Publicado 14/11/2024 10:06
Macaé - A saga de Antônio Moçambique se tornou inspiração para o festival que celebra a cultura afro-brasileira. Artes visuais, literatura, música, teatro, gastronomia, palestras e oficinas estão na programação gratuita que relembra o legado do maior símbolo de resistência contra a escravidão em terras fluminenses: Carukango. O festival, que o homenageia, começa no espaço do Sindipetro, em Macaé, nesta terça-feira (19), às 19h30.
Ao todo serão quatro dias de evento. “Ter esse movimento de artes integradas com 100% da temática afro centrada e com a equipe majoritariamente negra, surge de um desejo de criar uma plataforma para que narrativas decoloniais sejam retratadas com protagonismo e para que o público alvo deste projeto sinta-se representado”, ressalta o idealizador e produtor Marcelo Fonseca.
Carukango foi uma figura emblemática na história do país e no interior do estado do Rio de Janeiro. Fundador de um quilombo no século XIX, ele cravou o nome nas cidades da região Norte Fluminense, sobretudo, na Princesinha do Atlântico, se rebelando contra as mazelas do período histórico escravocrata.
A ideia é descentralizar a economia criativa do eixo das capitais, fomentando os trabalhos da população local e favorecendo o intercâmbio cultural com artistas negros de outras regiões, contribuindo para a expansão e o fortalecimento do cenário cultural. “Queremos celebrar a diversidade das artes negras, dando visibilidade e reconhecimento às expressões culturais afro-brasileiras, rompendo estereótipos e o racismo estrutural a partir dessas produções”, afirmou Fonseca.
Foi em Macaé, que Carukango estabeleceu o próprio quilombo, mais precisamente, nas montanhas da Serra do Deitado, na região serrana, compreendendo também o município de Conceição de Macabu. Nele, ele travou grandes batalhas em prol da comunidade. Relembrar toda essa luta é valorizar o protagonismo negro de quem veio antes.
Para o produtor, eventos como esse fortalecem a representatividade. “Que pessoas como nós, se orgulhem do nosso povo e contém as próprias histórias. Como diz um provérbio africano, ‘enquanto os leões não contarem suas histórias, os contos sempre glorificarão seus caçadores’. E o festival vai nessa contramão. Queremos glorificar aquilo que é afro-brasileiro”, explica.
De acordo com Fonseca, essa integração entre diferentes linguagens artísticas por uma perspectiva decolonial. “Assim permitimos que a produção intelectual negra ganhe cada vez mais protagonismo na região, sem que essas narrativas estejam sempre no lugar comum que a sociedade espera, promovendo um espaço de pertencimento e de valorização para artistas e o grande público”, frisou.
Além disso, o idealizador acredita que o festival favorece uma memória macaense decolonizada. “Carukango é uma figura ainda pouco falada na própria cidade, mas que cooperou diretamente para pressionar o abolicionismo em Macaé e, consequentemente, no país, passando de temido líder quilombola a herói da resistência contra a escravidão. Queremos que cada vez mais pessoas possam conhecer a sua história e que o público perceba os vestígios coloniais que ainda estão no nosso cotidiano e instrumentalizar a partir de debates e oficinas, as formas de combater esse racismo estrutural”, concluiu.
PROGRAMAÇÃO:
Data: 19/11
Local: Sindipetro
18h30: Abertura da exposição: ‘Pelos caminhos de Yabá’ (artes visuais)
19h30: Menina Mojubá (teatro)
PublicidadeAo todo serão quatro dias de evento. “Ter esse movimento de artes integradas com 100% da temática afro centrada e com a equipe majoritariamente negra, surge de um desejo de criar uma plataforma para que narrativas decoloniais sejam retratadas com protagonismo e para que o público alvo deste projeto sinta-se representado”, ressalta o idealizador e produtor Marcelo Fonseca.
Carukango foi uma figura emblemática na história do país e no interior do estado do Rio de Janeiro. Fundador de um quilombo no século XIX, ele cravou o nome nas cidades da região Norte Fluminense, sobretudo, na Princesinha do Atlântico, se rebelando contra as mazelas do período histórico escravocrata.
A ideia é descentralizar a economia criativa do eixo das capitais, fomentando os trabalhos da população local e favorecendo o intercâmbio cultural com artistas negros de outras regiões, contribuindo para a expansão e o fortalecimento do cenário cultural. “Queremos celebrar a diversidade das artes negras, dando visibilidade e reconhecimento às expressões culturais afro-brasileiras, rompendo estereótipos e o racismo estrutural a partir dessas produções”, afirmou Fonseca.
