Jovens de Magé ajudarão a reconstruir Plano Nacional de Juventude e Meio AmbienteRodrigo Campanário/Divulgação
Publicado 24/09/2024 16:09
Magé - Nações de todos os continentes estão em uma corrida contra o tempo para desenvolver soluções que detenham o agravamento da crise climática. No Brasil, os governantes esperam encontrar nas juventudes uma força vibrante e mobilizadora nessa missão. Com esse propósito, está sendo realizado, de maio a novembro de 2024, o Seminário Nacional de Juventude, Meio Ambiente e Justiça Climática. A iniciativa conta com a participação de jovens de Magé que foram selecionados para a Etapa Nacional, e ajudarão na reconstrução do Plano Nacional de Juventude e Meio Ambiente.

Os jovens integram os primeiros ecoclubes de Magé (Base Guanabara) do Projeto Do Mangue ao Mar — uma iniciativa da ONG Guardiões do Mar, em convênio com a Transpetro. O grupo Do Mangue ao Mar, formado para o Seminário, é composto por nove integrantes: três do Ecoclube Base Guanabara (Magé) e cinco da Base Costa Verde (Itaguaí), além da educadora ambiental Maria Beatriz Viana.

Para chegar à Etapa Nacional, onde representarão o bioma Mata Atlântica, por meio de um interlocutor, os jovens encararam diversas missões propostas pela organização do Seminário, desde a Etapa Territorial, iniciada em abril, passando pela Etapa Regional, em agosto.

Nas etapas Territorial e Regional, os jovens buscaram referências e discutiram sobre diversos temas ambientais, além de realizarem uma pesquisa de campo com moradores das localidades onde vivem com o objetivo de proporem soluções para os problemas encontrados.

“Nossas principais discussões foram sobre urbanização, atividade industrial, desmatamento, degradação, poluição dos recursos hídricos e atmosféricos, além de mudanças climáticas”, conta Caroline Candeia, de 17 anos.

Durante a investigação do território, os jovens encontraram diversos problemas como queima de resíduos, poluição hídrica e atmosférica, desmatamento, despejo incorreto de lixo e falta de esgoto sanitário. Esses dois últimos foram os mais frequentes, apontados pela maioria dos moradores, e, por isso, foram os escolhidos para a elaboração de uma proposta de solução, apresentada nas atividades do Seminário.

“Tivemos como base para solucionar os problemas as experiências que vivenciamos nos nossos territórios, então acredito que nada melhor que a visão da pessoa que habita aquela comunidade para a criação de planos de melhoria ambiental”, destaca Ana Luiza Duarte, 18 anos.
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“Esperamos que nossos bairros e nossas cidades sejam mais sustentáveis e que essas melhorias cheguem às próximas gerações”, completa Stella Gomes, de 18 anos.

O Seminário Nacional de Juventude, Meio Ambiente e Justiça Climática é um processo participativo, aberto à participação de grupos jovens de 15 a 29 anos de todo o país. Ele é parte da agenda do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, para o fortalecimento, estímulo e formação das juventudes, além da reconstrução do Plano Nacional de Juventude e Meio Ambiente, sob a ótica da Justiça Climática. A Etapa Nacional ocorrerá de 21 a 25 novembro de 2024, em Brasília.

Presente de aniversário

A notícia sobre a classificação do grupo de jovens para a Etapa Nacional do Seminário Nacional de Juventude, Meio Ambiente e Justiça Climática foi comemorada pela equipe como um grande presente de aniversário pelos dois anos de atuação do Projeto Do Mangue ao Mar.

"Desde a criação do primeiro coletivo jovem em 2001, a ONG Guardiões do Mar sempre priorizou o protagonismo da juventude. Já impactamos mais de 500 adolescentes ao longo dos anos, e os resultados são profundos e muitas vezes intangíveis, revelando-se apenas com o tempo. No projeto Do Mangue ao Mar, conseguimos ampliar nossa atuação para jovens de duas baías, e nosso objetivo é continuar expandindo. Mesmo que nem todos se tornem líderes comunitários, o interesse dos jovens pela melhora da sociobiodiversidade tem sido um motivador para mantermos essas ações em nosso planejamento estratégico. Mais de 80 jovens já passaram pela formação neste Projeto e esperamos que, em 2025, esse número chegue a 150", conta o presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador do Projeto Do Mangue ao Mar, Pedro Belga.

Ao longo de suas formações nos Ecoclubes, que começaram em outubro de 2023 e finalizam em setembro de 2024, os grupos de jovens, de 15 a 17 anos, exploraram diversas temáticas que tinham como objetivo promover o desenvolvimento pessoal, coletivo e socioambiental de seus integrantes e suas comunidades. Racismo ambiental, unidades de conservação e valorização da cultura oceânica e local foram alguns dos temas trabalhados.

O processo de aprendizado e atuação dos jovens estão alinhados com temáticas pertinentes às localidades onde residem e são cocriadas com eles, de acordo com suas vivências. Biodiversidade, combate ao lixo, soluções baseadas na natureza, preservação de recursos naturais e reconhecimento dos patrimônios culturais são alguns dos temas sugeridos por eles, que foram incluídas na formação.

Após a finalização da formação, neste mês de setembro, os jovens passarão a ser agentes ambientais e atuarão na aplicação de diagnóstico, palestras e outras atividades desenvolvidas pelo Projeto Do Mangue ao Mar e parceiros, além de aplicarem os conhecimentos adquiridos em prol de suas comunidades.

Como parte pela comemoração da formação e do aniversário do Projeto, os jovens participarão da atividade ‘Cultivando o Futuro: Encontro de Juventude Do Mangue ao Mar’, com mediação da coordenadora de Educação Ambiental do Projeto Do Mangue ao Mar, Andie Maral, no dia 27 de setembro, no AquaRio. A ação faz parte da série de rodas de conversa ‘AquaEduca – Saberes dos Povos do Mar, Juventudes e Comunidades Tradicionais’, que integra a programação da campanha ‘Manguezal: Berçário de Vida’, promovida pelo AquaRio.

O Projeto Do Mangue ao Mar une ambientalistas, lideranças e juventude de comunidades tradicionais (pescadores artesanais, caiçaras, catadores de caranguejo, indígenas e quilombolas) para fomentar o protagonismo dos povos do mar. Juntos, eles buscam soluções para os problemas socioambientais diagnosticados, incentivam o turismo de base comunitária com a valorização da cultura local, além de realizarem formações continuadas, atividades de educação ambiental crítica, pesquisas e eventos no entorno das Baías de Guanabara e Sepetiba.
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