Clóvis de Barros FilhoFoto: Clarildo Menezes
Publicado 07/11/2024 08:21
Maricá - A Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) recebeu nesta quarta-feira (06) o escritor e filósofo Clóvis de Barros Filho, em uma das tardes mais concorridas da nona edição do evento. Com capacidade para 400 pessoas, o auditório do espaço Papo Flim ficou lotado para ouvir o convidado, que também é professor universitário com mais de 30 obras publicadas. A palestra “A vida que vale a pena ser vivida”, sobre valores positivos da vida, teve como base em um de seus mais famosos livros, lançado em 2010.
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Ele começou falando sobre como a ideia de prazer é sabotada em praticamente todos os segmentos da sociedade, menos na filosofia. “Os prazeres do corpo são considerados fugazes, enquanto os do espírito são mais duradouros, mas na verdade tudo depende da qualidade das relações que a pessoa estabelece com o mundo”, afirmou Clóvis para, em seguida, falar sobre literatura e educação. No primeiro assunto, ele arrancou risadas da plateia ao citar outra de suas obras, chamada “Reinventar-se, uma impossibilidade”.
“O termo reinventar é o mais imbecil que o mundo do capital foi capaz de criar. Você não recria uma personalidade que já é estabelecida. É como morrer, o que só acontece uma vez. Grandes homens tiveram propostas para se reinventarem, como Jesus, Ghandi e Martin Luther King, e nenhum deles aceitou. A vida pode ser melhor quando você vive a sua vida e não a que te mandam viver”, disse o escritor.
Clóvis de Barros Filho defendeu que a escola pública deve ter a mesma qualidade que a escola privada por uma questão de justiça, e que a excelência de ensino deveria ser uma obsessão nacional, uma meta para toda a sociedade.
“Tem muita gente habituada ao mais ou menos, à nota 5. É uma sociedade que premia a mediocridade, e o hábito da excelência deve ser esculpido na escola. Precisamos de gente habituada com a nota 10. Se 84% dos estudantes está na rede pública de ensino, é inaceitável que sejam inferiores aos da rede privada. Eles fazem o Enem concorrendo com quem já viajou ao exterior, tem mais estrutura do que aquele jovem da rede pública. Por isso, eu considero o Enem uma farsa, uma indecência. A mudança passa por uma verdadeira revolução de caráter cultural e pedagógico”, avaliou.
Clóvis finalizou sua fala contando sobre o encontro inusitado que teve com o matemático americano John Forbes Nash, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994, durante uma visita dele ao Brasil no fim dos anos 1990. Depois do encerramento, o filósofo e professor deu autógrafos a diversos leitores.
Na saída, quem assistiu à palestra deixou a tenda em estado de êxtase, como a engenheira civil Ana Oliveira, de 38 anos, moradora de Araçatiba. “Eu ouço suas falas todos os dias pela manhã. Ele é um fôlego de vida para mim, uma força muito grande. Tenho uma luta grande como mãe solo de duas crianças e ouvi-lo é sempre um grande estímulo”, garantiu.
A diretora escolar Sandra Marina Fonseca, de 53 anos, também saiu encantada ao lado do filho, o também professor Uriel Fonseca, de 30 anos. “Foi mágico estar aqui hoje. Digo sempre que o Clóvis é uma mente milagrosa. Trouxe meu filho para apresentar algo novo a ele”, disse a mãe. “Foi uma das melhores palestras que vi na cidade”, destacou Uriel.
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