Foi em Macaé, que Carukango estabeleceu o próprio quilombo, mais precisamente, nas montanhas da Serra do Deitado, na região serrana, compreendendo também o município de Conceição de Macabu. Nele, ele travou grandes batalhas em prol da comunidade. Relembrar toda essa luta é valorizar o protagonismo negro de quem veio antes.
Para o produtor, eventos como esse fortalecem a representatividade. “Que pessoas como nós, se orgulhem do nosso povo e contém as próprias histórias. Como diz um provérbio africano, ‘enquanto os leões não contarem suas histórias, os contos sempre glorificarão seus caçadores’. E o festival vai nessa contramão. Queremos glorificar aquilo que é afro-brasileiro”, explica.
De acordo com Fonseca, essa integração entre diferentes linguagens artísticas por uma perspectiva decolonial. “Assim permitimos que a produção intelectual negra ganhe cada vez mais protagonismo na região, sem que essas narrativas estejam sempre no lugar comum que a sociedade espera, promovendo um espaço de pertencimento e de valorização para artistas e o grande público”, frisou.
Além disso, o idealizador acredita que o festival favorece uma memória macaense decolonizada. “Carukango é uma figura ainda pouco falada na própria cidade, mas que cooperou diretamente para pressionar o abolicionismo em Macaé e, consequentemente, no país, passando de temido líder quilombola a herói da resistência contra a escravidão. Queremos que cada vez mais pessoas possam conhecer a sua história e que o público perceba os vestígios coloniais que ainda estão no nosso cotidiano e instrumentalizar a partir de debates e oficinas, as formas de combater esse racismo estrutural”, concluiu.
PROGRAMAÇÃO:
Data: 19/11
Local: Sindipetro
18h30: Abertura da exposição: ‘Pelos caminhos de Yabá’ (artes visuais)
19h30: Menina Mojubá (teatro)
Data: 21/11 (Online)
14h30 – 16h30: Oficina de Etnomatemática das Tranças Africanas – Profª Dra. Luane Bento
Data: 21/11
Local: Sindipetro
19h30: Raízes de Aruanda – Roda de Capoeira Contemporânea
20h30: Eu Negra – Cláudia Byspo (Macaé) (teatro)
21h30: Carukango – Nec Teatro
Data: 22/11
Local: Sindipetro
19h: Arqueologias do Futuro – RJ (teatro)
Andrea Martins – Macaé (show musical)
Feijoada (gastronomia) - Santo Alho (Hugo Dias)
Data: 23/11 (Presencial)
Local: CIEMH2
9h30 – 10h30: Palestra “De Temido Quilombola a Herói Negro: A Saga de Carukango" – Palestra da Pofª Dra. Professora Conceição Franco
10h40 – 12h40: Oficina de Acessibilidade Cultural – Dilma Negreiros
15h – 16h30: Oficina de Letramento Racial: Desconstruindo Conceitos e Práticas Racistas do Cotidiano – Yaisa Santos
17h – 19h30: Oficina de Dança – O Movimento das Yabás – com Tais Vieira, Francyane AvellareOganDudu
14h30 – 16h30: Oficina de Etnomatemática das Tranças Africanas – Profª Dra. Luane Bento
Data: 21/11
Local: Sindipetro
19h30: Raízes de Aruanda – Roda de Capoeira Contemporânea
20h30: Eu Negra – Cláudia Byspo (Macaé) (teatro)
21h30: Carukango – Nec Teatro
Data: 22/11
Local: Sindipetro
19h: Arqueologias do Futuro – RJ (teatro)
Andrea Martins – Macaé (show musical)
Feijoada (gastronomia) - Santo Alho (Hugo Dias)
Data: 23/11 (Presencial)
Local: CIEMH2
9h30 – 10h30: Palestra “De Temido Quilombola a Herói Negro: A Saga de Carukango" – Palestra da Pofª Dra. Professora Conceição Franco
10h40 – 12h40: Oficina de Acessibilidade Cultural – Dilma Negreiros
15h – 16h30: Oficina de Letramento Racial: Desconstruindo Conceitos e Práticas Racistas do Cotidiano – Yaisa Santos
17h – 19h30: Oficina de Dança – O Movimento das Yabás – com Tais Vieira, Francyane AvellareOganDudu
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