Casa de matriz africana de Magé apoia colecionamento do Museu NacionalDiogo Vasconcellos (MN/UFRJ)/Divulgação
Publicado 21/03/2024 21:52 | Atualizado 22/03/2024 12:11
Magé - Nesta quarta-feira, 20, foi realizado no Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ o evento para celebrar a parceria entre o Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional (SEE/MN) e a Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro para a formação de coleções junto às comunidades tradicionais de matriz africana. Na ocasião, foram doados objetos de Jair de Ogum, falecido em 2020 e conhecido no Brasil como o rei da umbanda. A doação foi feita por seu filho, Leonardo de Ogum, do Ilê da Oxum Apará (Itaguaí) e os objetos agora fazem parte do acervo etnográfico do Museu Nacional/UFRJ.
Casa de matriz africana de Magé apoia colecionamento do Museu Nacional - Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)/Divulgação
Casa de matriz africana de Magé apoia colecionamento do Museu NacionalDiogo Vasconcellos (MN/UFRJ)/Divulgação


Desde o incêndio de 2018, o SEE/MN vem dialogando com as comunidades de origem para refazer as coleções etnográficas, especialmente com as comunidades indígenas, quilombolas e de matriz africana. Segundo o curador do acervo etnográfico, o professor e antropólogo João Pacheco de Oliveira, a linha curatorial segue o compromisso científico, político e ético junto aos grupos ali representados.
“Os indígenas, mesmo antes do incêndio, já estavam no SEE qualificando as coleções e as formas de pensar sobre eles. De igual modo, comunidades quilombolas e de matriz africana vem atuando conosco e marcam a qualidade de nossos trabalhos. Nós não podemos enxergar o exercício da museologia sem que ele esteja acompanhado do compromisso social, de abertura a novos padrões culturais e epistêmicos, os quais devem marcar o conhecimento e as formas de atuação de uma instituição que se pretenda nacional. Nesse sentido, o apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Clima vem se juntar aos nossos esforços”, afirmou.
Pai Paulo José de Ogun do Asé Ògun Âláhòró Quilombo de Bongaba, em Magé, esteve representando as Casas de Matrizes Africana como pioneiro na articulação junto da Acquilerj e sua predidenta Bia Nunes. Foi ela que fez a articulação para as Comunidades Quilombolas nessa nova proposta do Museu Nacional, abrindo possibilidades de receber acervos do Legado Ancestral de outras casas de culto Tradicional de Matrizes Africana, como de Magé, representado pelos Quilombolas e as Casas de Matriz Africana no Resgate do Legado das casas tradicionais de Matriz Africana.

Além do Leonardo de Ogum, estiveram presentes a Superintendente de Saberes Tradicionais da UFRJ, Profa. Marcia Cabral, a vice-diretora do Museu Nacional, Andrea Costa, o Pai Paulo de Ogum, do Ilé Àse Ògún Àlákòró - Quilombo Quilombá (Magé), e o chefe de gabinete da secretaria de meio ambiente e clima, Filipe Lopes. O evento foi organizado pela equipe técnica do SEE/MN em meio à greve dos servidores técnicos federais por reajuste salarial.
Casa de matriz africana de Magé apoia colecionamento do Museu NacionalDiogo Vasconcellos (MN/UFRJ)/Divulgação
“Esta é para nós uma atividade essencial, que é trazer para o espaço museológico narrativas e conhecimentos de pessoas e grupos que não podem ficar à margem da história. Não estamos colecionando objetos. Estamos colecionando memórias”, afirmou a historiadora Dra. Michele Agostinho.

O evento teve o apoio da Supersaberes (FCC/UFRJ) e fez parte das comemorações do Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé e pelo Dia Internacional Contra a Discriminação Racial festejados no dia 21 de março.
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