar sobre o assunto", alerta Dra. Maria Angélica.
O endereço do Projeto Acalantar é a rua Moisés Abraão, nº 132, no Centro de Itaguaí, ao lado do Conselho Tutelar. Seu funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Os contatos podem ser feitos através do e-mail projetoacalantar@gmail.com ou do telefone (21) 3782-9000 (ramal 2536).
“As nossas ações preventivas acontecem no sentido de poder informar a comunidade em geral sobre os sinais e sintomas de abuso. É necessário que professores estejam atentos ao comportamento da criança. Muitas pessoas pensam que se não houve a conjunção carnal, não houve o abuso sexual; mas, não é assim. Abuso sexual é qualquer ato sexual sem a permissão do outro. No caso de menores de 14 anos, até o fato de passar a mão nas partes íntimas, ainda que que ela esteja vestida, é considerado estupro de vulnerável", explicou a assistente social.
“Alguns comportamentos devem chamar a atenção: sempre que encontramos uma criança ou adolescente que começa a apresentar um comportamento sexual inadequado para idade, que não confia em adultos, que se nega a ficar com determinada pessoa, ou visitar a determinadas, que fogem de casa, que praticam brincadeiras sexuais agressivas, automutilação, ideação ou tentativa de suicídio, podemos suspeitar de abuso. E nesse caso, é sempre importante encaminhar a um profissional especializado que fará uma escutada adequada. Nunca devemos subestimar uma queixa de abuso. É muito importante acolher, ouvir e orientar", conclui Dra. Maria Angélica.
Nesta quarta-feira (10), alunos da disciplina Projeto de Vida, do CIEP Irmã Dulce, no bairro de Chaperó, foram capacitados para serem adolescentes multiplicadores das ações do Projeto Acalantar. Esta capacitação tem como objetivo congregar um grupo de jovens que possam falar com outros jovens sobre a importância do combate ao abuso e à exploração sexual infantil, informando sobre a existência do Acalantar, explicando que é um local de acolhida.
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